Capítulo 38: Mães

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Na relação entre mães e filhos há bastante amor e carinho... mas nem sempre compreensão.

Lucas estava sentado no banco de trás, apreensivo, não sabia o que esperar de sua mãe naquele momento. Normalmente, ele sentia-se leve perto dela ou de seu pai, mas isso não está ocorrendo neste momento.

- O que foi, Lucas? Parece nervoso. - Sua mãe pergunta, o que o deixa confuso e um pouco irritado. Estaria ela se fazendo de inocente? Ou realmente este pequeno encontro não seria nada demais?

- Nada não... - Ele responde de forma rápida, mas angustiante.

O motorista de aplicativo seguia sua viagem, sem se importar com a tensão familiar que estava em seu carro. Mas não tinha como não sentir aquele clima. Decidiu, então, ligar o rádio que funcionou como uma música ambiente até a chegada do destino, um restaurante no bairro de brotas.

Ambos entraram e escolheram uma mesa próximo de uma janela, tinha uma bela vista para a Av. Bonocô. O nervosismo de Lucas era visível.

- Então, meu filho, me conte as novidades... Tem tanto tempo que não nos falamos direito! Ando meio ocupada demais com o trabalho. - A mãe diz, tentando melhorar o clima.

- Eer, acho que nada... O torneio dos colégios está perto e eu estou um pouco preocupado com o 'depois do colégio', mas nada muito grave. - Ele diz meio desconsertado.

- Ah, depois do colégio tem a faculdade, o que você gostaria de fazer? Acho que nunca lhe perguntei isso. - Clara comenta de um jeito leve.

- Eu penso sobre Biologia ou Educação Física. - Antes que sua mãe falasse algo, um dos garçons do estabelecimento veio anotar os pedidos. Após sua saída, mais alguns minutos de silêncio, até que o celular de Clara começa a tocar.

- Alô?

- Amor? Eu vim aqui no hospital e me disseram que você saiu mais cedo. Está tudo bem? - Lúcio perguntou preocupado.

- Sim, estou bem sim. Decidi só almoçar com nosso filho hoje. Bater um papo.

- Com o Lucas?

- E temos outro filho, por acaso? - Ela disse rindo.

- Não, não... mas é meio estranho. Você nunca fez isso e resolveu fazer hoje.


Na casa do Pedro, o garoto estava olhando pela barra de notificações a mensagem do Kayque perguntando se ele ainda estava no colégio. Peu estava se controlando, não queria responder a mensagem, não queria entrar neste drama que o universo insistia em lhe inserir. Mas não adianta. Ele está inserido.

- Pedro? - A mãe dele abriu a porta de seu quarto devagarzinho.

- Oi, mainha, o que foi?

- Você pode olhar sua irmã um pouco? Preciso ir ali no banco rápido depositar um dinheiro... - Ela parou por um breve momento e observou seu filho deitado na cama. - Está bem, filho?

- Oxe, como assim? - Ele perguntou sem entender.

- Pedro, eu te conheço. Sei quando você está preocupado com algo – Ela diz apertando os lábios na esperança de que seu filho deseje se abrir com ela igual fazia quando era mais novo.

Pedro realmente deseja falar sobre essa situação com sua mãe, mas tinha receio. Ele havia acabado de contar a ela sobre seu namoro com outro garoto, não queria entrar no clichê "filho gay, melhor amigo da mãe". Mas ele era esse clichê. Ele suspira levemente e finalmente desabafa...

- A senhora já ficou dividida entre duas pessoas? - Sua mãe levantou a sobrancelha, meio sem reação.

- Ahn, acho que não – Ela disse enquanto sentava-se na cama. - Você está passando por isso?

O Importante é ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora