A emoção, os gritos, tudo era tão perfeito, grotesco e delicado, meus pés corriam, deslizavam, doíam, meus tornozelos doloridos mal sustentavam meu corpo enquanto eu pulava de animação, nunca senti uma sensação tão renovadora dentro do meu corpo, a eletricidade caindo sobre mim, movendo meus braços no ritmo da música, a segunda dose de tequila amarga já descia queimando, fazendo meu corpo estremecer.Arregacei as mangas da jaqueta, estava suando frio, apesar da minha alegria incomum, meu sangue parecia quente e cheio de energia. As luzes da boate piscavam oscilando de um lado e outro, o barulho da música energética carregava uma multidão dançante e cheia de alegria.
Deslizei para o bar, caindo no banco de forma desajeitada. Pedi mais uma tequila, eu estava ciente de que não devia beber tanto, mas minha mente estava agitada e precisava de algo para cessar tantos pensamentos negativos.
Levei o baseado até os lábios e a fumaça entrou em meus pulmões, projetando uma sensação estranha e absurda no meu corpo. Meu coração acelerou, as batidas cada vez mais altas em meus ouvidos, meu peito explodindo como se um rasgo fosse se abrir imediatamente, minha respiração alta abafando a batidas da música, encostei meu corpo em uma superfície gelada, sentindo o arrepio percorrer minha alma. Fechei meus olhos, minhas costas deslizaram pela parede e sucumbiram, tremendo e caindo no chão. Sem força e vida.
Abracei meus joelhos, encostando a cabeça na superfície gélida, e senti algo em meu ombro, dedos delicados e firmes deslizando por minha pele.
— Vem comigo. — Disse, não reconheci a voz, a vibração enorme da música balançando em meus ouvidos, ela passou os braços ao meu redor e me puxou para cima, equilibrando meu corpo contra seu peito, o som foi se arrastando, abafando contra as paredes, e se silenciou quando a porta do carro foi fechada.
O silêncio era quase ameaçador, presunçoso e assustador. Quando abri meus olhos, deslizei minhas costas pelo estofado desconfortável feito de couro, enjoado, minhas pálpebras pesavam oitocentos quilos e o peso delas não me permitiam abrir meus olhos.
Porra.
— Quem é você? — Sussurrei, sentindo o peso do bolo na minha garganta. O silêncio outra vez esmagou a atmosfera e o barulho do carro se movendo encurtou o espaço quando o motor rugiu. Meus olhos se apertaram, a silhueta grande e desajeitada, as sombras do anoitecer pintavam seu rosto, o carro se moveu e meu coração parou, tudo parou quando minhas pálpebras cederam ao seu próprio peso e se fecharam lentamente.
Eu não me lembrava quando foi a última vez que me senti assim, meus ombros caíam para frente, pesados, minha cabeça explodia em dor, tomada por uma emoção concreta de medo e insegurança. Meu corpo tremia ao frio inocente do amanhecer, entorpecendo-me da cabeça aos pés. Meus olhos se abriram recebendo a claridade da manhã, desnorteado e confuso por dentro. Mas reconheci o lugar.
Balancei meu corpo para me levantar, embora o movimento inútil superestimado tivesse chamado atenção, olhei para o sofá vermelho envelhecido, os olhos grandes me encararam, e pela primeira vez me senti constrangido com sua presença.
— Chace. — Murmurei, deslizando os olhos para o revólver no braço do sofá. Engoli o seco preso na garganta, respirando de forma agressiva.
— Você acordou. — Disse calmo. Agarrou o revólver entre os dedos e guardou no bolso de trás da jeans. Ele se inclinou a minha frente, o rosto em um espaço mínimo do meu. — Que bom, você não sabe a quanto tempo esperei para fazer isso.
Minhas sobrancelhas se apertaram.
— Chace...
Ele puxou o revólver do bolso de trás e apontou para mim. Estava tremendo, os dedos vacilavam no gatilho.
Eu não estava com medo, seja lá o que Chace queria, não estava disposto a ter uma conversa.
— Você matou meu pai, magoou minha irmã, destruiu minha família! — Respirei bem devagar, um movimento calculado que não fazia diferença, olhei ao redor, as portas estavam fechadas. Chace se aproximou encostando o revólver em meu peito. — Eu devia ter previsto isso, devia ter previsto o estrago que você faria na minha vida.
Eu não tinha medo de morrer.
— Chace, eu sinto muito. — Molhei os lábios secos. — Não justifica o que eu fiz. Nada vai justificar...
— Você devia estar na cadeia! Você matou meu pai! — Ele gritou.
— Eu entendo sua raiva. Sua dor...
— Não entende, você nunca vai entender...— Lágrimas começaram a correr por suas bochechas, um misto de sentimentos loucos preparados para atacar.
— Eu me entrego para a polícia. — Declarei, Chace me olhou com os olhos arregalados. — Eu sei o que fiz e nunca vai deixar de me assombrar. Mas não quero que faça a mesma coisa, Chace. Não quero que sinta a dor de tirar a vida de alguém. Então por favor, me deixe viver.
Chace caiu de joelhos ao chão, devagar colocou o revólver diante de si.
— Chama a polícia e diz que tem uma denúncia a fazer. — Mandei.
Era o que eu queria. Chace estava certo, eu havia acabado com sua família, e era um fardo que carregaria comigo para o resto da vida. Meus olhos se enchiam de água, a dor em meu peito só aumentava, eu não queria chorar, não era hora, mas ali estava eu, decidindo meu destino.
— Meu nome é Chace Wilson. Eu quero denunciar um crime.
Ali era a ponto do iceberg, não tinha mais volta e meu futuro havia sido comprometido.
Eu sinto muito Amélia.
Em um momento, a quinze anos atrás, eu tinha medo, o medo que me impedia de seguir em frente e superar. Mas aqui está eu, enfrentando a realidade mais perversa e dolorosa que alguém poderia ter. E está tudo bem. Talvez esse só fosse meu destino e eu estava pronto para vive-lo.
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Who| Timothée Chalamet
Fanfic+18 Timothée Chalamet tem um rosto angelical, mas por trás de uma beleza excêntrica existe uma alma demoníaca atormentada pelo passado do qual não consegue escapar. A única coisa que o motiva é a música, apesar de escrever canções sobre o amor, n...