Existia vários motivos, dia após dias, momento após momento, a verdade sempre vai aparecer, não importa o quanto se esforce para esconder seus segredos sujos, a vida é uma caixinha de surpresas ambulante.
Embora eu nunca tivesse me esforçado para esconder meus segredos.
Eu podia sentir todas as emoções juntas, a dureza do ar e aflição do meu corpo.
— Timothée Hal Chalamet, você está preso.— Meus olhos se direcionaram para Amélia que atravessou a porta de entrada correndo. — Tem o direito de um advogado.
— Timothée! Por que estão levando ele? Timothée! Por favor! Não o levem! Eu imploro. — Amélia gritou empurrando um dos homens que me escoltavam até o carro, Chace a puxou pela cintura depressa e a impediu. — Por favor! Timothée! Olha para mim! Eu te amo! Eu vou te tirar desse lugar sujo. Eu prometo.
As algemas apertavam meus pulsos, e eu desejei jamais ter feito o que fiz. O carro se movimentou, o suficiente para me deixar enjoado. Fechei os olhos por alguns instantes e encostei a testa na janela.Não importava que o que eu fizesse, não tinha como consertar meu passado, ou consertar o que fiz com Chace e sua família.
O carro encostou em frente a delegacia, o ar estava intenso e nublado, eu mal conseguia sentir que estava respirando de verdade.
— Vamos garoto. — O homem abriu a porta e me escoltou até a entrada, eu estava perdido, sentindo que naquele momento eu havia colocado minha vida por um fio que havia se arrebentado por inteiro.
Eu estou aceitando isso melhor do que nunca.
Colocar um ponto final em tudo que eu havia começado.
Não era a situação em si, mas eu pouco ligava para o que ia acontecer comigo dali em diante. Pouco ligava para os boatos que estavam percorrendo pelos ouvidos alheios. Pouco ligava para o que as pessoas iriam dizer de mim. Mas pensava nela. Amélia sabia tudo sobre mim, sabia dos meus defeitos e medos, dos meus erros e dores. Ela era a única pessoa em todo esse mundo que me conheci mais do que ninguém.
Eu não estava pronto, pensei que estivesse. Deixa-lá ir era um erro.
Os dias passavam, e as horas se arrastavam, o cansaço prendia meu corpo fora do espaço tempo, as manhãs se tornavam noite rapidamente, o lugar escuro, frio, úmido me fazia desejar a morte todos os segundos em que eu vivia.
Eu não sentia mais vontade de continuar, estava exausto e meus dias pareciam durar uma eternidade. Principalmente quando estava tão perto do julgamento.
Meu único pensamento é que encarar Chace e Amélia outra vez me doeria muito.
— Sr. Chalamet, você tem visita. — Levantei a cabeça de imediato, fazia dias que ninguém me visitava, era a primeira visita desde que fui colocado nesse lugar.
O guarda me levou até a sala de visitas, ficando escoltado na porta a poucos centímetros da mesa onde estava a pessoa que me aguardava. Parei em frente dela, e uma sobrancelha imediatamente subiu de surpresa.
— Mãe? — Murmurei quase em um resmungo, não esperava que ela fosse vir me visitar. Ela amava aquele homem, amava mais do que o próprio filho. Eu não a julgava, não a odiava, ou se quer sentia raiva. Apenas não entendia sua visita. Me sentei a sua frente. Havia lágrimas em seus olhos profundos, estavam roxos, fundos e as rugas haviam aumentado ao redor das pálpebras.
— Timothée... — ela sussurrou sem vida, a melancolia em sua voz me assombrou, o peito inflou e suas mãos pousaram sobre a mesa diante de nós. — Pode parecer inútil, eu me sinto envergonhada como mãe. Depois de tudo que lhe fiz passar, todo sofrimento na sua vida. Eu me arrependo não ter feito nada quando você me contou sobre aquele homem horrível. Eu não queria acreditar, estava devastada com a morte do seu pai, me sentia sozinha e carente, estar apaixonada por outra pessoa... era um recomeço. Sei que não justifica nada do que houve com você. Eu nunca deixei de te amar, querido. Sempre te amei muito, só não fui uma mãe de verdade quando precisou. — Uma enxurrada de lágrimas se espalhava por suas bochechas. — Por favor...eu sei que não mereço seu perdão...
— Tudo bem. — A interrompi, me sentindo culpado e triste por vê-la tão mal. — Não se preocupe comigo, mãe. Vou ficar bem. Eu sou forte, sabe? Vou sair daqui e vamos recomeçar de verdade.
— Você me promete? — Minha mãe estendeu sua mão e eu a segurei, apertando seus dedos.
— Prometo, mãe. — Abri um sorriso pequeno, ainda doía sorrir para ela.
— Você vai ficar bem? — Perguntou, limpando as lágrimas com as costas das mãos.
— Vou, não tenho um advogado ainda, mas tenho certeza de que vou conseguir um em breve.
Mamãe suspirou em alívio, quase soluçando.
— Eu te amo, lembre-se sempre.
— Eu também te amo. – Acenei, nossa visitava havia acabado, não consegui me despedir, fui levado de volta a aquele espaço minúsculo e escuro por mais alguns dias até o julgamento.
— Sr. Chalamet. — Não era fácil, eu estava enfrentando um dos poucos pontos da minha vida em que eu precisava aprender a lidar comigo mesmo. Eu escrevia músicas sobre o amor, mas nunca fui muito bom nisso, escrevia músicas sobre me apaixonar, mas só me apaixonei uma única vez por uma única garota, embora nenhuma dessas coisas fizessem parte de quem eu sou, eu não precisava lidar comigo mesmo em nenhum desses momentos. Eu estava em uma montanha russa de sentimentos e pela primeira vez, teria que lidar com eles de forma madura.
Mas nenhuma das minhas decisões foi suficiente para consertar o que eu havia feito.
Não foi preciso nada, nenhum esforço para que eu admitisse que estava errado, eles se quer insistiram. Eu estava bem ali diante deles, pronto para aceitar quem eu era. Quem eu me tornei.
— Eu matei Dominic Wilson a quinze anos atrás.
Admitir me trazia um alívio que só essas palavras tinham, o fardo pesado de carregar por anos uma história que faria parte de mim para todo o sempre, mas que todos só conheceriam um lado dela.
— Timothée Hal Chalamet você está condenado a vinte anos de prisão pela morte de Dominic Wilson.
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Who| Timothée Chalamet
Fanfiction+18 Timothée Chalamet tem um rosto angelical, mas por trás de uma beleza excêntrica existe uma alma demoníaca atormentada pelo passado do qual não consegue escapar. A única coisa que o motiva é a música, apesar de escrever canções sobre o amor, n...