14. " Eu esperei um dia de cada vez para te amar ainda mais."

29 3 0
                                    

Vinte anos depois

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Vinte anos depois

— Façam barulho pessoal! — Gritei, sentindo o calor da presença de tantas pessoas diante do palco, a energia contagiante da música, a mistura dos instrumentos tocando agitava o público na nossa última música da noite.

   Ao anoitecer, o show foi terminando, e fomos para o backstage.

— Ótimo show Amélia. — Zack, o empresário da Banda se aproximou e me entregou uma garrafa de água. — Foi uma ideia absurda tocar "Underground." Como faixa principal. Vocês estão bombando depois da saída do...

— Zack... — Interrompi. Não bastava que as coisas estivessem estranhas demais, a banda RED ainda era dele.

  Chace apareceu por cima do meu ombro, apertando minhas bochechas.

— Ela foi magnífica, achei que até fosse a Halsey no palco. — Ele riu. — Temos que tirar fotos com alguns fãs em menos de meia hora.

— Tudo bem. — Abanei as mãos para que ele saísse do meu pé. 

— Vai. — Zack abanou as mãos também para que eu me apresse e trocasse o figurino.

    Me apressei para o camarim, depois de quatro horas sem se quer tocar no meu celular, estava exausta, mas conseguiria trocar algumas mensagens. Dei uma olhada no topo de mensagens chegando no aplicativo, e não paravam. Era Cristina.

"Você viu?"
"Diz que não!"

   Eu estava confusa, por um momento me senti deslocada, mas quando abri o link no Facebook, os grupos estavam lotados, os sites de fofoca estavam explodindo.

"Ex vocalista da banda RED, Timothée Chalamet, é visto em sua antiga casa depois de vinte anos."

   Dei um pulo, uma batida na porta havia me despertado do transe que aquelas palavras haviam me causado.

— Senhorita Wilson! Já está pronta?  — Era a acessória. Eu não estava pronta, claro que não.

  — Mais cinco minutos. — Gritei, meus dedos deslizaram pela tela, sua foto ainda estava no meu celular, me ameaçando de todos os jeitos, eu ainda o amava, eu ainda o queria. Depois de vinte anos, ainda sentia todas as sensações que me causava. Eu não podia negar, ainda o amava, e tudo que passamos, por mais negligente que nosso romance tenha sido, eu o amava com todo meu coração.

Abri a porta do camarim, olhando para os lados, não queria que ninguém me visse sair, me esgueirei por entre as pessoas que passavam, e corri para a porta de saída nos fundos.

— Táxi! — Acenei para o primeiro carro que encostou na rua.

Que eu esteja certa dessa vez.


Só dessa vez, por favor.

Quando o carro parou em frente a antiga casa, ela parecia exatamente igual. Do jeito que ela havia deixado. Caminhei devagar até a entrada, hesitante para tocar a campainha. Eu não sabia o que esperar quando essa porta se abrisse.

Eu queria uma outra chance de fazer isso do jeito certo.

Minha mão estava perto da porta, pronta para batê-la, mas ela se abriu rapidamente.

Timothée. — Murmurei, tendo a impressão de que estava com medo, meus ombros murcharam e eu estava tremendo. Ele estava diferente, os cabelos estavam cortados, haviam tatuagens aparentes em seus braços crescendo pelos seus ombros até o pescoço. Sua pele estava ainda mais pálida e sem vida, seus olhos estavam sombrios e marejados.

— Eu vi você chegando. Estou feliz que esteja aqui. — Suas palavras me pegaram desprevenida. Meu coração batia ainda mais rápido. Ele segurou meus ombros, e me puxou para seu peito, me deixando levar pela sensação de estar em seus braços outra vez. Eu podia sentir toda a sua dor, ele ainda estava sofrendo e talvez nunca fosse parar. — Nunca mais vai embora. — Me apertou ainda mais em seu peito, ele me pedia para não ir e eu me recusava sair de seus braços.

— Eu ainda te amo. — Murmurei ao seu peito. — Eu esperei um dia de cada vez para te amar ainda mais.

Timothée me afastou devagar pelos ombros, os dedos deslizam por meus ombros descobertos, e alcançando minhas mãos para levá-la até seus lábios.

— Eu quero que saiba que nunca deixei de amá-la, mesmo quando tudo entre nós não parecia certo, eu só te amava ainda mais. — Seus olhos começaram a se encher de lágrimas. — Mas eu não posso ficar ao seu lado, eu estou condenado e não quero que você venha junto para a minha escuridão eterna, eu quero que encontre alguém que lhe faça feliz, que possa tirar um sorriso desse rosto, porque eu nunca vou conseguir ser feliz sabendo que magoei você, que tirei de você tudo que ainda valia a pena. Eu não sou o tipo de homem que vale a pena lutar.

— Timothée...

— Por favor... — Ele ofegou, estava sem fôlego e me puxou para outro abraço. — Por favor...só faça isso por nós.

  Ele me soltou, e um vazio imenso percorreu todo meu corpo me deixando estranha, eu não queria que me deixasse, não queria me afastar. Mas não podia negar que quando estávamos perto do outro, éramos apenas dois estranhos.

— Eu sinto muito. — Lamentou, encostando a mão na porta. — Eu sinto muito Amélia por ter esperado vinte anos por essa resposta.

    Dei as costas a ele, era o que eu podia fazer, resistir, o choro preso na garganta, a dor rasgando meu peito e a escuridão caindo sobre mim. Ele era meu primeiro e único amor, não sabia se iria me apaixonar novamente, se iria me entregar profundamente ao amor, e isso me assustava.

    Havia acabado, nossa história, nosso amor, havia chegado ao fim. Mas eu jamais iria esquecer quem ele era.

Who| Timothée Chalamet Onde histórias criam vida. Descubra agora