Quando o policial vem abrir a cela, estou com frio, fome e, sobretudo, muita raiva.
Nunca achei que seria preso algum dia, muito menos que a poderosa Jisoo Ogawa permitiria algo assim. Geralmente, ela evita qualquer tipo de escândalo que possa colocá-la sob os holofotes da imprensa com fome de destruição.
Assim que chego à recepção, paro de andar, porque ao lado da minha mãe está ninguém menos que o desgraçado responsável por me colocar aqui dentro.
Meu primeiro instinto é querer pular sobre o balcão e estrangulá-lo na frente de todos. Contudo, isso provavelmente só faria com que eu voltasse para aquela cela imunda. Então, com muito esforço, me contenho. Foco os olhos em minha mãe, que não está nada contente.
Por instinto, começo a mexer na manga do quimono. Não gosto que fique brava comigo, até porque ela é tudo que tenho. Sempre estou em busca de aprovação, mas parece que nunca é o suficiente, e sinto que agora nunca vai ser. Se não conseguir provar que sou inocente, é capaz que perca todas as esperanças em mim.
— O senhor Diamond não vai prestar queixa e você vai ter uma oportunidade de se redimir em breve — é tudo que ela diz, deixando claro em sua expressão que, qualquer que seja o castigo que ela tenha para mim, não vou poder escapar.
Sinto vontade de chorar, mas isso só me faria parecer mais patético ainda. Engulo o nó que se forma na garganta e ergo o queixo trêmulo, passando por Taehyung e minha mãe. Saio da delegacia assim que me liberam oficialmente.
Não sei que horas são, mas o céu está negro feito um bréu e as ruas desertas. A Limousine habitual nos espera no meio-fio. Nem consigo cumprimentar o senhor Hayashi quando entro no automóvel. Jisoo entra depois e Taehyung permanece lá fora, com as mãos enfiadas no bolso, me lançando um olhar insignificante.
Me pergunto como ele consegue agir de forma tão fria após ter me colocado atrás das grades e ter quebrado uma parte da confiança da minha mãe em relação a mim.
— Não fale nada. — Jisoo Ogawa me corta assim que faço menção de abrir a boca e o carro começa a se mover.
— Isso não é justo! — Ela me ignora.
— Você vai se redimir com o sr. Diamond. É uma surpresa que ele não tenha levado isso adiante e nem desfeito nossa parceria. Você vai estagiar duzentas horas para ele em sua nova sede aqui em Tóquio, em gratidão à sua generosidade.
Meu queixo cai.
— Não vou estagiar porcaria nenhuma. Esse cara é um babaca sem sentimentos. Ele armou tudo isso. Você tem que acreditar em mim. Por favor.
— Chega, Jungkook! — Minha mãe estoura, fazendo-me encolher contra o estofado da Limousine. — Essa conversa acabou. Você vai honrar nossa família e se redimir com o sr. Diamond. Não há negociação quanto a isso.
Pelo resto do trajeto, fico em silêncio, com um nó na garganta.
🐈⬛🥊🐈
Antes de alcançar Yoongi, vejo o topo dos seus cabelos castanhos claros a alguns metros de distância. Ele está sentada na mesa habitual, perto da janela de nossa cafeteria preferida no centro de Tóquio. Ele é muito bonito, seu cabelo está cortado acima do ombro e seus olhos são mais puxados que os meus. Yoongi veio morar no Japão no início da adolescência, mas seu sotaque e palavrões o entregam a origem coreana.
Assim que desabo na cadeira em sua frente, ele me lança um olhar penetrante, como se visse dentro da minha alma. Talvez ele realmente tenha esse tipo de poder, porque sempre sabe quando estou lidando com dias ruins.
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ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE
FanfictionEnemies to lovers entre um empresário e um encrenqueiro apaixonado por artes. TaeTop.