3. Quadro branco móvel

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#VacilouYejiBeijou
—x—
cafeteria kimfee
HWANG YEJI

Lia chegou com o meu latte caramelo gelado, colocou-o na mesa e ficou parada em pé ao meu lado me observando.

—Hwang Yeji estou preocupada com você. —Murmurou.

A garota havia dito isso, pois não somente eu estava tentando esconder um rosto péssimo, acabado, capenga, com um boné preto velho e um moletom surrado, como também eu estava lendo.

Apenas Lia sabia sobre meu hábito de leitura, já que nos dias que meu irmão não ia trabalhar na cafeteria, eu aproveitava para ir até lá ler quando precisava espairecer.

A cafeteria era da mãe de Lia, Kim Taeyeon, essa que separou do marido anos depois do nascimento da filha e se recusou a usar o nome dele, infelizmente, Lia segue sendo Choi Jisu, e não Kim Jisu.

Era posicionada num lugar estratégico de Seul, próximo a bairros grandes mas ao mesmo tempo ficava em uma ruazinha em que grande parte das pessoas andavam a pé.

—Jisu, eu estou bem.

—Não, você não está.

—Estou sim.

A garota bufou e se sentou na cadeira em frente a minha.

—Que falta de respeito uma funcionária se sentar na mesa com uma cliente sem permissão. —Tomei um gole do café, sentindo aquele líquido gelado delicioso e doce descer pela minha garganta, Lia fazia os melhores cafés.

—Me fala, o que foi?

—Nada. —Evitei olhar em seus olhos, sabia que eu ia acabar cedendo a qualquer instante.

Um fato sobre a cafeteria, era movimentada aos finais de semana, mas de segunda a quarta-feira, era o local perfeito para quem queria um momento de paz e silêncio.

Era segunda-feira, um dia depois do final de semana caótico de comemorações de Shin Yuna. Sábado a festa, domingo o bar, hoje descanso.

—Eu vou ficar aqui olhando pra sua cara até você desembuchar. Você não consegue esconder quando tem algo errado. —Apoiou a cabeça nas mãos. —Mesmo que você não queira me contar, me diga "Lia tem algo errado mas prefiro não dizer", e eu volto a não fazer nada atrás daquela bancada ao invés de não fazer nada aqui ao seu lado.

—Tá legal. —Me dei por vencida, acabei guardando o livro na minha bolsa e retirando o boné, ajeitando o meu cabelo.

Brinquei com meus dedos inicialmente, porque aquela situação ainda era nova para mim.

Nunca fui de me apaixonar, isso é um fato, passei toda a minha adolescência tentando achar um grande amor mas eu sabia que se procurasse muito, ele não apareceria, então, depois de completar a maioridade, decidi ser alguém com experiência o suficiente para identificar quando fosse para ser.

E acho que esse dia tinha chegado.

—Me senti mal após beijar aquele menino ontem.

—Oh. —Lia exclamou, era realmente novidade uma Hwang Yeji com ressentimentos após uma noite de beijos e amassos.

Mesmo que a pessoa tivesse o pior beijo do mundo, na minha percepção, tudo são experiências e elas são importantes para o meu autoconhecimento.

o mistério da boca perfeita | ryejiOnde histórias criam vida. Descubra agora