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   Deixar sua casa parecia algo que se tornava cada vez mais difícil, aos poucos vocês sentia que todos os sentimentos que haviam tomado de seu ser depois que Nanami morreu foram voltando pouco a pouco a se fazerem presentes em seus pensamentos, lhe assombrando como eternos fantasmas. Você secou as mãos úmidas pelo suor no vestido de seda vermelha que ficava colado em seu corpo, seu coração batia quase que desesperado contra o próprio peito, respirou fundo enquanto abria a sua caixa de jóias, seus olhos caíram sobre a aliança de noivado de Nanami, engoliu em seco, piscou devagar tentando desviar os olhos dela, Toji já havia lhe pedido diversas vezes para se livrar dela mas não era como se tivesse coragem o suficiente para fazer aquilo; você suspirou de maneira cansada e retirou de lá a gargantilha de cristais a colocando sobre seu pescoço, guardou a caixa de jóias e deixou o quarto por fim andando até a sala de estar espaçosa onde Toji estava olhando o celular.

   — Preciso mesmo ir? Você poderia ir receber o prêmio no meu lugar.

   Você indagou com a voz baixa enquanto se aproximava do homem, ele levou os olhos escuros até você enquanto guardava o celular no bolso da calça preta social, levou a mão grande até seu rosto fazendo com que você fechasse os olhos de automático, os abriu novamente de maneira lenta ao sentir o polegar dele acariciar sua bochecha com cuidado para não tirar a sua maquiagem.

   — É sua premiação de melhor escritora, meu amor, já te disse que vai ser estranho se você não for, não me faça repetir, está bem?

   Ele disse com a voz baixa, você apenas concordou com a cabeça devagar antes dele curvar o corpo sobre o seu deixando um selar suave sob sua testa e pousar a mão grande em suas costas lhe guiando com cuidado para fora da casa grande que dividiam, não demorou muito para que estivesse no banco do passageiro da porsche preta do homem alto e de cabelos escuros, você suspirou com a testa encostada no vidro fosco do carro olhando as ruas bem iluminadas de Tóquio durante a noite, seu coração batendo de modo frenético enquanto o carro deixava a casa cada vez mais para trás.

   Depois do que mais pareceram horas finalmente chegaram em frente ao enorme edifício iluminado, Toji parou o carro e desceu entregando as chaves para um dos manobristas que estavam no local e andou até sua porta a abrindo enquanto segurava sua mão lhe ajudando a descer, ao o que você saiu do carro seus olhos se fecharam de automático ao sentir os flash's das câmeras em sua direção, os gritos tão altos que chegavam a ser irritantes em seus ouvidos, você suspirou de maneira fraca enquanto abria os olhos novamente, as orbes fixas nos rostos daquelas pessoas que estavam ali apenas para vê-la, mesmo que aquela fosse a situação, mesmo que estivessem ali por você, não conseguia se sentir completas ou realizada. Apenas formou um sorriso forçado em lábios enquanto acenava para eles, a mão direita e calejada de Toji posta sobre suas costas nuas onde o vestido vermelho não cobria.

Não demorou muito para que estivessem na parte de dentro do enorme edifício que parecia ainda mais luxuoso por dentro do que era por fora, você piscou devagar sentindo o sangue correr por suas veias fazendo com que as pontas de seus dedos ficassem dormentes pela ansiedade crescente que insistia em se fazer presente na sua mente e agora no seu sangue fazendo com que seus olhos lacrimejassem e com que o choro ficasse entalado na garganta.

Você apenas queria chorar e se trancar na sua antiga casa onde ninguém poderia encontra-la.

— Toji, eu quero ir embora.

Você disse por entre um sussurro, quase como se tivesse medo de proferir aquelas palavras em um tom um pouco mais elevado, a mão destra de Toji deslizou por sua cintura e lhe apertou ali com força fazendo com que uma linha de expressão surgisse em sua testa, apertou tão forte que fez com que suas costelas doessem, você entreabriu os lábios tentando esconder a careta que insistia em querer se fazer presente em suas feições.

𝐎𝐍𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋𝐒 ; Geto SuguruOnde histórias criam vida. Descubra agora