Você sentia que a qualquer segundo fosse enlouquecer naquele lugar, mexia nos dedos de maneira ansiosa enquanto ajeitava a própria postura na poltrona incrivelmente macia que fazia parecer que a qualquer segundo iria afundar entre a espuma que a preenchia, as paredes eram tão brancas que você quase podia jurar que estava ficando cega, volteou os olhos de maneira ainda grogue em direção ao homem jovem a sua frente que segurava uma caneta em mãos e escrevia de maneira rápida no papel depois que você praticamente deu um resumo completo de sua vida de vinte e quatro anos.
— Como você se sente estando aqui, (Nome)?
O homem indagou com a voz baixa, você piscou devagar antes de franzir o cenho, era meio óbvio que não estava se sentindo bem, era por isso que não gostava de fazer terapia, eles sempre perguntavam as coisas mais óbvias o possível.
— Péssima.
— Por que péssima?
Ele perguntou enquanto anotava nos papéis a sua frente, você suspirou pesadamente.
— Bem acho que o mais comum nessa situação é a gente se sentir péssima, né? Afinal, não é todo dia que você leva uma surra do seu noivo.
Você disse rindo tentando arrancar a mínima reação que fosse do homem a sua frente mas ele apenas lhe olhou uma última vez antes de abaixar os olhos para as folhas e anotar mais alguma coisa.
Por isso detestava terapia, nunca conseguia decifrar o que eles pensavam sobre você.
— (Nome), nosso tempo por hoje se encerrou, volte amanhã no mesmo horário, está bem?
Ele disse por fim enquanto elevava o olhar em sua direção forçando um sorriso gentil em lábios, você forçou o sorriso de volta antes de apenas concordar com a cabeça devagar se levantando da poltrona com cuidado, as vezes sentia que qualquer mínimo movimento fazia com que sua costela dilatasse, respirou devagar e saiu da sala em passos curtos adentrando no corredor bem decorado do local.
Se olhasse por muito tempo para a decoração daquele local poderia muito bem esquecer que estava em uma clínica psiquiátrica, o local era bem arejado e completamente aberto, portas grandes de madeira que davam para a parte de fora da casa enorme e luxuosa que parecia uma espécie de fazenda; você se aproximou das portas devagar, colocando os pés no gramado, você suspirou aliviada e se abaixou com cuidado para arrancar as sapatilhas dos pés as segurando nas pontas dos dedos deixando os solados dos pés tocarem a grama macia que fazia com que um alívio instantâneo tomasse conta de seu corpo; o céu estava cinzento e quase como se fosse começar a chover a qualquer segundo, olhou para o lado ao o que ouviu uma voz familiar lhe chamar, um sorriso curto tomou conta de seus lábios.
— Oi, Geto.
Disse com a voz baixa, ele sorriu se aproximando de você, as mãos grandes dele estavam guardadas dentro dos bolsos do jaleco branco que vestia, ele deu um empurrão suave em seu corpo com o corpo dele em forma de brincadeira arrancando um riso soprado de seus lábios.
— Quer dar uma volta? Respirar um pouco?
Ele indagou com a voz calma, você apenas concordou com a cabeça devagar, começaram a andar sem rumo pelo gramado, ao longe haviam algumas cercas onde haviam alguns cavalos, em algumas cercas mais distantes você conseguia ver que haviam bezerros e cabritos também, realmente se sentia em uma fazenda, realmente acreditariam que aquilo não passava de retiro para as pessoas da classe alta que queriam "acalmar os pensamentos" e bem, os seus pensamentos realmente precisavam ser acalmados naquele momento; você levou os olhos até Geto enquanto andavam, os olhos dele já estavam presos aos seus enquanto andavam, você respirou fundo sentindo uma sensação gelada no fundo da barriga.
— Geto... você ainda continua fazendo...
Balbuciou com a voz baixa sem coragem de terminar o restante da pergunta, suas bochechas ficando quentes pela vergonha, um riso alto escapou dos lábios do homem de cabelos longos que apenas negou com a cabeça devagar.
— Não não, eu parei a muito tempo, já terminei minha pós graduação, paguei tudo o que devia.
Ele disse de maneira calma enquanto andavam ainda deixando a casa grande onde estava "hospedada" cada vez mais para trás.
— Ah, isso é ótimo, fico feliz por você.
— Por que está perguntando isso?
Geto indagou com a voz baixa, você arregalou os olhos sentindo o olhar dele correr pelo seu rosto por completo quase como se quisesse ler cada uma de suas expressões, você entreabriu os lábios de maneira trêmula.
— Eu só...
— Está interessada? Sabe que entre eu e você não existia mais essa condição de prestador de serviço e cliente — ele disse parando de andar, você também parou, atônita, seus olhos presos aos olhos dele —, se quiser é só me avisar.
Você sentia que suas bochechas já estavam o próprio vermelho carmim, negou com a cabeça diversas e diversas vezes.
— Não era disso que eu estava falando, pelo amor de deus!
Disse elevando a voz sentindo que desmaiaria de vergonha a qualquer segundo, Geto soltou uma risada alta, você quis morrer, era quase como se ele estivesse brincando com você pela própria diversão dele.
— Estou brincando, (Nome), não fique tão desesperada.
Antes que você pudesse responder, as primeiras gotas de chuva começaram a cair, rapidamente, parecendo que se multiplicavam entre si, aumentando rapidamente, você piscou devagar assustada, deveria ter se tocado que não deveriam ter ido tão longe, olhou para trás vendo a casa mais longe do que sua costela aguentaria em uma corrida e sinceramente não estava bem o bastante para pegar um resfriado.
— Venha comigo.
Geto disse segurando sua mão lhe arrastando para próximo das cercas, perto de lá havia uma espécie de celeiro vermelho, ele abriu a porta grande de madeira empurrando seu corpo com cuidado entrando logo em seguida e fechando a porta em um baque ao que o vento do lado de fora parecia ficar cada vez mais e mais forte.
Dentro do celeiro, o som da chuva era ensurdecedor. As tábuas velhas rangiam sob o peso da tempestade, mas ofereciam um refúgio seguro. Geto soltou sua mão mas a proximidade forçada pelo espaço pequeno e a intensidade do momento fazia com que seu coração batesse quase que desesperado contra o seu peito, sentia a respiração do homem contra a derme de seu rosto fazendo com que os pelos de seu corpo arrepiassem suavemente.
— Você está bem?
Ele indagou com a voz baixa, você engoliu em seco antes de assentir com a cabeça de maneira trêmula, entreabriu os lábios devagar os umedecendo com a língua, viu os olhos do homem correrem até eles.
— Sim.
— Está tremendo.
Geto sussurrou se aproximando mais, você deu um passo para trás, suas costas se chocando contra a parede de madeira atrás de si, respirou fundo sentindo seu peito subir e descer, ele aproximou mais o corpo do seu, suas respirações se encontrando, ele abaixou o rosto em direção ao seu, você se sentia quase ofegante, apertou os dedos contra as palmas de suas mãos de maneira ansiosa.
— Estou com frio, molhou um pouco da minha roupa.
Você disse com a voz fraca, quase como se as palavras se negassem a sair de seus lábios, ele sorriu lhe encarando ali, levou uma das mãos em direção ao seu rosto o acariciando com cuidado.
— Ah é?
— Uhum.
Você respondeu em um resmungo o encarando ali, suas sobrancelhas juntas, quase como se implorasse por mais contato.
— Senti tanto a sua falta, princesa.
Ele disse com a voz baixa, branda, de maneira tão suave que fazia com que você quase se derretesse com o toque dele, antes que pudesse dizer algo a porta do celeiro se abriu de supetão, Geto se afastou de você rapidamente, algumas enfermeiras apareceram com guarda-chuvas e cobertores os colocando sobre você e Geto os tirando dali.
Foi tudo tão rápido que nem ao menos havia lhe dado a chance de ao menos pensar nas palavras do homem.
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𝐎𝐍𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋𝐒 ; Geto Suguru
Fanfiction⛓▬▬▬▬▬▬ 𝙤𝙣𝙚 𝙤𝙛 𝙩𝙝𝙚 𝙜𝙞𝙧𝙡𝙨 ▬▬▬▬▬▬▬ Você estava se sentindo muito sozinha, foi quando Geto chegou para tomá-la em seus braços. ▬▬▬▬▬▬▬ 𝙜𝙚𝙩𝙤 ▬▬▬▬▬▬▬▬⛓ 𝙥𝙡𝙤𝙩 𝙤𝙧𝙞𝙜𝙞𝙣𝙖𝙡 𝙗𝙮 𝙢𝙚 [+𝟭𝟴] ⛓art credit @polariae no twitter tiktok...