Estou trinta minutos atrasado, algo que nunca acontece, devido uma falha no motor do carro. Solicitar um segundo veículo demorou mais que o habitual, o que me deixa impaciente. Não costumo chegar depois dos meus funcionários na empresa. Assim que eles iniciam o expediente, já estou lá. Levo a sério a pontualidade, afinal, o tempo é algo que não se pode comprar ou produzir.
Ao chegar no escritório, avisto Jungkook. Ele toma um susto quando abro a porta, pois está tentando destrancar uma das minhas gavetas. O rosto dele é tomado por um rubor vermelho irritante, que demonstra suas emoções de forma tão clara como se fosse um livro aberto.
Não sei por qual motivo, mas reparo nele por alguns momentos. Está vestindo uma camiseta de linho branco e uma calça social preta. O cabelo penteado para trás é algo usual. Esta manhã, no entanto, suas orelhas exibem brincos. Sou observador. Reparo que sua postura está tensa e ele finge que não estava fazendo nada demais, como se enfiar o nariz nas coisas de seu próprio chefe não fosse relevante.
Maldito seja esse garoto, sempre em busca de provas contra mim. Sinto vontade de mandá-lo embora, mas permaneço em silêncio enquanto caminho até estar parado em sua frente.
— Não te proibi de entrar quando eu não estivesse? Inclusive, como entrou?
— Eu não sabia que você não estava antes de entrar e, em minha defesa, estavam fazendo manutenção do sistema elétrico. A porta estava aberta.
É claro. A maldita manutenção que solicitei. Mas não gosto que Jungkook tenha conseguido entrar aqui. Alguém terá que responder por isso.
— Bom, você acaba de demitir alguém — digo, enquanto me sento na minha poltrona.
— Eu? — ele balbucia. — Por quê?
— Porque você entrou aqui. Alguém autorizou sua entrada enquanto eu não estava, e você permaneceu. Isso é uma falha na segurança. Não posso permitir que algo assim aconteça.
Jungkook comprime os lábios, me olhando com as pálpebras com dobras epicânticas semicerradas.
— Você não acha que está exagerando? Eu mostrei meu crachá de identificação. — Ele sinaliza para o peito, onde está grudado.
— Não foi falha na segurança. Eles sabiam que eu trabalho aqui.
— Então está dizendo que não estava tentando bisbilhotar minha gaveta antes de eu chegar? Que eu não devia punir alguém por isso?
— Passo a caneta prateada que fica na minha mesa entre os dedos.
— Eu não estava...
— Estava — o interrompo. — Então, você vai escolher. Vou demitir alguém, ou você vai assumir e ser responsável pelos seus próprios erros. E terei uma conversa com a sr. Ogawa.
Quando cito sua mãe, que definitivamente é seu calcanhar de aquiles, Jungkook murcha. Vejo a dúvida nos seus olhos. Ele está em um conflito entre demitir alguém e ser punido pelo o que fez.
— Tudo bem. Vai em frente, ligue para Jisoo, marque uma reunião, faça o que você sabe fazer de melhor, que é ser um baita ranzinza!
— Eu não precisaria fazer isso se você parasse de agir feito um pirralho.
— Eu não precisaria ser um se você não tivesse me colocado na prisão.
Sei que Jungkook nunca vai me perdoar por isso, mas não me importo. Ele já tentou me sabotar várias vezes. Jogou café em mim, colocou pimenta na minha comida e até tentou invadir meu escritório. Duas vezes. Geralmente, não sou paciente com esse tipo de coisa.
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ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE
FanfictionEnemies to lovers entre um empresário e um encrenqueiro apaixonado por artes. TaeTop.