Draco caminhou por todo o escritório, passando as mãos nervosas pelos cabelos e rezando para todos os deuses sobre os quais ele já tinha lido para que Granger aparecesse para trabalhar.
A porta se abriu, revelando o barulho de seus saltos e o balanço indomável de seus cachos.
Ele fez tudo o que pôde para não pegá-la nos braços e fugir com ela no momento em que ela entrou. Ele agarrou as costas da cadeira para mantê-lo no lugar, deixando pequenos rasgos no tecido. Seus olhos percorreram o corpo dela, procurando por qualquer sinal evidente de que ela havia se machucado. Ele ficou enjoado ao pensar nas mãos daquele ruivo vil sobre ela.
Se ela estava machucada, ela escondeu bem. Ela se atrapalhou com o café e a bolsa, como fazia todas as manhãs anteriores. Como se nada tivesse mudado.
"Granger", ele lutou para chamá-la, colocando toda a sua energia no lugar.
"Bom dia, Malfoy." Ela sorriu para ele antes de tomar um gole de café e folhear pilhas de pergaminhos.
"Você está-?", ele parou, com medo de saber a resposta. Com medo do que ele poderia fazer se ela se machucasse. "Você está bem?"
"Claro. Por que não estaria?"
Ela nunca olhou para cima para encontrar seus olhos. Ela estava mentindo.
"Não", ele balançou a cabeça, abandonando toda sensação de distância e parando na frente de sua mesa. "Claro que não, não vamos fingir que isso nunca aconteceu."
Seu rosto endureceu antes que ela olhasse para ele através dos cílios, a voz ensurdecedoramente baixa. "Isso é exatamente o que vamos fazer."
Ele não podia acreditar que ela esperava que ele ficasse sentado ali e não fizesse nada enquanto ela estava em perigo. Ele nunca poderia deixar de ver o que viu apenas algumas noites atrás, flagrante e chocante na sua frente. "Eu vi o que vi. Você precisa contar a alguém, você precisa-"
"Apenas esqueça isso, Malfoy, por favor", ela o interrompeu, olhos fundos e penetrantes. Suplicando.
Ele engoliu em seco, indo contra todos os instintos que gritava para ele apenas abraçá-la. Para nunca mais deixá-la fora de sua vista. "Não posso. Não vou ficar sentado enquanto-"
"Eu me viro sozinha."
"Eu acredito nisso. Eu só queria que você acreditasse."
Ela se levantou de trás de sua mesa, batendo o livro que estava folheando sem pensar e olhando para ele. "E o que isso quer dizer?"
"Eu ouvi o que você disse. Você disse que a culpa foi sua, mas não vejo explicação para o abuso de qualquer tipo. Por que você ainda está com ele?"
"Ele é meu marido e eu o amo."
Sua resposta foi forçada. Mecânica, como se ela o recitasse há anos. Mas ele viu através disso. Viu a dor em seu rosto, cada músculo se esforçando para manter a fachada que ela havia construído com tanto cuidado. Vi a distância em seus olhos enquanto ela ocultava cada emoção que não queria que ele visse.
"O amor não é tão cego, Hermione, e não deveria doer tanto. Por favor... Apenas abra os olhos e reconheça o que é. Deixe-o."
Suas narinas começaram a dilatar e sua mandíbula se contraiu. "Ele estava bêbado. Eu sabia que não deveria provocá-lo."
"Isso é uma merda, e você sabe disso!" Ele ergueu as mãos, desejando poder acordá-la, fazê-la ver que não merecia isso.
"Você não tem direito, Malfoy!", ela gritou, lágrimas de raiva se formando nos cantos dos olhos. "Não é da sua conta."
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Come Find Me | Dramione - Português
FanfictionSeis anos depois da guerra, Hermione tem a imagem de uma vida perfeita. Ela é casada com um marido amoroso, tem o emprego no Ministério que sempre quis e amigos que são leais até o fim. Então, por que ela tem que usar glamour para afastar os hematom...