Capítulo 16: Tempestade

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Fazia duas semanas.

Duas semanas desde que ele esteve tão desmiolado. Ele repassou a última vez que a viu em sua cabeça em um loop interminável, como um disco preso no ritmo. Um ciclo doloroso e arrepiante que o levou à loucura.

Ele era um idiota.

E ela havia desaparecido. Shacklebolt havia dito que era a gripe do gato preto, e se não fosse pela chegada regular da extensa pesquisa que ela enviou enquanto estava fora, ele questionaria se ela ainda estava viva. Não parecia que Granger perderia tanto trabalho.

"Se você mexer no seu maldito terno mais uma vez, terá que me internar em um hospital psiquiátrico."

A cabeça de Draco se levantou quando suas mãos soltaram as abotoaduras que ele estava reajustando sem saber. Theo revirou os olhos para ele com tanta força que pensou que eles iriam saltar da órbita.

"Desculpe", ele murmurou.

Eles estavam no corredor de pedra do lado de fora da Sala Dez do Tribunal. Ele deveria apresentar o caso seu e de Granger para implementar novas leis que protegessem os dragões dos maus tratos aos bruxos. Exceto que ele não tinha ideia de como faria isso sozinho.

"Ela deveria estar aqui, Theo. Eles vão rir no momento em que eu passar por aquelas portas. Eles nunca vão me levar a sério. Granger é o rosto deste projeto, não eu. Meu trabalho era pesquisar, para lançar alguns contradições legais à sua maneira, não para convencê-los a ouvir-"

"É de Granger que estamos falando, cara", Theo interrompeu. "A bruxa salvaria os dragões se ela estivesse em seu leito de morte. Ela estará aqui, apenas dê a ela algum tempo."

Draco passou a mão nervosa pelos cabelos e encostou-se na parede fria de pedra, esperando que isso pudesse esfriá-lo.

"É simplesmente estranho", ele murmurou. "Ela não tinha nenhum dos sintomas da gripe do gato preto. Ela teria que contrair a doença durante a noite. O que você disse para ela no banheiro naquela noite, de novo?"

Theo ergueu as sobrancelhas de uma forma que indicava que estava ficando cansado de recontar seu encontro com Granger no banheiro feminino do pub. "Eu já te contei inúmeras vezes, Malfoy. Ela reclamou que estava com dor de cabeça e disse que estava indo para casa descansar. Isso era tudo."

Ele estava mentindo. Draco sabia disso. Ele sempre foi capaz de saber quando Theo estava mentindo.

Foi peculiar. Eles nunca guardaram segredos um do outro, desde que eram crianças.

Theo sabia coisas sobre Draco que seus próprios pais desconheciam.

O que diabos aconteceu naquele banheiro?

As portas que davam para o tribunal se abriram, revelando uma mulher magra, de olhos arregalados e vestes roxas. "Sr. Malfoy, eles estão prontos para você."

Draco engoliu em seco. "Posso solicitar um pouco mais de tempo? Minha parceira deve estar aqui a qualquer momento-"

"Estou aqui! Estou aqui!"

Era como se ele pudesse respirar novamente. Ele girou nos calcanhares para ver Granger correndo pelo corredor atrás dele, o cabelo selvagem preso em um rabo de cavalo apertado, arquivos e livros transbordando de seus braços. Ela parecia saudável, embora não um pouco sem fôlego.

"Peço desculpas se estou atrasada, eu estava-"

"Merlin, Granger. Achei que você me deixaria para salvar os dragões sozinho", Draco respirou aliviado.

Um pequeno sorriso cresceu em seu rosto. "Nunca. O que você me diz, Malfoy? Pronto para explodi-los?"

Ele podia sentir seu rosto se transformar em um sorriso genuíno enquanto estendia o braço, liderando o caminho. "Depois de você."

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