CAPÍTULO 15

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   Demorou longos e torturantes minutos ter que Amon finalmente conseguisse achar a saída, pois a casa do seu pai parecia um labirinto de corredores e escadas. O bruxo deu de cara com vários empregados e outras pessoas que Amon não sabia dizer se eram demônios ou simplesmente pessoas normais, mas todos curiosamente pareciam ser gente boa e o cumprimentam com um pequeno aceno de cabeça. Ele tentou seguir a dica do pai seguir pelos corredores mais largos, mas para Amon todos os corredores pareciam ser exatamente iguais!!

    Quando finalmente chegou na entrada da construção, Amon correu até as enormes portas de cristal e finalmente saiu da mansão. Se o interior do lugar era a coisa mais impressionante que o bruxo já vira, o lado de fora tomou esse posto rapidamente assim que os olhos dele assimilaram o que ele estava vendo.

     Como nunca havia vivido em algum lugar que não fosse coberto de neve, Amon ficou completamente abismado como os imensos desertos que se estenderam diante dos seus olhos. Não eram exatamente desertos sem vida, mas a mansão de Mamon ficava no meio de uma série de dunas altas, repleta de árvores frutíferas bem diferentes dos pinheiros e sequoias com que Amon estava acostumado. Frutas grandes, suculentas, coloridas e definitivamente de clima tropical podiam ser vistas em todos os galhos das árvores, mas a visão de Amon se moveu para os enormes lagos azul cintilantes que se estendiam logo depois da mansão, e no limite de onde sua visão alcançava, ele conseguia ver cadeias de imponentes montanhas.

    Amon avistou uma figura morena à poucos metros de distância, sem camisa e de costas para ele, sentado no limite do terraço, onde a área pavimentada dava lugar à um dos lagos. O coração de Amon deu uma martelada desenfreada enquanto ele encarava Benjamin, que estava com os pés dentro da água azul.

     O bruxo não estava acostumado com o calor natural daquele lugar, mas saboreou a brisa quente e fresca que bateu no seu rosto enquanto ele desatou à correr na direção do outro rapaz.

     — B-BEN!! — gritou ele, fazendo o outro virar rapidamente para trás, surpreso ao ver Amon finalmente acordado. Quando estava perigosamente perto de Benjamin, o bruxo escorreu na água que estava espalhada pelo terraço, perdendo o controle dos passos e caindo em cima do outro, levando-o consigo numa queda brusca que os levaram até o lago límpido morno.

     Os dois afundaram na água quente numa confusão de braços e pernas. Amon exclamou algo inaudível ao ser envolvido pelo calor delicioso daquele lago, que era completamente diferente de tudo que ele já tinha sentido antes. Amon passou os seus braços pelo pescoço de Benjamin, que agarrou sua bunda de forma possessiva e o ajudou a chegar até a superfície, onde ficarem flutuando e encarando um ao outro por vários segundos.

    Amon inspecionou rapidamente o corpo moreno de Benjamin, que não tinha nenhum corte ou sequer cicatriz. Ele envolveu as pernas ao redor da cintura do moreno, que apertou a cintura do bruxo com força em resposta.

    — Seu pai me curou. — Explicou Benjamin, com um pequeno sorriso no rosto, antes de erguer uma das mãos e colocar algo na cabeça de amon, que percebeu se tratar da coroa, que provavelmente havia caído quando caíram no lago. — Ela combina com você.

   — O-obrigado. — Gaguejou Amon, encarando os olhos escuros do outro, que retirou algumas mechas do seu cabelo branco do rosto. Benjamin aproximou os seus lábios dos do bruxo e o beijou com ternura, acariciando a sua cintura e entrelaçando a sua língua contra a dele. O beijo profundo e molhado demorou bem menos do que Amon queria, fazendo-o soltar um grunhido de desgosto, agarrando o cabelo preto e molhado do outro.

    — Você ficou desacordado por três dias. — Benjamin explicou, fazendo Amon revirar os olhos, apesar da surpresa. Ele voltou a beijar o humano de forma profunda e carinhosa. Apesar do contato e dos beijos molhados, não havia qualquer insinuação sexual naquilo. Os dois estavam mais focados em ter realmente certeza de que o outro estava bem que sequer se lembraram de sexo. Isso ficaria para depois.

    — Meu pai simplesmente trouxe você para cá? — Questionou Amon, enquanto era levado por benjamin até a beirada do terraço, nas margens do lago. Ele colocou Amon sentado e se posicionou entre as pernas do bruxo, com seus corpos completamente grudados e as roupas coladas neles como uma segunda pele.

     — Ele meio que pretendia me curar e me deixar lá na neve, trazendo apenas você. Mas eu fiz um trato com ele. — Benjamin explicou calmante, arrancando a camisa branca e molhada do outro rapaz.

    — O-O QUE?! QUE TIPO DE ACORDO?! — Amon exclamou, puxando o cabelo curto de Benjamin e aproximando ainda mais os seus rostos.

     — Agora você e eu estamos conectados. E eu não posso me afastar de você. Sou completamente seu agora, Amon Ophir, príncipe do reino de Mamon, o demônio das riquezas. — As mãos de Benjamin passearam pela pele branca do bruxo, que parecia brilhar sobre a luz forte do sol, que naquela dimensão parecia ser quatro vezes maior do que na dimensão em que estavam antes.

     — Foi um preço bastante grande para vir para cá. — Amon disse, encarando os olhos escuros do outro.

    — É aí que você se engana, Amon. Não houve preço algum, pois eu já era seu de qualquer forma. — Benjamin negou levemente com a cabeça, abrindo um pequeno sorriso. Amon soltou o ar pela boca e sentiu o seu coração martelar de forma descompassada, sem conseguir conter o sentimento poderoso que surgia no seu peito. Os dois rapazes voltaram à se beijar com vigor, com o primeiro indício de tesão reverberando pelos seus corpos enquanto exploravam a boca um do outro. Eles estavam quase terminando de arrancar as roupas e foder ali mesmo, quando foram interrompidos por sons um tanto estranhos.

     Eles separaram suas bocas e olharam para o horizonte, encontrando uma pequena caravana que parecia ter certa de 50 pessoas. Todos estavam vestindo cores escuras, e a maioria deles pareciam ser soldados. Alguns estavam à cavalos, outros montando felinos gigantes, e outros estavam à pé mesmo. Um dos guardas que estavam à cavalo carregava um estandarte grande, cujo o símbolo era um lobo negro um tanto assustador.

     Os dois jovens observaram as pessoas se aproximarem, enquanto saiam da água e ficavam lado à lado, completamente molhados e sem quase todas as roupas. Eles estavam completamente focados no homem que andava mais à frente, montado num gigantesco lobo marrom escuro. O homem claramente era um demônio, pois sua beleza sobrenatural era definitivamente inumana. Ele possuía traços elegantes, e tinha uma pele marrom dourada.

    Amon e Benjamin observaram o grupo parar à uns trinta metros, então apenas o líder deles, o homem que estava no lobo, seguiu à diante pelo terraço. O som dos passos do lobo contra os tijolos do chão fazia um arrepio subir pela espinha de Amon, que não fazia ideia se aquele homem era um aliado ou um inimigo. Felizmente, o lobo parou à pouco mais de três metros de distância dos jovens, então o demônio desceu das suas costas, vestindo uma armadura de metal e com uma coroa elegante cuidadosamente colocada sobre os seus cachos pretos. Ele carregava outra coroa em uma das mãos, essa sendo bem menor e menos chamativa que a que repousava sua cabeça.

     — Leviatã. O que faz aqui? — Mamon se materializou ao lado dos dois rapazes, fazendo Amon soltar um suspiro de puro alívio. O seu pai abriu um pequeno sorriso, mas parecia claramente tenso, de um modo como o bruxo jamais havia visto antes.

     — Vim ver meu herdeiro.

     — Deve estar enganado. Há apenas o MEU herdeiro aqui. — Rosnou Mamon, dando um passo para a frente. O demônio moreno riu.

     — Não estou falando do seu garotinho pálido. Estou falando daquele alí, Benjamin. Meu filho. — Leviatã explicou calmante, dando um passo para a frente para colocar a coroa na cabeça de Benjamin, que alternava o olhar entre Amon e o demônio moreno na sua frente, completamente atônito.

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A SOMBRA DO CORVO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora