Capítulo 12: A Mídia

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*Oliver*

Livrei-me da gravata com um gesto brusco, enquanto jogava duas pedras de gelo no copo próprio para uísque e o enchia da garrafa, no quarto de hóspedes da mansão da minha avó. As bebidas alcoólicas costumam ser minha fuga nas situações mais complicadas, uma tentativa de acalmar os pensamentos tumultuados e as emoções conflituosas.

Ingeri o álcool com a esperança de que aquele ardor efervescente pudesse apagar o gosto dela da minha mente, trazendo-me de volta à lucidez. Mas a bebida nunca foi uma solução permanente, e eu sabia disso.

— Estava te procurando, Oliver!

Minha irmã Briana irrompeu no quarto, sua voz carregada de animação e curiosidade. Suspirei, desejando apenas um momento de paz, mas a convivência com a minha irmã nunca foi simples.

— O que quer, Briana? — Minha resposta sai mais ríspida do que eu pretendia, mas eu estou no limite.

— Te dar os parabéns — a resposta singela vem acompanhada de um brilho malicioso nos olhos. — Aquele beijo foi realmente quente, vocês dois impressionaram. Conseguem fingir muito bem.

Desvio o meu olhar para o copo em minha mão, enquanto relembro o beijo com Lia. Foi intenso, arrebatador, o tesão que eu sinto é tão insano, algo que eu não experimento desde a adolescência, quando meus hormônios estavam em ebulição.

Ultimamente, minha vida sexual se resume a encontros casuais, mulheres dispostas e conscientes do que fazer para me agradar na cama. Mal conseguia me lembrar da última vez que troquei um beijo genuíno.

— Ela é linda, e bem que me avisou que é uma boa pessoa, mas você sabe como é, as diferenças sociais...

— Farei o que for necessário para honrar o desejo da vovó — corto, minha paciência esgotada. A última coisa que eu quero é ouvir a análise de Briana sobre o relacionamento que é, em toda parte, uma farsa.

— Eu acredito em você, Oliver.

Não posso negar que essa noite me causou um abalo profundo. Lia estava deslumbrante, segura de si mesma, e a maneira como ela se portara durante o baile me deixou admirado.

Nossa conversa quente, as provocações mútuas, a faísca que voava entre nós, tudo isso culminou no beijo que compartilhamos.

Um beijo que me fez esquecer o mundo à nossa volta, que incendiou meu corpo com um desejo há muito adormecido. Cheguei a considerar levá-la para algum canto escuro e privado daquele salão e tornar o desejo realidade, e o mais grave, desde quando a conheci, ela foi a única pessoa que realmente quis conversar de forma prolongada.

— Tem certeza de que vai voltar para os Estados Unidos agora? Posso segurar as pontas, acho muito ruim você ir e voltar apenas para o casamento — Briana continuou, como se fosse sua missão atiçar minhas feridas internas.

— Sim, vou aproveitar esse tempo para resolver a documentação da Lia e possibilitar que ela me acompanhe sempre que for necessário — respondi, tentando manter a calma.

— Você está fugindo dela, Oliver?

A pergunta em tom de acusação perfurarou minha defesa e atingiram um ponto vulnerável dentro de mim.

Respiro fundo, guardando a resposta que tanto me afligia. Quanto mais nos afastássemos, menos chance haveria de que as coisas se tornassem complicadas demais.

— Talvez.

Briana revirou os olhos, como se minha hesitação fosse uma confirmação esperada.

— Homens... — ela murmura, antes de se virar e sair do quarto, me deixando sozinho com minhas dúvidas e anseios.

Contrato sem voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora