1.2

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Você esperou Toji ir embora aquela manhã, quando teve a plena certeza de que a porta da sala havia sido fechada e que e o som do seu carro sumindo por entre as ruas de Tóquio você finalmente tomou coragem para que andasse até o quarto que dividiam, pegasse uma muda de roupas qualquer , arrancasse o pijama e se vestisse de maneira afobada enquanto praticamente corria para fora da casa grande demais para apenas duas pessoas, Toji gostava de esbanjar para todos a riqueza e a vida perfeita que possuíam; você respirou fundo antes de abrir a porta da sala de estar e andar da maneira mais rápida que conseguia sem deixar os vizinhos alarmados como se algo estivesse acontecendo, tinha exatamente duas horas para se encontrar com Nobara na cafeteria, conversar com ela e voltar para casa antes que Toji voltasse, apenas precisava agir como se nada tivesse acontecido e tudo ficaria bem.

Tudo ficaria bem.

É, se pensasse daquele modo, se forçasse sua mente a pensar daquele modo tinha a plena certeza de que tudo realmente ficaria bem.

Sua pele estava levemente morna pelos raios solares que insistiam em se infiltrar por entre as partículas de sua derme, quase como se quisesse lhe manter aquecida naquele momento, talvez o próprio sol soubesse dos dias frios e vazios que presenciava nos últimos anos, talvez, apenas talvez, se você pensasse daquele modo a sua mente pudesse encontrar um pouco de paz no meio de toda aquela loucura que insistia em se fazer presente nos seus dias desde o dia em que Toji se instalou em si, tal qual um parasita.

Não demorou muito para estivesse frente a cafeteria que não ficava muitas quadras longe de onde morava, você respirou fundo antes de abrir a porta com cuidado escutando o sino que indicava a entrada de alguém se fazendo presente, você engoliu em seco enquanto corria os olhos pelo local pouco a pouco em busca da mulher de cabelos castanhos claros e curtos, seus olhos pararam sobre ela, estava sentada rente a uma janela bem iluminada que deixava seus fios de um tom meio avermelhado, você deu um passo a frente enquanto caminhava até ela, os olhos claros dela se encontraram com os seus, um sorriso fraco cresceu nos lábios dela antes de acenar em sua direção.

— Achei que não fosse vir.

Nobara disse com a voz fraca lhe encarando enquanto você se sentava na frente dela, sentia seu estômago se embrulhando de ansiedade, colocou seu celular por cima da superfície amadeirada da mesa fitando a tela para ter certeza de quanto tempo ficaria ali, encolheu os ombros.

— Eu disse que viria.

— Eu sei.

Ela respondeu, um silêncio se fez presente, você respirou fundo antes de levar os olhos até ela, Nobara tinha os olhos marejados, quase como se estivesse segurando o choro a eras, você entreabriu os olhos assustada;

— No, por que...

— Por que você não me contou?

Ela indagou com a voz fraca, arranhada, quase como se sua garganta estivesse acumulada com o choro, você sentiu seus próprio olhos marejarem, piscou diversas vezes tentando afastar as próprias lágrimas.

— Porque eu sei que eu estou errada, eu sei que isso não é certo, No... eu... — sua voz travou, sentiu um líquido quente escorrer pela derme de sua bochecha fazendo com que um arrepio ficasse ali, seu estômago dando voltas sem parar, entreabriu os lábios sem conseguir falar, não demorou muito para que fosse tomada por um choro tão forte que fazia com que seu corpo inteiro começasse a tremer — Eu... eu não sabia como te contar... não sabia como te contar sem parecer uma... uma idiota por ainda querer ficar com ele.

Disse por entre o choro soluçado, não demorou muito para que Nobara começasse a chorar alto também chamando a atenção do restante das pessoas da cafeteria, ela praticamente pulou a mesa que lhes separava sentando sobre o seu colo e abraçando seu corpo com força, ficaram daquele modo por alguns minutos enquanto choravam de maneira alta se olhando.

— Eu nunca... nunca... nunca acharia você uma idiota, (Nome), eu amo você, eu estava com medo, morrendo de medo do que aquele imundo poderia estar fazendo com você.

Ela disse aos prantos.

— Me desculpa.

Você também disse aos prantos enquanto seus olhos se encontravam com os de Nobara, levou as mãos até o rosto dela o secando com cuidado enquanto ela fazia o mesmo com você, um sorriso fraco surgiu nos lábios dela.

— Não precisa se desculpar, nada disso é sua culpa, eu quero te ajudar, está bem?

— Está bem.

— Vamos dar um jeito nisso tudo, eu vou pensar em tudo, preciso voltar para o trabalho mas vou ficar com o celular na mão o tempo todo se algo acontecer novamente me mande mensagem na hora, ok?

— Vou mandar.

— Promete?

— Prometo.

Você sussurrou enquanto juntavam os mindinhos com cuidado, não demorou muito para que Nobara saísse de cima de você e sorrisse uma última vez antes de deixar a cafeteria para trás, você respirou fundo encarando a tela do celular, ainda tinha tempo, se levantou da mesa e andou de maneira calma na direção da própria casa sentindo que havia tirado um peso enorme dos ombros, finalmente havia contado a alguém, finalmente havia tomado coragem para dar o primeiro passo para se ver longe daquele inferno.

Não demorou muito para que estivesse rente a casa grande demais, abriu a porta com cuidado e entrou retirando os sapatos dos pés e andou de maneira preguiçosa na direção da sala de estar, apenas precisava arrancar aquelas roupas e devolver o pijama no corpo para que Toji não desconfiasse de nada.

— Onde você estava?

Uma voz grave se fez presente, seu corpo inteiro gelou, seus pés estacaram no chão, virou o rosto devagar para o lado se detendo com o homem grande e de cabelos escuros como a noite sentado na poltrona no canto da sala, entreabriu os lábios devagar sentindo seu corpo inteiro estremecer, queria correr mas seus pés não obedeciam seu corpo naquele momento.

— Fui tomar um café.

Disse com a voz falha, ele soltou um riso baixo enquanto se levantava da poltrona.

— Eu perguntei com quem você estava, (Nome).

— Com ninguém.

— Com ninguém?

— Sim.

— Por que diabos então eu recebi uma ligação de um dos editores informando que viu você com uma mulher na cafeteria hoje?

Seu corpo inteiro gelou, deu alguns passos para trás sentindo seu coração bater de maneira quase que desesperada, tirou o celular do bolso rapidamente abrindo o contato de Nobara ligando para a mesma antes que Toji corresse até você arrancando o aparelho de sua mão antes de o jogar no chão com tamanha força que foi possível escutar ele se espatifando, tentou correr mas foi impedida ao o que ele agarrou seu cabelo com força lhe puxando antes de jogar seu corpo contra a parede fazendo com que batesse forte a cabeça.

Depois daquilo as memórias ficaram bagunçadas, apenas alguns lapsos, se lembrava que havia gritado, se lembrava de Toji, das mãos pesadas, do som alto da sirene se fazendo presente, do seu rosto todo molhado com um líquido vermelho, se lembra de ver sua mãe correndo em sua direção e Nobara gritando enquanto Gojo estava em cima de Toji o espancando, depois de tudo aquilo as memórias pareciam sumir entre elas mesmas, estava em uma ambulância e ao mesmo tempo em uma espécie de quarto isolado.

Mesmo que fosse estranho dizer aquilo também se lembrava do rosto de Geto, ele andava de um lado para o outro com um jaleco branco, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo bem arrumado, conseguia sentir os dedos longos dele acariciando seu couro cabeludo com cuidado, a voz suave dele se fazendo presente.

— Ninguém nunca mais vai tocar um dedo em você, princesa, eu prometo.

𝐎𝐍𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋𝐒 ; Geto SuguruOnde histórias criam vida. Descubra agora