Capítulo 15 🐈‍⬛🐕 Jungkook Ogawa

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— Você terminou com Jae? — é a primeira coisa que minha mãe me pergunta quando me junto a ela na mesa, para o café da manhã.

Enfio um pedaço de pão na boca, só para ganhar tempo de elaborar uma resposta. Não adianta muito, porque não consigo pensar em nada. Limpo a garganta, escolhendo as palavras com cuidado.

— É, nós terminamos, em consenso — minto.

Jaehyun não tomou nenhuma iniciativa para nossa relação chegar ao fim, mas não é como se tivesse se esforçado para salvá-la. Suas atitudes contribuíram para o desfecho. Talvez se ele fosse um pouco mais compreensivo...

— E isso não irá influenciar em nada na faculdade, certo?

Sempre desejei ter mais tempo com minha mãe, no entanto, isso mudou quando notei que a presença dela em casa é sinônimo de tortura. Por isso, acabo preferindo que ela saia e se tranque em sua empresa. Me sinto péssimo por pensar nisso, mas não consigo lidar com toda a pressão e expectativa que ela coloca sobre mim. Estou sufocando há um bom tempo.

— Mãe, para falar a verdade, eu não quero ir para Harvard — despejo de uma vez.

— Já conversamos sobre isso, Jungkook. — Ela me ignora e foca na revista aberta sobre a mesa.

— Eu não vou para Harvard — repito.

Não pretendo voltar atrás da minha decisão, e já que comecei a trilhar esse caminho perigoso, irei até o fim.

— Você não está pensando com clareza, querido. Conversamos sobre isso durante todos os últimos três anos do colégio. Já preparei tudo para sua ida no final do ano.

— Mãe. — Sinto a frustração dominar cada célula do meu corpo. — Isso era negociável, mas não é mais. Eu não sou mais um adolescente. Sou adulto agora. Não quero ser influenciado pelos seus pensamentos, quero escolher meu próprio caminho.

— Por Deus, o que há de errado com você? Se está fazendo isso para se rebelar por falta de atenção, não vai funcionar. Maldita hora em que seu  te deixou. Sempre soube que isso te afetaria, já que tenho outras ocupações mais importantes que lidar com seu drama.

Fico em completo silêncio e choque, sentindo o peso de suas palavras. Maldita hora em que seu pai te deixou. Ela nunca cita meu pai, muito menos conversa sobre para onde ele foi. Agora ela está aqui, dizendo com todas as letras que ele me deixou. Dói. Um nó aperta minha garganta e consigo sair do cômodo antes que ela perceba o quanto me machucou.
As lágrimas começam a descer quando abro a porta do quarto. Me certifico de trancá-la, por mais que duvide que minha mãe venha atrás de mim. Meu celular bipa em cima da cômoda, atraindo minha atenção. Olho o visor enquanto leio as mensagens que acabo de receber.

Número desconhecido: almoço hoje.
Número desconhecido: esteja pronto ao meio dia.

Largo o aparelho e solto um suspiro, enxugando as lágrimas. O som do carro de minha mãe ecoa, e olho pela janela, avistando o automóvel deixar a propriedade. Como de costume, ela evita qualquer situação que envolva sentimentos.

— Não estou de bom humor. É melhor não me provocar — aviso para Taehyung assim que desço do automóvel de luxo que ele enviou para me buscar. Diamond está parado no meio da calçada, em frente a um dos restaurantes mais caros de Tóquio. Dois seguranças o rodeiam. Ele arqueia a sobrancelha esquerda sutilmente em minha direção, sem dizer uma única palavra. Como sempre, veste um de seus ternos elegantes e caros. Em dias normais, eu prestaria atenção no ambiente e na decoração, mas apenas me sento na cadeira que o loiro puxa para mim, sem interesse nenhum no restaurante. Sei que o fruto de seu cavalheirismo repentino vem de interesses próprios.

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