Capítulo 5: Finalmente Lembrei. Porém...

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Sansen me esmagava cada vez mais, tentava de todo o jeito escapar, mas minhas forças já estavam se esgotando e cada vez eu ia sedendo, a grande serpente abriu sua enorme boca, lentamente me aproximava para me devorar, foi aí que escutei uma voz:

— Nurion! Lembre do porque você foi escolhido, diga: Estrela D'alva me proteja em minha aflição.

Como eu já não tinha forças para falar fui resmungando, até que não sei de onde falei declaradamente:

— Estrela D'alva me proteja em minha aflição.

Dito isso, senti uma grande força dentro de mim, uma energia que fluía em minhas veias, não sentia mais o cansaço, a força que Sansen exercia para me esmagar já não fazia efeito nenhum sobre mim, comecei a fazer força para me libertar, por incrível que pareça não tive dificuldades nenhuma, consegui me soltar, Sansen se assustou ao ver isso.

— Como é pos-s-s-sível?

Rapidamente ele deslizou para perto de mim e tentou me atacar, mas desviei e sem ele estar esperando dei um soco em sua cabeça, que o surpreendeu deixando-o atordoado, depois de um tempo que conseguiu se recuperar, saiu deslizando para longe de mim e fugiu, voltando para o buraco que saiu, depois todas as cobras fizeram o mesmo, foi quando a areia que estava por toda a parte simplesmente desapareceu, todos que viram olharam-me com espanto, como se eu fosse algum monstro, mas nessa hora não prestei muita atenção nisso, pois havia me lembrado de Bruno e Marta, voltei de pressa para a casa onde eles ficaram, me aproximei da porta e bati, Marta atendeu, perguntei:

— E Bruno?

Marta estava chorosa.

— Ele morreu.

Ela me levou até a onde ele estava ajoelhou e desabou chorar, nesse momento as palavras se tornam inúteis, fiquei do lado de Marta, tentando de algum jeito a consolar, passamos alguns minutos ainda em silêncio, olhei para ela.

— Queria poder te-lo salvo, me sinto um fracassado!

Marta se levantou, me abraçou fortemente.

— Rapaz, não exija aquilo que não compete a você, você não teve escolha, era salvar a vila ou salvar ele, digo que fez a escolha certa, estou muito orgulhosa de você, sei que ele também está!

Sabe aquela dor que você sente por dentro, que parece que deixa você sem ter o que dizer, com o coração partido, é assim que eu me sentia, depois do abraço Marta olhou para Bruno.

— Temos que tirá-lo daqui, irei chamar os vizinhos para fazer o funeral.

Ela saiu e eu fiquei ali, confesso que nessa hora escorreu lágrimas de tristeza, no começo eu sabia que Bruno não gostava de mim, mas com o tempo fomos nos conhecendo melhor e nesses últimos meses eramos melhores amigos, agora o vejo morto, sem vida, uma dor que fazia meu coração doer, o observava e me lembrava de todos seus ensinamentos, me lembro de um que me marcou bastante, eu estava nervoso, porque não conseguia me lembrar e isso me deixava irritado, ansioso, ele chegou perto de mim colocou uma de suas mãos no meu ombro.

— Você precisa se acalmar, não adianta nada ficar nervoso.

"Eu sei que tenho que ser paciente, mas não aguento mais".

— É que já faz 4 meses e nada de eu conseguir me lembrar!

Ele parecia impressionado.

— Você está me ensinado uma grande lição sabia?

Não entendi o porque ele estava dizendo isso.

— Por quê?

Ele sorriu.

— Você me lembra eu mais jovem, porém eu era totalmente ao contrário de você, nunca tava nem aí para nada, era rebelde com meus pais, não os escutava, roubava, matava, mentia, porém, depois da morte dos meus pais, comecei a pensar na burrice que eu estava fazendo, fui à casa de cada um que prejudiquei e pedi perdão, muitos não aceitaram, outros demoraram, mas me perdoaram, tive que passar um tempo na cadeia, pois me revelei, pois, antes vivia escondido para não ser preso, na cadeia comecei a pensar em tudo que fiz, uma depressão começou a se apossar de mim, eu não tinha mais vontade de viver, uma tristeza tão grande, uma culpa enorme que ficava em meu coração, aquilo me dilacerava por dentro, fiquei 10 anos na prisão, depois que saí a primeira coisa em que pensei foi em me jogar na frente de um veículo, para acabar com minha dor, entretanto nesse dia tive uma surpresa, conheci Marta, uma mulher linda, forte, que me deixava completamente encantado, ela foi a razão de eu querer mudança, foi meu Combustível que me deu esperança que eu podia deixar meu passado para trás e fazer diferente, fazer o certo, ser bom, coitada dela não sei como me aguentou kkkk e não sei como ainda me aguenta kkkkk. O que estou querendo dizer, é que na vida acontecem coisas que não entendemos, as vezes são por nossas escolhas erradas, as vezes é porque a vida é dura, porém sei que você é bom jovem, e para quem procura por boas coisas, boas coisas viram, só é preciso paciência.

Após passado um tempo, Marta retornou com algumas pessoas que a ajudaram a levar Bruno até a capela para ser feito o funeral, toda a vizinhança estava lá, depois todos que se sentaram, Marta foi chamada para fazer o discurso, ela se levantou andou até a uma pequena escadaria, subiu foi em direção ao ambão suspirou.

— Quem conhecia o Bruno, sabe que ele era desconfiado, mas isso não era a sua culpa, ele tinha muito medo de me fazerem algo, me protegia como um guarda, pois me amava, me lembro que durante toda sua vida, ele sempre me lembrava que fui o que lhe aconteceu de mais maravilhoso, pois antes de me conhecer ele não via razão para mudar de vida, quando o conheci ele queria até se suicidar, mas agora vejo, que não fui eu que o mudei, ele me mudou, pois, via nele alguém que batalhava, alguém que não me deixava o ver triste, nem se deixava abalar facilmente, ele era muito trabalhador, não tinha preguiça de colocar mão a obra, sempre ajudava o próximo como podia, todos aqui sabem que se viesse pedir ajuda para ele, ele largava tudo que estava fazendo para ir ajudar, ninguém o conhece mais do que eu e digo, sua vida não foi de completos acertos, mas sempre foi de lutas, batalhas e superações, peço que por favor, quando pensarem nele, não pensem em alguém que foi derrotado, pois ele não foi, pensem em alguém batalhador, que alcançou agora a sua vitória, obrigada a todos pelo carinho e pela atenção.

Aquilo que ela falou, mexeu profundamente, tocou a todos, todos choravam, o padre deu a benção e depois se dirigimos aonde Bruno iria ser enterrado, chegando lá quem era responsável com a ajuda de outros três, colocou o caixão no buraco e fechou, depois em uma placa escreveram assim:

"Bruno Silis Mans 1977 – 2022"

E embaixo colocaram uma frase:

"Será lebrado, como o homem que venceu a guerra"

Eu fiquei com Marta mesmo depois de todos terem ido em bora, ficamos uns 30 minutos sem dizer uma só palavra, depois Marta me olhou triste.

— Pode ir jovem, sei que você tem outra missão, não quero ser empecilho para você cumprir essa missão, vá em paz, ficarei bem.

"Como assim depois de tudo que ela fez por mim".

— Não, penso que te deixar sozinha é errado, quando a senhora mais precisa.

Ela se um sorriso suave.

— É gentil de sua parte, obrigada, agora vamos já está anoitecendo.

Fomos embora

E...

Continua...

Nurion: O guerreiro da estrela D'alvaOnde histórias criam vida. Descubra agora