o mistério da boca perfeita | ryeji

26. Te amo que nem a primeira escuridão que fez a gente se encontrar

#VacilouYejiBeijou
—x—
cafeteria
SHIN RYUJIN

Dias se tornam semanas, que se tornam meses, e se tornam anos. Esses anos, se tornam vidas, que querem ser lembradas. Estive refletindo, e eu definitivamente queria que meus dias com Yeji se tornassem uma vida. Uma vida que vivi com certeza da pessoa que amo.

Esse pensamento se consolidou quando vi que a garota estava fazendo seu melhor para me apoiar independente da escolha que eu fizesse. O projeto feito para a cafeteria estava perfeito, tudo da maneira mais perfeita possível, apenas alguns contratempos de reforma, mas nada fora do comum.

E depois de algumas semanas, tudo pronto, amanhã seria a re-inauguração e a empolgação tomava conta de mim. Era meu momento.

Foi difícil acreditar que aquele lugar realmente era meu lugar, até porque já experimentei trabalhar lá antes, e Jisu viu com seus próprios olhos que não daria certo. E as vezes, só precisamos depositar amor no que fazemos para dar certo, e Yeji me mostrou, que eu poderia ter depositado amor mesmo nas pequenas coisas do dia a dia. Aquelas que jurei que não eram para mim.

Talvez eu não tivesse dado certo fazendo lives, porque eu não demonstrava empatia com que o chat me dizia, talvez eu não tivesse dado certo dando aulas, porque não demonstrava meu amor por ensinar, talvez eu não tivesse dado certo como atendente, porque eu não demonstrava carinho ao atender uma senhora que queria seu expresso com um pouco de leite.

Isso se tornava tão real quando eu pensava no amor que senti ao reformar um andar inteiro de um estabelecimento apenas para a mulher que eu amo poder ter seu lugar de leitura.

E não só isso, reformei também, o negócio familiar de uma amiga muito importante para mim, que eu amo mais do que meus próprios pais.

E sabe, desde que aprendi a me amar, também comecei a me ouvir, e descobri que gosto mais do que eu pensava de cuidar de estabelecimentos.

Amanhã seria o primeiro dia ativo da cafeteria e o nome antigo, Kimfee, não se encaixava mais na proposta que queríamos, afinal, se desejássemos recomeçar, o nome deveria ser outro.

Lia autorizou a mudança de nome para deixar o ambiente mais a nossa cara, e com a ajuda de Hyunjin, decidimos que se chamaria Enigma Café.

Era um bom nome, e fazia referência direta a toda nossa história. A como eu não sabia o que queria para meu futuro, de como Hyunjin não se via em nenhum outro lugar além da cafeteria, mas achava que deveria tomar outro rumo de vida, de como Lia demorou para entender que não precisava abandonar a cafeteria para seguir seus sonhos, de como Chaeryeong teve que descobrir como se libertar de suas inseguranças para conseguir seu amor e de como Yeji demorou a notar que eu era a boca que havia beijado.

Tudo um dia foi um enigma. E ainda teríamos muitos.

Esses pequenos enigmas da vida a faziam mais difícil, mas desvenda-los com nossos amigos tornava tudo menos maçante.

Eu e Yeji estávamos nos últimos detalhes, queríamos deixar tudo pronto para aproveitar o dia de amanhã, que seria um marco. Apenas nós duas na cafeteria, ela no andar de baixo, e eu terminando algo no andar que planejei pra ela, ela ainda não havia visto o que a reforma havia feito por aqui.

As luzes suaves da cafeteria piscaram uma última vez antes de eu desligar o quadro de luz.

Um silêncio acolhedor preencheu o espaço. Sorri, satisfeita com o ambiente que havia criado. A escuridão era impedida apenas pelo brilho quente das velas que eu tinha espalhado no andar de cima, dando ao local um toque quase místico, como se o tempo tivesse desacelerado, esperando por nós.