— Ele não é mais o mesma há um tempo, sabe? Fica reclamando de tudo. Coisas fúteis como, "Sara, você manchou minhas camisas, Sara cozinhe melhor..." — Nessa hora, ela faz uma voz mais fina em escárnio para se referir ao marido.
A narração se torna mais patética pelo fato de ela estar bêbada. Estou com pena do homem e dela que teve a falta de sorte de se casar.
Forço um sorriso fraco, mas quero sair correndo daqui. Para bem longe de seus desabafos idiotas. Ela não percebe que é um é uma esposa de merda e casada com um cara de merda, por isso está no terceiro casamento, que provavelmente não vai durar muito tempo.
Meu martini já acabou faz alguns minutos e Sara está na sua quarta cerveja. Espero que ele termine de entornar o último gole para perguntar:
— E o emprego? Não interfere na relação de vocês? Tipo, o seu chefe não é alguém exigente?
Ao citá-lo, Sara muda a postura, como se temesse estar sendo observada por Ryo. Com o tom de voz baixo, ela começa a despejar:
— Para falar a verdade, odeio o meu chefe. Recebo ordens o tempo inteiro para buscar seu almoço, ou ficar sentada enquanto ele joga blackjack e me certificar de que as cartas certas... — Sara para de falar e limpa a garganta, olhando para baixo. — Preciso ir ao banheiro. Droga.
A mulher se levanta rápido e some do meu campo de vista. Olho ao redor em busca de Taehyung. Ele está sentado em uma cabine privativa. Sofás de couro adornam o ambiente majestoso e bebidas caras estão espalhadas pelas mesas. O olhar do loiro se fixa em mim, mas, ao seu lado, há duas garotas de vestido preto. Ele traga o charuto, depois solta a fumaça, que espirala no ar, criando uma cortina de fumaça em seu rosto.
Me levanto e começo a andar em sua direção até que esteja parado em frente à mesa. Olho para as mulheres e para Taehyung. Ele sinaliza com os dedos e, num passe de mágica, elas desaparecem. Não sei o motivo, mas estou com raiva.
— Então quer dizer que você se diverte enquanto me manda extrair informações?
— Receio que esteja com ciúmes — fala, um brilho de diversão e sadismo presente em seu olhar.
Solto um riso sem qualquer traço de humor e me curvo sobre a mesa até que esteja próximo dele. Seus olhos não deixam os meus nem por nenhum momento, enquanto começo a dizer:
— Me faça parecer o namorado bobo e vou te transformar no empresário mais famoso de Tóquio por ter chifres.
Algo lampeja em suas íris, mas não sei bem identificar o que é. Espero que ele retruque, contudo, o silêncio preenche o local. Taehyung aponta para uma nova mesa sendo organizada no meio do salão. É maior que as outras e está posicionada estrategicamente sob uma iluminação precisa.
— O próximo jogo é o que vou entrar. — Desliza algumas notas em minha direção enquanto sustenta o charuto entre os dentes. — Pode apostar em mim, contra mim, ou tentar a sorte em uma das máquinas de caça-níquel.
Arqueio as sobrancelhas, desconfiado.
— Vai me dar dinheiro do nada?
Ele me ignora. Já que o dinheiro está parado na mesa, decido pegar as notas e as colocar dentro do bolso. Diamond termina o charuto, amassa a ponta no cinzeiro que parece ser de prata e o apaga.
— O que Sara te disse? — Nada muito interessante. Ela só desabafou sobre o casamento falido e que Ryo só faz com que ela se certifique das cartas certas.
Depois disso, ela se retraiu e sumiu, como se tivesse dito demais.— É o suficiente — Taehyung diz, em forma de ultimato e uma clara dispensa.
Ele se levanta do sofá e ajeita o terno antes de começar a andar para longe. Sem saber o que fazer, o sigo. As pessoas já estão aglomeradas em volta da mesa de blackjack. Taehyung senta em uma das poltronas. Há quatro no total. Ryo ocupa uma, uma mulher deslumbrante senta-se em outra e um homem careca e com ombros largos fica com a que sobra.
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ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE
FanfictionEnemies to lovers entre um empresário e um encrenqueiro apaixonado por artes. TaeTop.