Capítulo 42: Didático

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Após o meu pedido impulsivo, notei que o Peu ficou tenso e me senti culpado por ser o causador disso. Parece um ciclo interminável, mas eu não irei desistir.

- Me desculpe, fui idiota neste pedido. Ainda assim, é o que eu gostaria de verdade. - Juntei minha testa na dele e lhe dei um beijinho, que virou dois, três, quatro... e um abraço fofo.

- Kayque, eu não sei o que fazer. Você é tão especial e o Lucas também... - Ele fala enquanto fica tateando palavras e coça levemente o cabelo. Claro sinal de nervosismo.

- Eu quero ir embora. Eu estou me sentindo mal comigo mesmo por ter permitido tudo o que aconteceu. - Seu olhar estava perdido na imensidão do mar. Isso me chateia.

- Não se sinta culpado, Peu. Mas eu não desistirei de ficar contigo.

- É, eu sei. Você já disse isso várias vezes. Está até parecendo personagem de anime, falando todo episódio que vai virar alguma coisa.

- Pois bem, tal qual o Luffy querendo ser o Rei dos Piratas, eu quero ser o seu Rei. Assim como o Naruto sonha em ser Hokage, eu planejo ser o Peukage!!

Ele simplesmente riu e o clima tenso diminuiu bastante.

- Não acredito nisso, meu Deus. Você é muito besta! - Disse, ainda sorrindo.

- Eu só quero seu bem e, pode ser arrogância de minha parte, mas creio que eu seria esse bem.

- Arrogante sim e convencido também. - Ele comprovou, olhando diretamente para mim, e eu fiquei tentado em beijá-lo novamente. Essa leve brisa do mar, o som das ondas batendo nas pedras, alguns barcos ali presentes. Tudo culmina em um beijo. Devo me deixar levar por tais desejos?

Antes que eu terminasse meu pensamento, ele pega seu celular e diz que pediria um carro. Comentei que não precisava, mas ele insistiu pois, segundo o próprio, eu já havia "pago coisas demais". Eu nem me importo. Não com ele.

Caminhamos até a calçada, em uma parte mais movimentada e o carro chegou. Um Celta preto, quatro portas. Brilhante e bonito. O motorista se chama Paulo e possui uma boa pontuação no aplicativo.

Entramos, demos boa noite e ele seguiu a viagem. Na rádio, estava sintonizado na GFM 90,1. Uma ótima estação!

- Querem eu mude a estação ou desligue o rádio? - Paulo perguntou e me surpreendeu. Quantos motoristas possuem esta consideração hoje em dia?

- Não, tranquilo. E pra você, Peu?

- Ah, eu gosto dessa rádio. Pode deixar sim.

Ainda em um clima musical, Do What You Do começou a tocar. Nunca gravo o nome desse cara, mas acho que é um irmão do Michael Jackson.

- Essa música é melancólica, não acha? - Peu me pergunta, enquanto um ventinho fresco da orla de Salvador entrava pela janela.

- Sim, é sim. Mas é meio bonitinha também - Falei com um olhar pausado nele, nem que me percebeu, pois está focado na paisagem em movimento. O motorista deu uma olhada em nós pelo espelho retrovisor. Por incrível que pareça, não liguei.

Coloquei meu braço ao redor do Pedro, que observou com estranheza. Fez sinal com o olhar para o motorista, mas dei de ombros. O que ele poderia fazer? Nos por para fora? Se bem que, infelizmente, até seria possível.

A música terminou e o radialista informou o nome do cantor: Jermaine Jackson. Realmente, um irmão do Michael.

Não sei se era algum tipo de programa especial com músicas melódicas, mas tocou outra neste estilo logo em seguida – Please, Don't Go. Enquanto o som rolava, Peu deitou-se em meu ombro e ficamos assim apenas curtindo as músicas desta playlist. Após alguns minutos, ele adormeceu. Tão fofo.

O Importante é ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora