Paranoia

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Conforme escrevia, suas sobrancelhas se franziram sem sequer notar, quando recebeu um peteleco na testa, notou o que não queria.
Estava enlouquecido.

– Você vai ficar nesse mundo da lua até quando? – Seungmin questionou, recebendo uma careta ainda maior da parte do Bang – Você concordou que iria me dar atenção, cara! Não nos vemos a meses!

Era uma promessa, havia prometido ao mais baixo que iria lhe dar a devida atenção, principalmente após tantos meses longe.
Inventar tudo isso havia sido cansativo, por mais que não devesse nenhum tipo de satisfação para Hyunjin, sabia que ele era um homem facilmente comprado, então se falasse o que faria, não duvidaria nada da imprensa batendo em sua porta no dia seguinte.

Bang Chan já aprendeu a fazer sua lição de casa a muito tempo.
Seu particular precisava ficar bem separado de Hwang Hyunjin, caso contrário tudo daria errado.
É aquilo: "O que ninguém sabe, ninguém estraga".

– Tem razão, eu posso terminar isso semana que vêm. – o Bang sussurrou o final, não queria também preocupar o amante – E então? O que temos planejado para hoje?

O Kim se emburrou, era melhor ele ter ficado calado.

– Você que planejou tudo e agora vêm me perguntar? Sério? Eu vou para casa! – o Kim exclamou, dando meia volta e já procurando a sua mala, porém antes mesmo de chegar perto da mesma, sua mão foi puxada para a direção do homem forte.

O abraço apertado era um meio de implorar para que Seungmin não fosse, o próprio Kim sabia disso.
Não tinha jeito... Bang Chan era mesmo um canalha, mas fazer o quê? Ele próprio decidiu o que queria para si mesmo, quando escolheu este homem para si.

Seus olhos se reviraram em uma órbita perfeita, tédio, ódio e ciúmes eram os sentimentos que se aprofundaram em seu coração.
As vezes odiava o Bang, mas sabia que ele caçou a própria cova quando decidiu se afeiçoar pelo mesmo.

– Você é insuportável quando quer. – o Kim resmungou, porém um sorriso escapou de seus lábios de forma involuntária, as cócegas em seu quadril foram um golpe baixo – Faz isso de novo e eu soco tua cara.

– Até parece, você não teria coragem. – o Bang zombou, porém seu sorriso lentamente murchou.

Ele não podia deixar que todo esse clima mudasse o assunto, mudasse o rumo de tudo.

– Certo. Então vamos primeiro almoçar, quando anoitecer vamos ver a vista pela sacada e desfrutar de uma boa Tekila? – o Bang questionou, recebendo um sorriso agradável do Kim.

Acertou em cheio.

– Falta só o filme durante a digestão do almoço. – o Kim apelou para um olhar carinhoso, recebendo uma cara abobalhada do homem.

– Certo, certo... História sem Fim ou O labirinto? – o Bang questionou, ele conhecia muito bem o homem que se envolvia, sabia que esses filmes eram seus favoritos.

Mas pela cara indecisa, sabia que isso significaria que passaria quase cinco horas sentado com a bunda naquele sofá ao lado do homem, já que este escolheria os dois e provavelmente bateria no Bang se tirasse o filme antes de terminar todos os créditos finais.

Sério, ele as vezes acreditava que havia cavado uma cova bem funda ou atirado muitas pedras em crianças em outra encarnação.

– Então faz logo o meu almoço antes que eu desista e vá comprar no Ifood! – o Kim com um bom humor repentino se soltou do abraço do Bang, já preparando o sofá com uma manta bem quentinha e duas almofadas bem fofinhas, além de claro, colocar ambas as fitas para dar play assim que terminasse de rebobina-las.

– Se fosse um cd teria feito um segundo furo. – o Bang zombou – Mas como é fita... Provavelmente vai queimar isso um dia.

– Vira essa boca para a cozinha e faz o meu almoço, escravo. – o Kim resmungou, terminando de rebobinar a primeira fita, indo em sequência para a segunda.

Chan era um homem peculiar, além de possuir duas propriedades em seu nome -sua mansão em Seul e seu prédio em Busan- também possuía a empresa e obviamente, era um colecionador nato.
Amava colecionar objetos de sua época, porém antes apenas guardava tudo.

Desde que Seungmin entrou em sua vida, a primeira coisa que mudou foi que, passou a usar todas as relíquias tão bem conservadas, começando pela fita-cacete, o Walkman, em sequência o Toca-discos e seu Nintendo de 1983.

– O que teremos para o almoço? – o Kim questionou, sentindo aquele cheiro de pimentão e cebola sendo picados.

– Estava pensando em fazer um Yakisoba mesmo, pode ser? – o Bang questionou, era a unica coisa também que sabia fazer.

Infelizmente o fato de ter crescido num local cheio de empregadas e cozinheiras, não o permitindo sequer lavar uma cueca suja, o deixou sem tantas prendas quanto desejaria ter neste momento.
Porém sabia fazer um bom Yakisoba, como sua mãe dizia: "se só sabe fazer uma coisa, então seja o melhor nisso".

Talvez no fundo sua mãe apenas queria deixar um legado bom ao seu filho, tendo medo de dizer que veriam mal um homem que sequer sabia fazer um arroz.

– Para mim? Está ótimo! – o Kim já estava empolgado, amava o Yakisoba de Chan, estava tanto tempo sem desfrutar deste, que chegou a salivar apenas de pensar.

Ao menos uma pessoa dava valor ao seu único dote culinário.

Messalinos (DanceRacha Centric)Onde histórias criam vida. Descubra agora