AVISO: sangue, ferimento, abuso verbal, manipulação
Tudo em seu corpo doía.
Hermione se mexeu dolorosamente onde estava deitada, acordando do que parecia ser um século de sono. Suas pálpebras grudadas uma na outra por causa das lágrimas agora secas. Ela piscou para afastar o borrão, lembrando-se do que havia acontecido com ela no momento em que a dor de apertar os dentes em seu braço a encontrou novamente.
Esticada. Porra.
Os cortes em seu braço esquerdo foram envoltos com o que ela presumiu ser um pano encharcado de Dittany. Sangue — muito encharcada de sangue — através das bandagens improvisadas, derramando-se na cama abaixo dela.
Há quanto tempo ela estava dormindo?
Ela tentou se sentar, mas cada movimento de seu braço parecia estar sendo arrancado de seu corpo. Ela respirou fundo, exalando pelo nariz. O resto do seu corpo estava rígido devido à sua imobilidade.
Olhando em volta, ela percebeu que não estava no hospital St. Mungus. Porém, ela não tinha certeza por que pensou que ele a levaria até lá. Mas ela reconheceu este lugar. Sabia muito bem da guerra.
Era o Chalé das Conchas.
Ela podia ouvir as ondas distantes do oceano quebrando do lado de fora da janela. Ouvia os pássaros cantando em harmonia com cada rugido da água.
Grunhindo de dor, ela tirou os pés da cama, sentando-se ereta, a cabeça girando. Garrafas de poções vazias estavam espalhadas pelo chão, junto com uma pilha de lençóis usados e encharcados.
Gui e Fleur deixaram o antigo esconderijo da Ordem abandonado quando se mudaram para a França para ficarem mais perto da família de Fleur. Ninguém mais na família queria se apropriar dela. Eles disseram que a guerra o havia contaminado. Ela mesma ficou neste quarto depois daquele dia horrível na Mansão Malfoy, tantos anos atrás.
Malfoy. Draco. E Theo, porra, ele estava bem?
Mantendo o braço machucado perto do peito, ela conseguiu mancar até a janela. Seus músculos estavam frágeis, mas quando ela tentou abrir a fechadura, descobriu que estava selada magicamente.
Começando a entrar em pânico, ela se virou para a porta. Mesmo quando ela alcançou desesperadamente a maçaneta, ela sabia que estaria coberta de proteções. Podia sentir a magia densa no ar. Sua respiração se aprofundou. Ela estava trancada.
"Porra", ela sussurrou para si mesma, passando uma mão pelos cabelos.
Magia sem varinha estava fora de questão. Ela estava fraca demais para administrar esse tipo de concentração.
Ela precisava se recompor. Precisava encontrar sua varinha e-
A maçaneta balançou, abrindo-se para revelar um Ron de aparência esfarrapada. Ela se afastou dele por instinto, odiando aquela parte de si mesma que sempre o temeria. Ele carregava uma bandeja com suprimentos. Poções e mais embrulhos.
Então, foi ele quem tentou curá-la.
Seus olhos se voltaram para os dela. Sua pele estava pálida, com anéis roxos profundos ao redor dos olhos fundos. Como se ele não dormisse há dias. Ou tomasse banho, aliás. Seu cabelo grudado na testa em uma bagunça emaranhada.
"Graças a Merlin", ele respirou, olhando para onde ela estava. "Caramba, você me assustou."
Ele se aproximou dela, com a mão estendida. Ela recuou, lembrando-se da última conversa deles.
"Discutiremos isso em casa, longe de olhares indiscretos."
"Não me toque", ela exigiu, a voz embargada pela falta de uso.
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Come Find Me | Dramione - Português
FanfictionSeis anos depois da guerra, Hermione tem a imagem de uma vida perfeita. Ela é casada com um marido amoroso, tem o emprego no Ministério que sempre quis e amigos que são leais até o fim. Então, por que ela tem que usar glamour para afastar os hematom...