• Capítulo Um •

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"A friend to all is a friend to none"

"Um amigo de todos é um amigo de ninguém."

Cardigan - Taylor Swift

🎭⚰️👠


HAYLEY WALSH

Na família Walsh, nós mulheres aprendemos desde sempre a nunca. Jamais. Abaixar a cabeça diante de um homem. Ainda mais se ele te tratar feito lixo.

Quem foi que disse que ser mulher é frágil?

Eu não sei quem exatamente disse isso, mas aposto que foi um homem.

Aproximadamente cem anos atrás, Lily Walsh, minha tataravó fundou a Wallsh's, já naquela época enquanto muitos duvidavam do que ela era capaz de fazer, Lily enchia seus bolsos de dinheiro e transformava nossa linhagem em uma das mais poderosas do país e ao contrário das famílias convencionais, a única tarefa exigida por ela era que todos os herdeiros das ações da empresa sejam mulheres. Não se engane, pois não é um mundo cor de rosa. Nós costumamos ser bem agressivas. No entanto, minha falecida tia resolveu mudar o rumo dessa história.

Ela não teve filhas. Nenhuma herdeira.

Sempre muito conservadora, tia Bonnie, faleceu devido a um infarto. Ela realmente infartou enquanto estava dentro de sua própria piscina, e assim acabou também se afogando.

Seus 25% ainda não tem dono. Ou melhor, tem, ela deve ter escrito em seu testamento que será lido logo depois do velório, já que segundo minha mãe, isso é muito importante, tanto que não podemos esperar.

── Filha? Sorria. As pessoas estão tirando fotos nossas. ── ela segura meu braço enquanto eu a encaro, incrédula por seu pedido.

Seu cabelo tão castanho quanto o meu está preso em uma longa trança hoje. Fico surpresa por ela estar vestindo preto, ela nunca foi muito fã dessa cor, mesmo em situações como essa.

── Estamos num velório, mãe. Não há motivos para sorrir.

Nunca fui muito próxima de tia Bonnie. Mas sei que ela odiaria me ver chorar tanto quanto minha prima Lídia. Ela está fazendo um show e tanto, todos aqui presentes sabem o quanto elas se detestavam.

Andamos até estarmos na frente do caixão. É aberto, então dá pra ver seu belo rosto, seu nariz milimetricamente perfeito e até mesmo suas sobrancelhas perfeitamente alinhadas. Seu tom de pele está um pouco mais claro do que o que costumava ser, mas seus brincos perolados estão em ambas suas orelhas. Assim como seu colar. Ela está vestindo um vestido preto de bolinhas brancas, em seus pés estão o par de suas sapatilhas favoritas. Não sei sequer classificar isso, como alguém pode estar tão bem vestido até mesmo na morte?

── Aterrorizante, não é? ── uma voz profunda diz quase no meu ouvido. Quase como um sussurro.

Meus olhos vão para a pessoa que disse isso logo depois que percebo que ninguém mais o ouviu. Minha mãe e tia estão ocupadas demais escolhendo os melhores ângulos para fotos. E eu nem sei onde meu pai está.

O dono da voz é um homem desconhecido. Seu olhos tão azuis quanto o oceano mais profundo me leva a acreditar que já o vi antes. Mas não me lembro ao certo de onde. Ainda assim vejo que ele não parece ter dormido muito, seus olhos parecem duas poças de solidão com um toque de tristeza. Ele parece perdido, como se procurasse um lugar pra se encaixar. Assim como eu estou fazendo, ele também está me encarando, seus olhos se estreitam e suas mãos vão para os bolsos de seu terno preto. Seu cabelo, que talvez seja ondulado, é difícil saber devido ao pouquíssimo comprimento, estaria perfeitamente alinhado se não fosse por um único fio rebelde.

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