Capítulo 16

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Point Of View Marília:

Suspirei enquanto encarava a montanha de papéis em minha mesa, uma pilha interminável de projetos e prazos que pareciam esmagar-me a cada minuto que passava. Meus olhos cansados percorriam os desenhos de moda que eu precisava finalizar para a próxima coleção da empresa. Estava sobrecarregada, lutando para manter-me à tona em meio ao turbilhão de responsabilidades que inundava meu dia a dia.

Enquanto meus dedos ágeis traçavam linhas e esboços, minha mente divagava para longe, em busca de um refúgio da pressão implacável do trabalho. Meus pensamentos voavam para Maiara.

E agora, enquanto eu lutava para equilibrar minha vida profissional e pessoal, a ideia de trazer Maiara para trabalhar em minha empresa começou a ganhar forma em minha mente.

Seria uma jogada audaciosa, mas eu estava disposta a arriscar. Acredito no talento e na competência de Maiara, e sei que juntas podemos alcançar grandes feitos no mundo da moda. Além disso, a perspectiva de tê-la ao meu lado, compartilhando as vitórias e os desafios do dia a dia, era tentadora demais para resistir.

Enquanto ponderava sobre essa possibilidade, outro pensamento ocupava minha mente: Isa, a adorável bebê que havia entrado em minha vida como um raio de sol em meio à tempestade. Desde que conheci Isa, senti um vínculo especial com ela, uma conexão profunda que transcende qualquer explicação lógica. Me pego pensando na criança com carinho, ansiosa para vê-la crescer e ser parte de minha vida de maneira mais significativa.

A ideia de trazer Maiara para trabalhar na empresa também significava ter mais tempo para me dedicar a Isa. Sonho com a possibilidade de ter ela e a pequena Isa ao meu lado, criando um ambiente familiar e acolhedor dentro do mundo frenético da moda. Imagino as risadas, as conversas animadas e os momentos de ternura que compartilharíamos juntas, construindo memórias preciosas que durariam para sempre.

Enquanto o tempo passa e as pressões do trabalho continuam a pesar sobre meus ombros, sei que terei que tomar uma decisão em breve. Não posso continuar lutando sozinha, afundando cada vez mais na rotina exaustiva e implacável do mundo corporativo. É hora de buscar apoio, de abrir-me para novas possibilidades e de abraçar novos ciclos.

Hoje o dia está corrido, mas não consigo prestar atenção em nada. Minha mente está voltada para o vilarejo; preciso resolver algumas coisas por lá, ver o andamento das peças e visitar Maiara e sua pequena, que estava doentinha semana passada.

Ao fim da tarde, estou quase chegando à casa de Maiara. Dessa vez, vim sem motorista; quero levá-las a um passeio divertido, já que amanhã vou tirar o dia de folga. Não demoro muito e já estou adentrando a casa de Maiara. A recepção não poderia ser melhor; ela simplesmente me deixa beijá-la, provar daqueles lábios tão macios e deliciosos. Se eu pudesse, ficaria ali para sempre, mas houve uma pequena interrupção, e ela fica um pouco sem graça.

Estamos no quarto dela, e eu estou com Isa no colo. Ela se joga com os bracinhos e os olhinhos cheios de água para mim. Eu a pego, mesmo sem jeito.

- Maiara, como está se sentindo hoje? E a Isa, está melhor?

( Maiara sorri, um sorriso terno que ilumina o ambiente.) - Estamos bem, obrigada. Isa está se recuperando aos poucos, graças a Deus.

- Fico aliviada ao ouvir isso. Que bom! Sabe, estava pensando... Que tal irmos ao parque amanhã? Seria ótimo para Isa se distrair e você também.

( Maiara parece surpresa, mas logo um brilho de animação aparece em seus olhos.) - Seria maravilhoso!

- Amanhã nós vamos passear com a Lila, filha. Não é legal, meu amor? - disse, pegando a pequena do meu colo e girando-a no ar.

Isabella gargalhava com a alegria de sua mãe, e ver as duas tão felizes e bem me fazia sentir melhor. Maiara se aproximou de mim e me abraçou forte, com Isa no meio, e sabe aquela sensação gostosa? Foi essa que eu senti ao ter as duas me abraçando.

- Lila - Maiara murmurou no meu pescoço, quase que não ouvi.

- Oi, Mai. A princípio, gostei desse apelido - respondi, rindo e acariciando seu cabelo.

- Eu posso, hum... - ela se escondeu no meu pescoço, sem graça.

- O que? - perguntei, preocupada.

- Eu posso te beijar? - ela falou toda tímida.

Não pensei duas vezes em puxar seu rosto para mim e colar nossos lábios. Dei-lhe breves selinhos e pedi passagem com a língua. Ficamos ali, apenas nós duas, envolvidas, até que esqueci da pequena que estava em seu colo até ela começar a bater as mãozinhas em nosso rosto e resmungar irritada.

- O que foi neném, você ficou com ciúmes é? (Falei pegando a pequena e beijando todo o seu corpinho que ria abertamente para mim)

- Eu sou muito ciumenta Lila, eu gosto de atenção sabe (Mai falou imitando voz de bebê para falar com a filha)

Point Of View Maiara:

Eu não sei o que estou sentindo, só sei que é um sentimento bom. A Marília chegou bagunçando minha vida, mas é uma bagunça boa. Nunca me imaginei apaixonada. O que? Apaixonada? Não, não pode ser. Isso está fora de cogitação. Não posso me apaixonar. Nossos mundos são diferentes, nossa realidade é oposta. Não posso colocar a Marília no meio da minha bagunça sentimental. Ela já fez muito por mim, e o que posso oferecer a ela? Nada. Não tenho condições para nada. E o pior é que minha filha é apaixonada por ela.

Minha mente está uma confusão só. Todos os meus princípios estão sendo desafiados pela presença de Marília. Ela é uma lufada de ar fresco em minha vida, mas ao mesmo tempo, um furacão capaz de destruir todas as minhas defesas.

- Maiara? Está tudo bem? (Escuto a voz apreensiva de Marília)

- Eu não sei Lila (falo sem jeito)

Eu não sei se devo abrir meu coração para ela. E se ela não entender? E se isso estragar tudo entre nós? Marília é a única pessoa em quem confio o suficiente para me abrir completamente. Ela é meu porto seguro, meu refúgio em meio ao caos do mundo. Mas e se eu contar sobre meus sentimentos e ela não corresponder da mesma maneira? E se isso criar um abismo entre nós, afastando-a de mim para sempre?

As dúvidas e os medos se agitam dentro de mim, como uma tempestade prestes a desabar. Não sei se devo arriscar perder sua amizade, sua confiança, por causa desses sentimentos confusos que me consomem. Talvez seja melhor guardar tudo para mim, enterrar essas emoções profundamente dentro de mim, onde ninguém mais possa vê-las.

Mais um capítulo para vocês e já vou avisando que só volto se tiver muitos comentários sobre esse capítulo e sobre o que vocês estão achando.
Beijos <3

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⏰ Última atualização: Feb 02 ⏰

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A doce menina do vilarejo (Mailila)Onde histórias criam vida. Descubra agora