Capítulo 15: Acontecendo nada, ao mesmo tempo, em que está acontecendo muito.

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Sexta, sextou como dizem, mas será que será um bom dia? Essa semana foi agitada, ocorreram coisas que eu nunca imaginei que fossem ocorrer, a ficada com o Jorge, o ataque homofóbico que recebi do pai do Kayque, o beijo do Kayque em mim e a minha revelação para o Lucas... Fiquei deitado pensando nisso tudo, eu não tive tempo de processar essas coisas, foi uma atrás da outra.

Estou mal.

Estou mal porque o que eu passei essa semana foi forte, foi pesado, eu fiquei paralisado, não conseguia falar, não conseguia me mexer, não conseguia ter reação alguma. Se ele tivesse partido para uma agressão física como eu iria reagir? Se não fosse o Kayque eu não sei o que seria de mim ali naquele momento, pensar que isso acontece com tantos outros e sem ninguém para defender é revoltante. Deitado eu permaneci e chorei, chorei de tristeza e raiva por não ter conseguido reagir naquele dia. O efeito foi tanto que fez a minha ansiedade atacar e, graças a isso, acabei falando demais pro Lucas, ele não lidou bem com o fato de eu ser podólatra, disso eu tenho certeza.

Finalmente levantei, enxuguei as lágrimas e ia entrando no banheiro quando vi minha mãe sentada no sofá, achei estranho e fui falar com ela.

- Mainha, tudo bem?

- Escuta filho, tá tudo bem com você e aquele seu amigo, Kayque?

- Tudo sim, por quê?

- É que ontem eu estava no mercado aqui do lado, encontrei o pai do Kayque, falei com ele e ele só falou um oi, bem seco, achei estranho, parecia com raiva ou algo assim, achei que algo aconteceu entre você e o filho dele.

Subiu um calafrio em mim, mal acordo e já recebo essa na "caixa dos peitos", fiquei sem reação, senti medo.

- Não aconteceu nada entre a gente, o pai dele só deveria estar num dia ruim. - Por fim, respondi.

- Entendi, é que tive uma sensação estranha... mas, tudo bem, vai logo tomar banho que já tá na hora de você sair. - Ela falou já voltando ao modo mãe.

Durante o banho continuei pensando no que minha mãe comentou, nunca passou pela minha cabeça que o pai do que poderia falar algo para minha mãe, não quero que ela saiba sobre mim desse jeito. Depois que me arrumei peguei meu celular e fui pra sala tomar café, vi que tinha uma mensagem do Lucas, meu coração quase salta para fora, abri o whats para finalmente ler o que ele digitou:

- Bom dia Pê, dormiu bem? Escuta, não pra escola hoje não, meio mal, tenha um ótimo dia lá, depois me conta o que rolou, bjos.- Eu sabia, o motivo dele não ir hoje é justamente pela minha revelação de ontem, certeza... eu o assustei, ele deve estar querendo ir se afastando aos poucos.

- Oi, dormi sim, tudo bem, melhoras, se cuida :) - Respondi.

Tomei café me controlando para não chorar, estava me sentindo muito pesado, minha irmã chegou e me abraçou, do nada, amo essa criaturinha.

- Pedro, como tô saindo mais tarde hoje você quer uma carona? - Minha mãe perguntou.

- Sim, claro, melhor do que pegar ônibus.

- Certo vou só terminar de arrumar sua irmã, termina ai e escova os dentes.

- Eu sei, mãe, não tenho mais 8 anos, não vou sair com a boca suja hehe

- Força do hábito - Ela disse passando a mão na minha cabeça e me dando um beijo na testa.

Na entrada do elevador acabo vendo o Jorge se aproximando, eu meio que gelei já que minha mãe estava do meu lado, ele sorriu pra mim.

- Bom dia

- Bom dia - Respondemos eu e minha mãe no mesmo segundo.

- E ai Pê, tudo bem? - Ele me pergunta com um sorriso fofo.

O Importante é ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora