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Timothée Chalamet tem um rosto angelical, mas por trás de uma beleza excêntrica existe uma alma demoníaca atormentada pelo passado do qual não consegue escapar.
A única coisa que o motiva é a música, apesar de escrever canções sobre o amor, n...
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— Qual é a porra do seu problema? — Chace gritou ao ver meu estado, não era preciso que ele ficasse tão bravo. Era só um cigarro de maconha. — Você não podia levar essa noite um pouco mais a sério?
— Mas eu estou levando a sério. — Debocho com um sorriso presunçoso e trago a fumaça do cigarro.
Eu odiava cada noite, era como cair no precipício, e eu precisava de alguma coisa para aliviar minha alma. Mas estar na cidade onde cresci, era como revisitar o passado e abrir uma ferida que não era capaz de fechar.
Quando fui embora a dois anos atrás depois de conhecer Chace, éramos movidos por uma única coisa em comum: a música e um sonho de estar nos palcos. Ele era como um irmão para mim, meu melhor amigo e a única pessoa que eu tinha para confiar nesse mundo. Chace cuidava de mim, como o mais velho, estava sempre me colocando no lugar quando eu perdia a noção e eu não o culpa por estar furioso agora.
— Fique pronto em cinco minutos, vamos passar o som. — Disse ríspido, embora eu soubesse que ele não estava com raiva de verdade, ele girou nos calcanhares e sumiu por trás das cortinas. Apaguei o cigarro ao pisar em cima, e alcancei minha guitarra ao lado da caixa de som levando para o palco principal.
Eu não tinha muita certeza do quanto me esforçaria para essa noite, mas enquanto estivesse tentando atravessar o inferno, eu faria o meu melhor.
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Duas horas depois da passagem de som, paramos para descansar um pouco, saímos pela lateral da casa de festas que íamos nos apresentar acompanhados por dois seguranças até os carros parados no beco ao lado. Bright que era o nosso baterista e Zitti nosso baixista tomaram o banco da frente.
— Que ótimo. — Resmungo como uma criança pequena e não um adulto de vinte e cinco anos. Chace aperta meu ombro, abrindo a porta de trás do carro, eu pulo para dentro e me afundo no estofado de couro e macio, ao entrar, o silêncio constrangedor vibra sobre nós, fecho meus olhos e cruzo meus braços ao peito, determinado a tirar um cochilo a caminho do hotel.
— Você tá bem? — Bright pergunta, abro um olho para espia-lo. — Quer dizer...você errou as notas de Save Yourself, a música que você escreveu as partituras e bom...você nunca comete um erro.
Ele tinha razão, eu nunca cometi erros, ainda mais quando se tratava de melhorar nossa música.
— Só estou exausto. — Respondo e fecho meus olhos outra vez.
Eles se calaram até chegarmos no hotel, não passamos despercebidos, a multidão de fãs estavam acampados em frente ao prédio, os meninos estavam animados para atender todos eles, mas eu odiava esse tipo de atenção que vinha com nossa música.
— Podem ir, eu vou subir para a suíte. — Aviso, embora eles não reparem e saem do carro acompanhado dos seguranças, um deles me escolta pela lateral do prédio para entrarmos pelos fundos do hotel. — Você pode me providenciar uma visita a Nicole Flender?
— Tem certeza Sr. Chalamet? Faltam três horas para o show, devia descansar. — O homem sugere, um vinco formando entre suas sobrancelhas.
— Faça seu trabalho de merda. Me diga quando estiver tudo pronto. — Aperto o botão do elevador e espero as portas se abrirem.
Se eu estava em Shell Lake novamente depois de anos, eu precisava ver minha mãe. Mesmo que fosse por cinco minutos só para dizer a ela o quanto sinto muito.
Duas horas depois, preso na suite por tempo suficiente, um carro foi providenciando para que eu saísse antes das sete da noite. Os garotos ainda atendiam os fãs do lado de fora, e não se sabia a hora que eles poderiam voltar. Então aproveitei os minutos que podia para escapar.
— Ela ainda mora no mesmo lugar? — Pergunto ao segurança, em que eu não me lembrava do nome. Mas ele estava a um bom tempo com a gente.
— Sim senhor. Fiz questão de verificar. Podemos ir. — Entro no carro, tento relaxar no banco, minhas mãos estão tremendo e eu tento contê-las. Não posso ter medo agora, eu sei.
Por todo caminho, uma náusea toma conta de mim, e eu mal consigo respirar, fecho meus olhos devagar e puxo todo o ar que posso.
"Por favor não faz isso..."
— Sr. Chalamet. Chegamos. — Olho pela janela, lá está a casa em que cresci, não estava tão diferente, o jardim continuava sem vida e mal cuidado, o hall assombrado pela falta de cor. — Quer que eu espere aqui?
— Sim. — Respondo depressa. — Não vou demorar. — Abro a porta e salto do carro, as pisadas fundas no gramado se tornando passos lentos e duvidosos quando paro em frente a porta e vacilo com a mão no ar prestes a tocar a campainha. Faça. Suspiro e tomo coragem para apertar o botão assustador outra vez.
A porta se abre no mesmo instante. Mamãe. Ela está tão...diferente. Seus olhos estão pesados, sua pele mais profunda e amarelada, o semblante mais pesado, as rugas atrás dos olhos grossas, os cabelos estão desgrenhados e suas roupas são muito grandes para sua estatura pequena.
— Timothée. — Diz nenhum um pouco surpresa. — O que faz aqui? Veio se desculpar?
Pisco devagar.
— A senhora encontrou a carta que deixei?
— Sim, eu li. — Ela diz ríspida. — É repulsiva e nojenta, como sua mentira tão descabida destruiu nossa família.
Meus olhos se arregalam, minha boca treme. Como pode dizer que eu....
— Acha que eu estou mentindo? Que ele não era um abusador nojento?
— ele não era, você não o conhecia...ele era como um pai para você.
— Não preciso ouvir o que tem a dizer sobre aquele animal imundo.
— Não ouse vir até minha casa falar dele assim! — Ela o defendia, meu coração se partia em milhões e milhões de pedaços mais fundos. — Você o matou!
Olho por cima do ombro, a janela do carro estava fechada e o segurança não teria ouvido minhas seguintes palavras:
— Sim, eu matei. E mataria de novo e de novo, para salvar minha vida já que a senhora estava tão cega que não conseguia ver um palmo na frente do seu nariz. Mas se achava que ele era inocente, por que durante todos esses anos se manteve em silêncio?
— Porque... — Ela engasga e leva as mãos ao rosto. — Porque você ainda é meu filho e eu te protegeria até o inferno se fosse necessário.
— Uma pena que você não foi capaz. — Engulo o seco áspero na garganta. — Terminamos aqui. — Desço os degraus do hall de entrada, ouvi um barulho como se ela tivesse caído, mas me segurei para não me virar e socorrê-la, abro a porta do carro. — Podemos ir.
Então a deixei para sempre enquanto sentia o gosto do próprio inferno em volta de si.