Prólogo 🐈🐈‍⬛

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Essa história é uma adaptação de Lovely Loser, você encontrará an original no site da Amazon, disponível no Kindle.

Não consigo disfarçar meu mau humor essa noite, e isso fica claro pelos olhares de súplica que minha mãe me lança. Tenho vontade de tirar cada fio alinhado do cabelo, arrancar o quimono do corpo e sair desse lugar.

No entanto, isso provavelmente a decepcionaria, então minha melhor opção é ficar e fingir as aparências, por mais que pareça uma missão impossível. A inauguração da sua nova parceria com uma empresa americana está acontecendo neste momento no arranha-céu mais luxuoso de Tóquio.

Odeio esse tipo de evento, já que sempre saio na capa de alguma revista adolescente por uma ou duas semanas. Evito esse tipo de atenção, porque as pessoas sempre me resumem a isso. O filho prodígio e gay da grande Jisoo Ogawa, a empresária revolucionária do Japão. Crescer à sombra de um sobrenome importante tem certo peso que odeio carregar.

— Jungkook— minha mãe me chama, fazendo-me parar de ajeitar os guardanapos na mesa obsessivamente. Ergo o olhar. Jisoo Ogawa está em pé ao lado de um homem que nunca vi em toda minha vida.

É notável sua descendência coreana, assim como a minha. Mas diferente de mim ele tem traços que entregam seu lado americano, enquanto eu filho de uma japonesa e um coreano tenho traços orientais fortes.

Ele usa um smoking preto de corte elegante com gravata borboleta. Além das roupas impecáveis, o cabelo loiro parece uma fusão de ouro, prata e palha, não sei se é natural ou tintura, de qualquer forma combina  com os olhos azuis de gelo e pele dourada. Acho que nunca vi alguém tão bonito antes, nem um olhar tão predador. Sua frieza me dá calafrios.

— Este é Kim Taehyung Diamond, o novo sucessor das indústrias Diamond. 

A informação me pega de surpresa. Imaginei que o novo sócio seria um homem maduro e experiente como minha minha, não alguém tão jovem quanto Taehyung.

Alterno o olhar entre eles. Quando percebo que estou  sendo mal-educado, me levanto da cadeira e cumprimento o loiro com um menear de cabeça.

— É um prazer conhecê-lo, sr. Diamond — digo mecanicamente, porque sei que é o que meu pai gostaria que eu dissesse, mas, na verdade, só quero bocejar e ir embora para casa.

— O prazer é todo meu, Jungkook. A senhora Ogawa me disse que toca piano. Se importa? — ele fala tão expressivo quanto uma estátua. Consigo reconhecer o brilho de tédio que banha suas íris.

Parece que não sou o único que está se esforçando para ser amigável e causar uma boa impressão. Eu sorrio polidamente, mas no fundo gostaria mesmo de jogar uma taça de vinho no seu terno caro. Mal o conheço e já detesto ele.

Odeio ser o centro das atenções, e tocar em público vai me tornar o evento principal desse salão. Vejo a expectativa no rosto de minha mãe e contenho o suspiro.

— É claro que não. — Mascaro toda a irritação que sinto. O piano está  ocupado por um pianista talentoso que não se opõe quando me aproximo e informo que irei usá-lo. Começo a sentir os olhares grudarem em mim. Respiro fundo, amaldiçoando Kim Taehyung Diamond.

Resolvo tocar Nocturne in C Sharp Minor, de Frédéric Chopin, porque é um clássico que minha mãe aprecia. Quando termino, sou ovacionado. Minha mãe  aproveita o momento para começar uma mini palestra no palco montado para ele, anunciando oficialmente a nova parceria com as indústrias Diamond.

Observo o rosto impassível de Taehyung, enquanto está ao lado dela e faço uma careta. Parece que ele só tem um tipo de expressão. Depois de alguns momentos, a palestra acaba e minha mãe é cercado por várias pessoas. Me levanto, indo até o banheiro.

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