26. Confiança

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Saímos do filme congelando, como não tínhamos almoçado, paramos na praça de alimentação e fomos pedir comida de verdade, segundo a Lu.

- Uma porção de arroz, feijão e carne?

- Sim, completa com farofa e vinagrete.

Bia respondeu.

- Quer um queijinho, Isa? Não tem opção de nada vegetal, só carne.

- Pode ser, pede batata frita?

- Tudo bem, só? E para beber?

- Suco de laranja.

Todas concordamos e Lu foi fazer o nosso pedido.

- Que bom aqui fora é bem mais quentinho.

Estavamos sentadas em um sofazinho mais escondido, dava para ficarmos mais próximas sem chamar atenção.

- É, sim, gostou do filme?

- Sim, eu amei!

Ela sorriu.

- Mas, Bia, eu não tô com muita fome, comi pipoca e chocolate.

- Nós também não, mas hoje por conta do feriado, o lugar está cheio, vai demorar muito para chegar.

Dei uma olhada no lugar, estávamos em uma mesa ao lado de um grande vaso de planta, uma das poucas vazias.

- Hum, verdade. Enfim, me conta mais da Lu, quero saber pelo seu ponto de vista.

Pedi animada.

- Da Luiza rebelde ou da nossa história?

- Das duas.

- Bom, sempre ouvia falar dela pela boca dos outros, já que sempre estudamos em escolas diferentes e eu não dava bola para ela. Luiza tinha o cabelo comprido e as pontas coloridas, vivia trocando de cor, inclusive. Vestia aquelas camisetas cortadas de heavy metal, usava a maquiagem borrada e só andava com fones. Ela também não falava com ninguém sem ser seus amigos, que não eram boas pessoas.

O que fizeram com a Luiza?!

- Como ela é hoje esse ser humano?

- Ela só fazia aquilo para irritar os seus pais, não acho que gostava mesmo, gostava do desafio de ir contra as regras conservadoras deles, de ter algum controle.

Começou a ter um pouco de peso na voz.

- Com isso, só na faculdade que nos conhecemos mesmo, já era bem diferente, tanto aparência como hábitos e amizades. Ela sempre foi muito inteligente, veio de escola particular e tudo, era uma ótima aluna.

- Imaginava isso, sempre achei ela muito inteligente.

- E é! Na faculdade ela começou a mudar mais, a ser mais sociável e ficar caidinha por mim, completamente, nem disfarçava!

Nós rimos.

- Sério?

Isso é engraçado e fofo ao mesmo tempo.

- Sim, no início, via ela me secando de longe, na cara dura, eu gostava da atenção, mas continuava não dando bola. Nossos amigos em comum ficavam tentando nos apresentar, mas eu não era de sair, então sempre negava.

- Ela nunca falava com você?

- Sim, falava, sempre foi direta, vinha até mim e passava a mão em meu rosto ensaiando para um beijo e tudo, mas eu sempre fugia, ficava sempre longe dela.

É até engraçado imaginar a cena.

- Eu tinha muito medo de nos verem juntas, então não falava muito com ela em público. Acho que isso a deixava insegura, então ela precisava sempre de uma afirmação, afirmação de que eu ainda estava alí.

Meus amores | [BDSM]Onde histórias criam vida. Descubra agora