Pela Mão Dela 2.1

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Os ventos do verão machucam, mas semeiam a esperança


Semanas após o enterro de meu pai.

Meu corpo cambaleava de um lado para o outro. A katana de ferro brilhando em minhas mãos tremia, melhor, minhas mãos tremiam só de segurá-la. Meus braços pesados como chumbo finalmente desistiu e deixou a arma cair sobre o gramado. A lâmina de ferro refletindo a luz do nascer do sol era muito mais pesada que a minha antiga espada de madeira.

— Erga a espada, Haruki. — Hideyoshi a distância parecia outra pessoa. Seu rosto fechado estava sem um único sorriso desde a morte do meu pai.

— Eu não consigo... — Declarei sentindo minhas mãos pegarem fogo. Os calos me torturavam.

— Hmpf. — Ele bufou disparando em minha direção. Sua katana longa de verdade piscou vindo em minha direção.

Sem escolha, cerrei os dentes, e com todas as forças ergui a arma mais uma vez e me defendi sendo forçado a recuar pelo impacto. Mas ele não parou. Golpeou mais uma vez com força e de novo e de novo, enquanto eu me defendia em desespero. Defender era uma palavra muito forte. Apenas segurei na frente do meu corpo na medida que era massacrado com as duas lâminas soltando faíscas.

Doze, treze, quatorze... Finalmente caindo no chão após ele descarregar todo seu ataque. Foi quando a sanidade retornou a si e ele se afastou.

— Jovem mestre, o senhor deve permanecer forte. Essa pousada agora é sua casa, o senhor deve protegê-la como um verdadeiro "homem" faria. — Encarou-me olhando de cima.

— Jovem mestre! Jovem mestre! — Uma voz feminina envelhecida atraiu nossa atenção.

— Está na hora de ir. — Hideyoshi declarou me deixando só.

Encarei minhas mãos vermelhas e feridas segurando minhas lágrimas quando me levantei colocando a katana na cintura.

— Algum problema, Haruka? — Dirigi-me para a senhora de meia idade que era a governanta chefe da pousada.

— Algum problema? Algum problema, jovem mestre? — Ela exclamou irritada. — O sol já está quase ficando acima das colinas, logo será seu treinamento na cerimônia de chá, a senhora Kaori chegou e começou a se preparar.

— Já estou indo, onde está Hanabi?

— Ela está ajudando as outras servas, sabe que após... — Ela freou suas palavras na medida em que eu escondia meu rosto. — A pousada ficou muito agitada, precisamos de toda ajuda possível.

— Tudo bem. Já estou indo, fala para a senhora Kaori que irei apenas tomar um breve banho.

Ela assentiu me deixando só. Apertei minhas mãos remoendo aquele turbilhão de sentimento no meu peito. Mas logo cessei quando a pontada de dor me atingiu com força. Olhei minhas mãos, vermelhas, calejadas e feridas. Elas tremiam pelos impactos assim como o meu coração.

Segurei o máximo as lágrimas não querendo. Eu tinha que ser um "homem" de verdade. Um "homem" perfeito. Sacudindo a poeira, caminhei para dentro da pousada.


*


O incenso da sala misturava perfeitamente com aroma do chá verde. Naquela pequena sala organizada, o ambiente limpo e fresco ritmava com os movimentos realizados no recinto. A água quente sendo despejada na tigela em movimento circulares, o salpicar das ervas verde gentilmente e o misturar suave. Tudo com classe e elegância.

PARA ELA: ABERTURAOnde histórias criam vida. Descubra agora