Capítulo 3: Gritos Silenciosos

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AVISO: abuso doméstico verbal e físico, menções de abuso de drogas e álcool

O choque inicial passou, deixando em seu lugar um milhão de perguntas que arranhavam o crânio de Hermione.

Malfoy estava sendo sincero? Sua visão sobre os nascidos trouxas realmente mudou? Ela poderia confiar nele os projetos nos quais vinha trabalhando há tanto tempo? O que trabalhar com Malfoy significava para ela?

Draco Malfoy era seu colega de trabalho. Seu parceiro. Eles compartilhavam um escritório, pelo amor de Merlin.

Ela nem sabia por onde começar a desvendar seus pensamentos. Ainda não tinha certeza se ela estava totalmente compreendeu o dia que ela estava tendo. Ela poderia dizer honestamente que ele foi o último bruxo que ela esperava ver naquela manhã, embora agora ela entendesse por que Kingsley havia negado o nome de seu novo parceiro.

Mas o que mais a confundiu foi o quão decente ele estava. À medida que eles discutiam seus próximos projetos, ela achou incrivelmente fácil trabalhar juntos, quase fácil demais, como adquirir um velho hábito. Como se o passado tivesse desaparecido, dando lugar a algo novo. Algo quase... Agradável.

E ele se desculpou. 'Sinto muito' eram palavras que ela certamente nunca pensou que o ouviria dizer, muito menos que ele fosse genuinamente cruel.

Mas ele as dissera. Tão fácil quanto comentar sobre o maldito tempo. Ela podia ver a sinceridade em seu rosto, ouvi-la em sua voz. Foi realmente uma decisão simples perdoá-lo.

Afinal, ela sabia por experiência própria que nem tudo saia como esperado.

Ela teve dificuldade em saber o que dizer a Ron sobre sua nova situação de trabalho. Até hoje, ele desprezava Malfoy. Ele foi até contra a decisão dela e de Harry de defendê-lo durante seu julgamento após a guerra.

"O furão imundo merece o que vem para ele", ela se lembrou dele dizendo.

Ela sabia que contar a ele só iria aborrecê-lo e, em seu estado frágil, ela queria evitar acrescentar mais fatores estressantes à vida dele. Então ela ignorou a culpa que corroía seu estômago, decidindo que não era realmente necessário que Ron soubesse tudo sobre sua vida profissional.

"Granger, você vem?"

Sua cabeça se ergueu para encontrar os olhos de Malfoy, seus suaves e derretidos olhos cinza, tão diferentes do olhar frio e penetrante que ela costumava conhecer — tirando-a de seus pensamentos, enquanto ele estava na porta de seu escritório.

"Hm? Ah, certo. Vá em frente, acho que vou terminar este último rascunho e depois irei embora", ela murmurou, ocupando-se com as pilhas de pergaminhos à sua frente.

"Ainda indo além do esperado, pelo que vejo", Malfoy balançou a cabeça com um sorriso malicioso. "Vejo você amanhã, Granger."

Ela observou enquanto ele saía, perguntando-se quando o mundo ficou tão ao contrário.

•••

Quando ela saiu do escritório naquele dia, ela não percebeu que estava chovendo. Ela decidiu levar o longo caminho para casa, caminhando pela Londres trouxa até o ponto de aparatação do outro lado do centro da cidade.

O clima sombrio na cidade era encantador. Ela adorava a chuva. Ela lavava todos os pecados das ruas de distância, mesmo que por pouco tempo. Ela achava isso lindo. A maneira como a terra via tanta dor e ainda assim, mesmo quando o sol inevitavelmente aparecia novamente, sugando a água avidamente de volta ao céu, as ruas ainda estariam lá. Limpas e prontas para testemunhar novamente os pecados do mundo.

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