CAPÍTULO 04

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   Landon só conseguiu chegar no porto na noite do dia seguinte, por volta das 2:00 da madrugada. Ele já estava pelas redondezas desde à tardezinha, mas resolveu esperar até o mais tarde possível para finalmente andar pela praia até o cais. Ele não tinha um casaco com capuz que conseguisse esconder a sua cabeleireira de cachos volumosos e ruivos, e embora ir até lá naquele horário passasse certa segurança, o rapaz não deixou de ficar nervoso.

     A noite estava iluminada pela gigantesca lua crescente que se exibia logo acima da linha do horizonte, junto com as milhares de estrelas brilhantes que teciam um pontilhado sem fim contra a escuridão do céu. A maré estava alta, e o barulho das ondas, assim como o cheiro levemente salgado da maresia, faziam com que Landon soltasse um pequeno suspiro enquanto caminhava pela areia fofa em direção ao porto, já observando de longe o movimento do lugar. Uma brisa fria vinda do mar bagunçava os cachos do rapaz, que balançou levemente a cabeça para os lados para fazer com que a cabeleira ruiva cobrisse as orelhas e às deixasse longe do frio.

      Não demorou mais do que alguns minutos para Landon chegar perto o suficiente do cais para observa-lo com mais atenção, tentando lembrar de onde ficava todas as lojas, barracas e pontos que deveria evitar de forma cuidadosa, já que fazia um bom tempo desde que havia ido até ali.

     O lugar era pouco iluminado e as pessoas pessoas falavam baixinho, com não muito mais que sussurros, como se o som produzido fosse alto demais, todos fossem presos (apesar de não ter ninguém ali para prendê-los precisamente). O porto era onde barcos enormes e imponentes vindos de outros continentes atracavam, com seu enorme cais de madeira sendo tomado centímetro por centímetro durante à noite de tantos vendedores. A maioria das "lojas" aram barracas e tendas, pois essas poderiam ser montadas e desmontadas facilmente em um curto intervalo de tempo, então os donos poderiam sumir na madrugada exatamente como chegaram. Outros preferiam algo mais simples e colocavam simplesmente um cobertor no chão e espalhava os seus produtos por cima. E ainda haviam aqueles que não eram comerciantes, mas que tinham uma coisa valiosa para vender, esses precisavam caminhar pelo porto oferecendo até encontrar alguém disposto a comprar (Landon se encaixava exatamente nessa modalidade, e como não conhecia absolutamente ninguém alí para ajuda-lo, teria de arranjar alguma forma de vender as benditas pedras).

    Quando o rapaz finalmente chegou até as primeiras barracas e tendas, foi automaticamente bombardeado de todos os lados por inúmeras propostas de venda ou troca. Os vendedores eram absurdamente insistentes e diziam que caso ele não tivesse dinheiro, poderiam trocar os produtos por quaisquer outros objetos (levando em conta duas coisas: se você estava alí nas docas, ou você tinha dinheiro para comprar alguma coisa, ou tinha alguma coisa para ser vendida. Ninguém iria ser expor ao perigo daquilo só por curiosidade).

     Landon negou rapidamente as ofertas com um aceno negativo e um sorriso amarelo, sentindo olhares serem lançados diretamente para aquela pequena bolsa presa nos passadores da sua calça, que parecia ser bem pesada, pois cada uma das pedras de invocação eram arredondadas e levemente menores que ovos de galinha. O rapaz engoliu em seco e continuou caminhando rapidamente, porque se pensassem que o que havia ali dentro era ouro, prata ou até bronze, as coisas poderiam ficar bastante feias para ele (roubos e brigas generalizadas eram bastante frequentes ali, e aconteciam com uma naturalidade absurda, pois ninguém queria se envolver na briga de outras pessoas e para-las).

    Landon continuou divagando entre as barracas e observando com curiosidade todas as coisas que estavam expostas alí. Uma bancada cujo a dona era uma senhorinha com um cabelo incrivelmente azul (apesar de ser perceptível que era pintado) vendia uma porção de correntes e amuletos que, segundo ela, serviam para proteção. Outro vendedor tinha velas coloridas grandes, com a cera entalhada em diversos formatos que variavam de caveiras e pássaros à membros masculinos e atos obscenos. Algumas pessoas vendiam coisas bem mais simples, e enquanto continuava caminhando, Landon demarcou mentalmente uma tenda que vendia grossos cobertores e roupas masculinas novas. Ele poderia trocar pelo menos umas duas ou três pedras por aquilo se o comerciante estivesse disposto, pois o rapaz sequer tinha uma moeda de bronze nos bolsos.

A SOMBRA DO CORVO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora