Capítulo 21: O começo

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*LIA*

Faça-o se apaixonar por você, torne tudo real.

O pedido de dona Beatriz ainda reverbera em minha mente enquanto me preparo para o casamento.

Olho-me no espelho e suspiro, admirando o vestido de noiva que escolhi para esse dia especial. Minha tia, que está ao meu lado, enxuga uma lágrima solitária que escorreu por seu rosto.

— Eu sei que o casamento perdeu seu encanto para a juventude de hoje, mas para mim nunca deixará de ser motivo de orgulho ver um casal se comprometer diante de Deus a formarem uma aliança. Seu pai estaria tão orgulhoso, Lia. — Sua voz está embargada de emoção, e ela sorri com ternura para mim.

Sinto um aperto no peito ao pensar em meu pai, que me deixou cedo demais. Ele sempre foi meu maior apoiador e mentor, e sei que estaria radiante de felicidade se estivesse aqui para me ver casar. A ausência dele é uma dor constante, mas também uma lembrança do quanto ele significava para mim.

— Eu sei, tia. — Minha voz está embargada e repleta de gratidão e tristeza. — Eu só queria que ele estivesse aqui hoje, apesar da minha alegria, parece que falta algo — confesso.

Minha tia se aproxima e me abraça com carinho.

— Mas você está honrando a ele, filha.


****

Enquanto caminho para dentro da igreja lotada, de braços dados com a minha tia Gleici, não pude deixar de sonhar que tudo isso fosse real. O olhar cálido de Oliver, sua mão na minha, o sorriso que ele me direciona neste instante... Tudo poderia significar um amor verdadeiro, um começo genuíno. Devia ser contra a lei um homem ficar tão poderoso em um terno.

A igreja brilha sob a luz dourada e a decoração de flores brancas cria uma atmosfera de sonho. É como se cada pétala e vela soubessem da minha esperança, testemunhando este momento crucial de nossas vidas. Desejei que tudo fosse real, que esse casamento fosse o início de uma vida a dois plena de amor e cumplicidade.

Mas então, assim que Oliver beija o dorso da mão da minha tia, ela se afasta, restando-me ficar ao lado do meu noivo enquanto encaro o padre, e tento colocar a cabeça no lugar e esquecer essa atração insana.

É um teatro. Um intricado espetáculo que precisamos encenar para atender às expectativas de todos.

O real motivo por trás disso é uma farsa, um acordo entre nós. E, por mais que eu deseje que as coisas fossem diferentes, sei que tenho que enfrentar a realidade. Este casamento não é baseado no amor que eu sonhei, mas sim em circunstâncias e compromissos.

Sinto o olhar de Oliver sobre mim, e sei que ele está se esforçando para manter a fachada também. Seus olhos azuis encontram os meus, e há uma chama de desafio e cumplicidade aqui, já que ambos compartilhamos o mesmo segredo.

Respiro fundo e tento afastar os pensamentos que ameaçam me distrair. Este é o nosso papel agora, e estamos determinados a representá-lo até o fim.

A luz suave se derrama das janelas, e os rostos sorridentes dos amigos e familiares se tornam um borrão reconfortante.

O padre começa a cerimônia, suas palavras flutuam no ar como melodias familiares. Minha mão treme ligeiramente ao segurar o buquê de flores. A respiração de Oliver ao meu lado é calma e tranquila.

Percebendo o meu nervosismo, Oliver segura minha mão com firmeza, e sussurra: — Você está linda.

— Obrigada. Você também está muito elegante — sussurro de volta encarando seu terno impecável, e logo ouço o padre pigarrear nos chamando a atenção.

Contrato sem voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora