— Você viu a Amélia? — Chace me perguntou quando retornei ao carro.— Ela não estava comigo. — Abri a porta do carro e escorreguei para o banco do carona. Eu sentia que Chace ainda me olhava em questionamento. — Eu não sou babá dela, eu estava com Cristina.
— Claro. — Ele torceu o nariz e deixou o carro. Eu saí para segui-lo.
— Onde você vai? — Perguntei mesmo sabendo a resposta.
— Vou procurar a Amélia.
— Cara, ela é bem grandinha não é? E com toda certeza já sabe o caminho de casa. — Ele se virou rapidamente e o seu indicador se esticou na minha direção.
— Escuta só, se você não está nenhum um pouco preocupado, está bem, volta para o hotel e finja que não partiu o coração dela o verão inteiro. — pressionei os lábios, ele não estava mais falando da nossa situação atual, estava falando da raiva que senti por magoar a irmã dele. — Mas estou cansado de você, das suas bobagens desde que a gente se conheceu, não somos mais adolescentes, e eu queria que você agisse com mais respeito quando se trata da minha família, da família que te acolheu quando você precisava.
— Certo. — Eu sussurrei. — Pensei que tivesse feito isso de bom grado, porque gostava de mim, da nossa amizade, mas estou vendo que não, você só queria provar que podia ser uma boa pessoa desde o acidente.
Chace ficou pálido, os olhos se arregalando.
— Não vou te culpar, também não vou te julgar, mas não finja que é meu amigo quando na verdade só está reprimindo a culpa que está sentindo.
— Timothée eu...
— Eu criei essa banda, e posso muito bem tirar você dela. — Bati no ombro dele em aviso. — Eu não preciso aturar você e suas ameaças Chace. Eu te perdoei depois do meu acidente, eu sei que não fez por querer, ou fez?
Os lábios dele se apertaram.
— Estou saindo mãe! Tenho ensaio com a banda. — Mamãe estava no andar de cima, não saía do quarto a dias, eu havia me acostumado em estar sozinho pelos cômodos e acomodado pela tristeza. Rabisquei um papel e deixei na geladeira com um prato de sanduíche para ela.Eu não estava muito animado para o ensaio, levando em conta que sabia que Amélia estaria lá e depois do que fiz, ela não queria olhar nos meus olhos nunca mais.
"Eu nunca mais quero olhar na sua cara, eu confiei em você, confiei no nosso relacionamento e você simplesmente ficou com a minha melhor amiga!"
Amélia e eu tínhamos terminado um mês de relacionamento, o que não era muita coisa para alguém que nunca esteve em um relacionamento antes, eu prometi que nunca mais me envolveria com mais ninguém, eu não estava disposto a perder meu tempo.
Saí de casa, estava começando a chover, a garoa fina se transformou em uma chuva densa, voltei para pegar o guarda chuva e corri pelas poças. Sentia o frescor intenso soprando em meu rosto, a brisa fria abraçando minha pele.
Os faróis do carro cruzavam a avenida, de um lado e outro, quando cruzei a faixa, as luzes chocantes e vibrantes pareciam cada vez mais intensas se aproximando com velocidade sem parar, em choque meu corpo estagnou no lugar, o som alto e estrondoso explodiu em meus ouvidos até uma escuridão cobrir meus olhos.
— Vamos achar a Amélia. — Falei, empurrando seu ombro. Entramos na casa outra vez, as batidas da música estavam ainda mais altas e confusas. Subi as escadas, e empurrei todas as portas do corredor, nenhum sinal da Amélia. Desci os degraus depressa, encontrando Cristina.
— Você viu a Amélia?
— Vi. — Ela disse e deu de ombros. — Ela saiu com o Bright.
— Com o Bright? Por que diabos ela saiu com esse cara?
— por que parece que você está com ciúmes? — Cristina me cutucou no ombro. Dei as costas a ela para encontrar Chace, ele estava na porta de entrada.
— Encontrou?
— Ta vendo ela aqui? – Chace revirou os olhos. — Ela está com o Bright.
— Com o Bright? — Ele arqueou uma sobrancelha.
— É, eu não faço ideia para onde ele a levou, então você vai para casa e eu vou procurá-la.
— Não. Não vou deixar... — Balancei a cabeça o interrompendo. — Timothée, ela é minha irmã!
— Tem razão, então você procura ela e eu vou para o hotel. — Dou de ombros. — Boa sorte. — Passei por ele, e segui pela rua ao contrário em direção a casa de Amélia, apressei meus passos em inúmeras curvas até parar em frente, meu coração batia acelerado incomodado, ao ver Amélia e Bright no telhado, eles estavam rindo, juntos, ela estava com um sorriso imenso e eu conhecia aquele sorriso, era um sorriso sincero, perfeito.
Eu amava esse sorriso, um dos sorrisos mais lindos do mundo.
Tudo em Amélia era lindo, seus olhos cor de amêndoa, seus cabelos escuros em ondas, sua pele pálida e bonita, suas sardas nas bochechas, as curvas do seu corpo. Eu amava tudo nela, meu Deus.
— Ou! — Gritei com as mãos ao redor da boca. Bright olhou primeiro e seus olhos se arregalaram. — os dois pombos aí, desce aí.
— O que diabos você quer? — Amélia disse rígida.
— Seu irmão está te procurando, e agora que eu sei que você está aqui, eu vou embora. Passe bem a noite. — Acenei no ar, e dei as costas para os dois, senti meu peito se apertando um pouco, meu coração batendo tão rápido que sinto na garganta, meus olhos ardem um pouco.
Por que diabos isso está acontecendo?
Eu apresso meus passos e paro, levando a mão ao peito.
"Isso é culpa sua, toda sua, toda sua, isso é culpa sua."
Meu coração parece ser espremido, esmagado e torcido, eu mal consigo respirar, eu não consigo respirar, minha garganta se fecha, eu busco ar, me apoiando na árvore.
"Isso é culpa sua, toda sua Timothée."
Eu não consigo respirar, minha visão está turva, eu tento dar dois passos sentindo meu corpo amolecer e eu cair de joelhos.
Sinto suas mãos me envolverem em um abraço, eu fecho meus olhos apertando-os e sinto o cheiro de baunilha me preencher.
Porque eu sei, quem é.
A mulher que eu amo. Amélia
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Who| Timothée Chalamet
Fanfiction+18 Timothée Chalamet tem um rosto angelical, mas por trás de uma beleza excêntrica existe uma alma demoníaca atormentada pelo passado do qual não consegue escapar. A única coisa que o motiva é a música, apesar de escrever canções sobre o amor, n...