1.3

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Você não sabia ao certo quanto tempo havia passado desde o momento em que perdeu a consciência, seu corpo estava dolorido como o inferno, teve a plena certeza daquilo enquanto se remexia de maneira inquieta na cama, abriu os olhos com cuidado sentindo a luz da manhã cegando suas pupilas por uma fração de segundos, os raios de sol se infiltravam pelas frestas das janelas grandes de madeira do quarto onde estava. Se sentou com cuidado resmungando baixinho enquanto olhava ao redor.

— Onde... diabos eu estou?

Indagou com a voz falhada que escapou arranhando sua garganta que parecia como o deserto naquele momento, quase como se não visse água a dias. Sentiu um ardor na pele de seu antebraço, levou os olhos até lá se detendo com um esparadrapo sobre sua derme que fazia questão de prender ali uma agulha tão fina que apenas o menor dos movimentos fazia com que ardesse como nunca, se moveu com cuidado, cada pequeno músculo de seu corpo estava dolorido, quase como houvesse acabado de participar de uma maratona que dava a volta completa ao país.

   Seus olhos correram de maneira inquieta pelo local, sentia seu sangue pulsando pelas veias de modo que fazia com que imaginasse ouviu o próprio coração batendo desesperado contra o peito, aos poucos todas as lembranças tomando conta de sua mente por completo, arregalou os olhos, tinha quase a plena certeza de que todo o seu corpo tremia inclusive suas pupilas.

Que merda eu fiz?

Essa pergunta insista em se fazer presente em seus pensamentos, Toji havia sido preso? Por céus, como você havia deixado as coisas chegarem naquele nível? Devia falar com alguém, qualquer pessoa, encontrar sua mãe, Nobara, qualquer um, e dizer que tudo havia sido um grande mau entendido, que tudo havia sido sua culpa, que ele não tinha culpa, era o temperamento dele. Levou a mão até o esparadrapo que apertava a agulha em sua veia decidia a arrancar aquilo o quanto antes de si para encontrar seu noivo; quando estava prestes a arrancar o esparadrapo a porta do quarto onde estava se abriu abruptamente, levou os olhos até lá de maneira assustada, e o viu ali, por uma fração de segundos todo o ar do mundo pareceu sumir por entre suas narinas.

   Suguru.

Geto.

Geto Suguru.

Piscou devagar, sentia sua boca seca, o olhou com cuidado para ter a plena certeza de que ele realmente estava ali rente a você, os olhos escuros dele se encontraram com os seus, ele parecia cansado mas mesmo assim um sorriso suave se formava nos lábios finos do homem, ele vestia um jaleco branco e longo, seus cabelos longos estavam presos em um coque bem arrumado, ele segurava uma prancheta em mãos.

— Bom dia, (Nome), como você está se sentindo?

   Você entreabriu os lábios sem saber muito bem o que dizer.

   — Estou bem, preciso ir embora, estou aqui por engano.

   Ele arqueou uma das sobrancelhas, andou em sua direção, você engoliu em seco encolhendo as pernas ao o que subia mais na maca.

   — Engano?

   — Sim.

   Respondeu de maneira fraca, as palavras se arrastando pela sua garganta.

   — Você não está aqui por engano, (Nome), você está completamente debilitada, levou alguns pontos na testa e está com uma das costelas fraturadas, você apagou por quatro dias, precisa ficar em observação por um tempo e de qualquer modo você vai ter que ficar aqui até que sua mãe assine a sua alta.

   Você piscou de maneira confusa.

   — Como assim até minha mãe assinar minha alta? Acho que eu já sou grandinha o bastante pra tomar conta de mim mesma.

   Geto sorriu de maneira fraca, negou com a cabeça devagar.

   — Você está em um retiro para os famosos que querem cuidar da saúde mental de modo anônimo, em outras palavras você está internada em uma clínica psiquiátrica até segundas ordens.

   — O que... como assim? Em uma clínica psiquiátrica? Eu não... Geto, vamos tire esse soro de mim e me deixe ir embora, eu preciso ver meu noivo, foi tudo um mau entendido.

   — O mesmo noivo que quase te matou?

   Ele disse de maneira séria, a expressão dele totalmente rígida, era raro você ver os olhos dele daquele modo, irritados, bem faziam um certo tempo que não se encontravam de qualquer modo, engoliu em seco sem saber muito bem o que dizer, encolheu os ombros, desviou o olhar.

   — Não adianta eu tentar explicar você não entenderia.

   — (Nome), olhe para mim — ele disse com a voz baixa, suave, você respirou de maneira pausada levantando o olhar até o homem, os olhos dele mesmo irritados continuavam ali lhe encarando de maneira gentil —, você precisa de ajuda, princesa, no fundo você sabe que o que ele fez não está certo, bem no fundo você sabe disso, sabe que ele não é e nem nunca foi o homem certo para você, quem te ama de verdade nunca te machucaria.

   Você piscou devagar sentindo seus olhos marejarem, levantou o rosto o encarando melhor ali, ele tinha uma expressão mais calma agora, você prensou os lábios devagar antes de concordar com a cabeça devagar, de modo cauteloso.

   — Eu... eu sei disso, mas eu sinto que desde a morte do Nanami ele é a primeira pessoa que realmente sentiu algo por mim, eu... não sei bem ao certo o que me faz ter essa necessidade tão grande dele.

   — Ele não foi.

   Geto disse com a voz suave, grave, levemente baixa fazendo com que aquele mesmo arrepio de anos atrás voltasse a se fazer presente em sua nuca, você piscou devagar levantando os olhos até o rosto do homem, ele estava sério lhe encarando, o rosto próximo ao seu, quase que você podia sentir a respiração dele se chocar contra seus lábios, você engoliu a seco.

   — Ele não foi o que?

   Indagou com a voz quebradiça, rouca, ele aproximou mais o rosto do seu, você fechou os olhos sentindo seus narizes se tocarem com cuidado, ele soltou a prancheta no chão levando uma das mãos até seu rosto tocando sua bochecha com as pontas dos dedos de modo cuidadoso quase como se tivesse medo que pudesse lhe quebrar com o mais suave dos toques.

   — Ele não foi o primeiro que sentiu algo por você, penso em você todos os dias, eu teria lhe procurado antes mas desisti quando descobri que estava noiva — ele disse com a voz baixa enquanto esfregava o nariz contra o seu carinhosamente, você arfou baixinho sentindo o aroma dele ali, as lembranças de vocês dois voltando a sua mente, apertou as coxas uma contra a outra, entreabriu os lábios devagar —, independente disso eu deveria ter lhe procurado porque no fundo você sempre pertenceu a mim.

   Ele disse por fim afastando o rosto e a mão devagar, voltando a arrumar a própria postura, você abriu os olhos de maneira afobada, o encarou de maneira sedenta, abriu os lábios os umedecendo antes de negar com a cabeça devagar.

   — Mas agora eu sou noiva, Geto... independente de tudo o que aconteceu eu continuo noiva dele.

   — Mas você pertence a mim.

   — Eu...

   Não pode dizer mais nada porque ele segurou seu rosto de maneira cuidadosa, seus olhos se encontraram, ele sorriu lhe encarando daquele modo, ele podia ver as suas coxas apertadas uma na outra para evitar que ficasse mais úmida do que já estava naquela momento, ele curvou o rosto novamente aproximando os lábios de seu ouvido.

   — Você. pertence. a. mim.

   Ele disse de maneira pausada e sussurrada fazendo com que seu corpo tremesse, deixou um beijo suave em seu pescoço e simplesmente foi embora lhe deixando completamente sozinha e molhada naquela maca macia.

//VOLTEI FAMÍLIA!!!!! PERDAO A DEMORA

  

𝐎𝐍𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋𝐒 ; Geto SuguruOnde histórias criam vida. Descubra agora