Capítulo 19: O Que Está Quebrado Não Pode Ser Concertado

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AVISO: est&pr&, abuso de drogas, pensamentos suicidas e sangue

Ela não sabia o que tinha acontecido. Parada no banheiro de sua casa, ela olhou fixamente para o espelho. Ela podia ver alguém olhando para ela, imitando suas ações, mas a mulher no reflexo não era ela.

Não poderia ser.

"Onde diabos você estava?"

"Sinto muito, Ron. Eu estava voltando. Eu só-"

Ela se encolheu com a voz dele em sua cabeça. Cada centímetro de seu corpo parecia estar em chamas. Ela queria rasgar sua pele e jogá-la fora, na esperança de que algo novo, algo limpo, voltasse a crescer em seu lugar.

"Com quem você estava?!"

"Ninguém, eu não estava com-"

"Não minta para mim, Hermione!"

Ela protegeu o banheiro, selou-se com feitiços silenciadores e usou sua varinha para ligar o chuveiro o mais quente possível. Ela queria que queimasse. Ela não se importava se doía.

Ela não conseguia nem fechar os olhos sem ver Ron. Seu olhar fervilhante, vidrado pelo álcool. Não conseguia ouvir nada além de seus gritos, cuspindo palavras encharcadas de veneno para ela quando ela aparatou do apartamento de Draco naquela manhã.

"Sua puta de merda. Você acha que pode correr atrás de mim?!"

"Eu não corri de você, eu juro-"

Ela não queria contar a Draco. Ela não queria adormecer. Não queria passar a noite.

Ela não conseguia respirar. Sua pele formigou com a lembrança do toque violento de Ron, e ela só queria que aquilo parasse. No pescoço, na barriga, nos pulsos, nas coxas. Ela faria qualquer coisa para parar.

"Diga-me, Hermione, ele tocou em você assim?"

Ela pegou a esponja e a afogou no sabonete, esfregando o corpo repetidas vezes até que a pele ficou vermelha de irritação. Mas ela ainda podia senti-lo.

"Você realmente acha que encontrará alguém melhor que eu?"

Ela apertou as mãos em punhos trêmulos, fazendo com que as unhas cortassem as palmas das mãos, enviando correntes quentes de sangue pelos braços. Ela observou-o se misturar com a água, tornando-o rosa enquanto escorria pelo ralo. Ela afundou no chão do chuveiro, tremendo enquanto abraçava os joelhos contra o peito.

"Se você vai ser uma vagabunda, então aceite isso como uma."

"Pare com isso", ela sussurrou para si mesma, implorando para que sua mente esquecesse. Ela faria qualquer coisa para esquecer.

Ela tentou se concentrar o suficiente para desenvolver sua Oclumência, mas não funcionou. Cada parede quebrado sob o peso dele. Cada memória escorregou pelas rachaduras até que tudo tornou-se muito real. Demais.

"Você vai pensar duas vezes na próxima vez que tentar me atacar."

"Não", ela cuspiu enquanto se levantava lentamente, desligando a água e saindo, pingando inconscientemente no chão de ladrilhos. Não importava. Ela não se importou.

"... Sua vadia estúpida..."

"Pare com isso", ela murmurou com os dentes cerrados, agarrando a bacia da pia com força, fazendo os nós dos dedos doerem.

"... Você é nada..."

"PARE!", ela gritou para o espelho cheio de neblina, quando um ataque descontrolado de magia sem varinha o quebrou, rasgando-o em formas estranhamente belas que distorceram sua imagem.

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