Capitulo 7 🐈‍⬛🐈 Taehyung Diamond

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Antes..

Uma salva de palmas irrompe ao meu redor, mas nenhuma delas é destinada a mim. São todas para meu irmão mais velho. Ele sorri, de pé no palco do anfiteatro do colégio, enquanto ostenta a medalha do primeiro lugar da feira de ciências da qual não pude participar, pois só alunos com mais de dezesseis anos tinham permissão para se inscrever.

Um desconforto cresce dentro de mim. Fui eu quem planejou e executou o trabalho da feira de ciências para salvar a pele do meu irmão.

Não imaginava que Seokjin fosse levar o primeiro lugar. Ele me pediu ajuda, e eu cedi, mas agora sinto ciúmes. Ele sempre consegue ser a estrela principal. O filho mais velho, o mais querido e amado.

Não importa quantas vezes meus pais tenham que tirá-lo de enrascadas com dinheiro, ele sempre será o escolhido, o sucessor.

Meu pai está em pé ao meu lado, e o olhar no rosto dele é de orgulho. É como um soco na boca do estômago. Aqui estão todos os seus parceiros de negócios, que vieram ver seus filhos exibirem os projetos, no entanto, é Seokjin quem se tornou o grande evento.

Meu irmão mais velho caminha até nós como um rei. As pessoas ao seu redor abrem espaço para que ele passe. Olhares de admiração são dirigidos a ele. Assim que para em nossa frente, meu pai diz:

— Estou orgulhoso de você, filho. Sabia que não decepcionaria nossa família.

Seokjin sorri, e me lança um breve olhar, como se dissesse esse é o nosso segredo.

Mais um de muitos.

Durante o caminho até nossa casa, fico em silêncio na Limousine. Seokjin e meu pai estão numa conversa sobre negócios e consigo ver a expressão de aborrecimento em seu rosto a cada palavra que sai da boca de Hernan.

Me pergunto se ele não percebe que Seokjin não está nem aí para o nosso império. Eu, por outro lado, filtro cada frase que ele diz, absorvo e guardo em minha mente.

— Você é nosso futuro, Jin. Hoje você provou que pode começar a trabalhar comigo na empresa — nosso pai fala.

— Mas ele não está pronto. — As palavras deixam minha boca antes que eu possa contê-las.

Não sei o que dá em mim, mas, de repente, me sinto inquieto, com uma sensação esquisita na boca do estômago que só se agrava quando Hernan me fita. É como se ele tivesse se lembrado só agora que tem um segundo filho.

— O que disse, Taehyung? — indaga, com o cenho franzido. — Por que acha que seu irmão  não está pronto? Ele trouxe honra para nossa família conquistando o primeiro lugar na feira de ciências.

Não foi ele. Fui eu. Tenho vontade de gritar isso para que todo mundo escute. Meu pai, o motorista, e até as pessoas que passam por nós na calçada conforme a Limousine avança pelas ruas. No entanto, feito um covarde, eu levo em consideração o olhar de desespero no rosto do meu irmão e fico em silêncio.

— Na verdade, você está certo, pai. Desculpe interrompê-lo.

Fico em silêncio pelo restante do trajeto, enquanto observo a paisagem pela janela. Quando chegamos em casa, desço do carro e vou direto para o quarto. Estou trabalhando em um projeto há semanas. Planejo mostrá-lo para meu pai quando estiver pronto, pois quero impressioná-lo.
Quando ele perceber que sou capaz, vai entender que posso liderar a empresa algum dia.

A porta do meu quarto se abre, e Seokjin entra no cômodo. Ele segura a medalha que ganhou na mão esquerda. Eu fecho o notebook depressa, porque não quero que ele veja o que estou fazendo. Meu irmão mal repara no meu comportamento suspeito. O olhar no seu rosto é de culpa.

— Desculpe por levar seus méritos. Não achei que fosse ficar em primeiro lugar.

— Nem eu — admito.

Meu reator de fusão nuclear de pequena escala foi um sucesso, considerado revolucionário.

— Isso significa que você é um gênio. Eu só espero que Hernan reconheça isso algum dia. Sei que é importante pra você.

— Por que não é honesto com ele, então?

A pergunta parece surpreendê-lo. Seokjin suspira, e deixa a medalha em cima da mesa de estudos. Ele olha para as janelas, como se estivesse com vergonha de admitir em voz alta.

— Tanto quanto você, quero que nossos pais sintam orgulho de mim. Eu não posso quebrar a tradição. Você sabe, é o primogênito que deve se tornar o próximo líder dos negócios da nossa família. Como acha que ele irá reagir se eu disser que não vou seguir os seus passos?

Fico em silêncio. Por mais que isso me frustre, tento entender o lado dele. Sobre ele, há um peso de expectativa. Expectativa que nossos pais não esperam de mim, nem da nossa irmã caçula, Brianna. Na nossa família, é como se só o primeiro filho homem contasse.

— Você acha que isso pode mudar um dia? — pergunto, depois de longos minutos de silêncio. — Acha que nossos pais vão sentir orgulho de mim também, assim como sentem de você?

Seokjin acena com a cabeça, me dando um sorriso.

— Claro. Um dia, você será um grande homem. Fará grandes coisas e todos nós sentiremos orgulho de você.

Suas palavras me confortam, mas, no fundo, não sei se são verdade. Pelos olhos dele, acho que nem ele acredita no que diz. Contudo, o melhor para nós dois é continuarmos nos enganando. Fingir que ele vai ser livre para fazer as próprias escolhas e que, um dia, poderei ser reconhecido e assumir o posto principal da família. Nós dois permanecemos em silêncio pelos próximos momentos, nos agarrando a essa ideia distante.

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