Capítulo V

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"Aquele que sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam àqueles que sonham apenas à noite."

Edgar Allan Poe

                   ▌Caminhos Cruzados ▌

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O aroma de café recém-passado se misturava ao cheiro leve de álcool no pequeno pub, ecoando entre as risadas e conversas animadas dos clientes. Apesar do horário cedo, o lugar estava surpreendentemente movimentado. Para Hope, porém, aquele cenário ruidoso parecia distante, quase uma ilusão frente à sua melancolia crescente.

Sentada em um canto isolado, ela mexia lentamente o milkshake de morango à sua frente, sem tomar um gole. A doçura, antes acolhedora, agora parecia amarga, contrastando com o peso das visões que a atormentavam e o fardo de sua própria existência.

O som de uma cadeira sendo puxada bruscamente a trouxe de volta à realidade. Peter se jogou na cadeira à sua frente, ostentando seu habitual sorriso despreocupado.

— Você anda distraída — comentou ele, inclinando-se para frente, como quem estivesse prestes a compartilhar um grande segredo. — Achei que esse milkshake fosse te animar, mas você está com uma cara péssima, Hope.

Ela tentou sorrir, mas sabia que o esforço seria inútil. Peter não sabia o que realmente se passava — para ele, Hope era apenas uma amiga passando por um momento difícil. Ele desconhecia o caos sobrenatural que se espalhava pela cidade, ou as visões de morte que a assombravam. Para Peter, tudo era simples.

— Só estou cansada — respondeu Hope, tentando soar casual, embora sua mente estivesse a quilômetros dali.

Peter franziu a testa, preocupado, mas incapaz de perceber a profundidade da situação. Ele pertencia a um mundo mais simples, livre de monstros e segredos obscuros.

— Você precisa parar de se isolar, ou vai acabar pirando de vez — brincou ele, tentando aliviar o clima. — Vamos sair hoje à noite, distrair a cabeça. Você precisa disso.

Hope balançou a cabeça, fingindo considerar a proposta, mas sabendo que nenhuma distração seria suficiente. Enquanto Peter continuava falando sobre trivialidades, seu olhar voltou ao milkshake, como se ali pudesse encontrar respostas.

— Desculpa, acho que não vou poder — disse ela, lançando um olhar discreto para seu pai, Klaus, sentado a poucos metros de distância, ouvindo cada palavra.

Peter seguiu o olhar de Hope e viu Klaus, sereno, bebendo seu drink. Ele franziu a testa, intrigado.

— Seu pai está te vigiando agora? — perguntou Peter, em tom brincalhão, mas curioso. — Achei que ele nem gostava de lugares assim.

𝐒𝐘𝐌𝐏𝐇𝐎𝐍𝐘 𝐎𝐅 𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒 •𝐻𝑜𝑝𝑒 𝑀𝑖𝑘𝑎𝑒𝑙𝑠𝑜𝑛Where stories live. Discover now