CAPÍTULO 16

1.7K 154 28
                                    

EXTRA DE BASILTON
[•••]

    Basilton podia contar nos dedos das mãos as pessoas com quem já havia se relacionado. Demônios eram seres que precisavam de sexo tanto quando precisavam de água, mas Baz ficava incrivelmente satisfeito em se aliviar usando as próprias mãos e a imaginação no interior tranquilo do seu quarto confortável.

    Baz não era do tipo de gostava ou tinha tempo de sair por aí procurando aventuras e amores. A única coisa que ele gostava definitivamente de fazer era trabalhar para Mamon e cuidar das suas propriedades de todas as formas que conseguia. Ele era incrivelmente grato por o príncipe infernal tê-lo acolhido séculos atrás, trazendo-o para o seu domínio infernal e o impedindo de se tornar um renegado sem lugar ou reino para ficar. No início Basilton tentava fazer tudo que conseguia para agradar o príncipe infernal por pura gratidão, mas com o passar das décadas eles foram se tornando curiosamente amigos (do tipo que gostam de se xingar e trocar farpas). Mamon o via de igual para igual, sem se importar em ter as suas provocações devolvidas na mesma moeda, e além disso, Mamon o respeitava e jamais o chamara de "demônio inferior", "de baixo escalão" ou qualquer coisa do tipo, o que deixava o secretário incrivelmente grato.

    Baz era responsável por cuidar da papelada do reino infernal do demônio e cuidar dos seus problemas administrativos. Basilton basicamente lia todas as correspondências de Mamon e às colocava em ordem, do mais importante para o que poderia esperar para depois, além de separar o que precisava ser assinado pelo seu chefe e jogar fora o que era bobagem.

    Nos últimos tempos ele havia recebido cartas insistentes do reino de Carreau, avisando que queriam uma visita formal ao reino de Mamon (porque ao contrário do que Leviatã fez, pessoas de outros reinos não podiam simplesmente invadir territórios assim sem mais nem menos), mas Basilton não entendia porque diabos Carreau queria enviar alguém para lá, e além disso, Mamon estava bastante ocupado com o filho e Landon para receber qualquer visita diplomática. Baz descartou as várias cartas na pilha que havia no enorme cesto perto da mesa do escritório de Mamon. A pilha era tão grande que aqueles documentos e cartas provavelmente só seriam lidos dali duas décadas (isso se fossem lidas antes de irem pro lixo).

   Naquele dia, Baz estava arrumando as espreguiçadeiras do lado de fora da mansão. Ele não costumava fazer trabalhos braçais, mas tinha uma mania de organizar tudo à sua volta, principalmente quando não estava fazendo mais nada à não ser andando de bobeira por aí. Ele estava tão concentrado em alinhar as poltronas e cadeiras que sequer notou quando alguém se aproximou pelas dunas, parando à poucos metros de distância e ficando parado alí, observando o belo e fofo demônio azulado entretido ajeitando as coisas do terraço.

    — AAAAH!! — Basilton tomou um susto tremendo quando viu o rapaz parado logo ali, o observando com curiosidade. — Q-QUEM É VOCÊ?!

   — Sou Tristan, filho de Carreau. Mandei várias cartas para cá, mas não obtive resposta, então resolvi vir mesmo assim. — Disse o bruxo negro, que era sobrenaturalmente bonito.

   — Ah, joguei suas cartas fora. — Baz disse antes que sequer percebesse, tampando a sua boca rapidamente logo em seguida.

    — Quem é você? — Curiosidade e interesse brilhava nos olhos do bruxo, enquanto ele dava um passo para a frente.

    — Sou secretário de Mamon. — Respondeu Baz vagamente, enfiando as mãos nos bolsos da calça.

    — Qual seu nome?

    — não é da sua conta. — Basilton respondeu, surpreso com aquele interesse presente no belo rosto do bruxo. O demônio soltou um rosnado e começou a andar em direção a mansão, sendo seguido por Tristan, que abriu um pequeno sorriso e lançou um olhar demorado para a bunda de Basilton, completamente admirado com o quão lindo e peculiar era aquele demônio fofo de pele azul, que claramente não estava interessado, mas Tristan adorava um desafio.

[•••]

A SOMBRA DO CORVO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora