Capítulo 10

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   Havia passado uma semana desde que Giry havia visitado Erik no esconderijo e duas coisas não saíam de sua mente: o fato de que Christine havia aberto mão, ao menos provisoriamente, da chance de ter uma vida luxuosa ao lado de um homem respeitado e bonito como o Visconde de Chagny para viver maritalmente com o que a que todos chamavam Fantasma da Ópera.

-Há algo aí. Pensei que ela gostava dele como se fosse seu pai, não que... também Margarida, não se pode culpa a pequena Christine, de boba não tem nada. Que homem! Carregava um armário, não é a toa que até arrastava um piano! Já foi escravo, carregava pedras. Apesar de seu rosto, pobrezinho, se esconde quando... –sentiu um calor. –E pensar que queria se casar comigo e eu lhe neguei, pois morria de medo dele. Nunca pensei que fosse assim, Erik! Christine está se divertindo e muito! Idiota fui eu. Agora, deixe de pensar nisso, que este homem não é para você mais! Erik está bem arranjado. Tem mais é que se conformar de que seu amigo finalmente está feliz, nem que seja por enquanto, pois quem garante que... Pobre homem. Ainda mais quem trocaria uma mulher na flor da idade como Christine por uma senhora como você? Mas e Meg? Se interessaria por Meg que parece comigo em sua idade?

Enquanto Giry pensava em Erik de um jeito que nunca pensou antes (a mulher está necessitada), Chris pensava em Raoul ...

Vamos dar uma voltinha no tempo para ver o que aconteceu com Chris e Raul depois que saíram do teatro na fatídica noite de estreia de Don Juan Trinfante.

Chris e Raoul saíam do Ópera pela passagem secreta subterrânea, tendo um barco como transporte. A moça era abraçada por ele. Seu coração batia forte, mas não pela emoção de estar com o moço e sim por ter tido coragem de beijar aquele que durante uma década acreditou ser seu anjo da música. Aquele que descobriu ser apenas um homem com uma deformidade congênita. O que mais a chocava era saber que ele havia matado pessoas e as pessoas tinham medo dele e no entanto, com ela ele era carinhoso e gentil. Sabia que ele não seria capaz de fazer-lhe mal, pois se fosse, já teria feito. Sabia que precisava fazer algo ou ele mataria o visconde. Por isso, sentiu no coração o ímpeto de impedir uma tragédia maior. Pelos dois. Se o fantasma matasse o visconde, não só ceifaria a vida do jovem, mas a própria, já que iriam caçá-lo como se caça a um animal. O local estava cercado de policiais e o pegariam. Tudo o que havia passado na vida, seria pouco perto do que lhe fariam na cadeia, que ainda lembrava as masmorras da Idade Média.

Ao mesmo tempo, se sentia culpada de ter cedido aos apelos de Raoul de o expor perante o mundo, expor sua única fraqueza perante a sociedade. Ele que a protegeu desde pequena.

-No que pensa, mon Chèrrie? -perguntou Raul, abraçando-a mais forte.

-Em tudo que aconteceu agora.

Não deixava de ser verdade. Mas longe de estar assustada com os acontecimentos, estava emocionada. Lembrava-se do beijo. Seu mestre tinha os lábios carnudos e quentes. Sim, mas quentes que os de Raoul. Tocou seus próprios lábios ao lembrar-se do beijo.

-Quando estiver a salvo no Palácio Chagny, vou falar com meu irmão e vamos providenciar que cacem este monstro nojento até a morte!

-Não!

-Não quer que o cace? Depois de tudo que fez conosco?

-Não me fez nada!

-Como não? Ele te enganou, dizendo ser o anjo de seu pai.

-Não me enganou, meu pai me prometeu um anjo e ouvi uma voz através das paredes, alguém que cantava para mim quando chorava e achei que ele era o anjo.

-Mas ele não desmentiu.

-Creio que eram as condições dele, agora entendo. Ele sofreu muito de solidão na vida.

-Madame Giry me contou e não é por menos. Quem iria querer ficar ao lado desta coisa? Tem sorte que ele se escondia neste esgoto que chama de lar e usava máscara.

-Credo, Raoul, isto é jeito de falar?

-Desculpa, pequena Lotte, mas é o tratamento que merece! Não me diga que está com pena desse monstro!

-Ele não é um monstro! É um homem que nasceu com um problema de pele, mas dotado de genialidade!

-É tão monstro que nem a mãe dele queria olhar para ele. Como pôde beijar aquela coisa?

-Aquela coisa foi o homem que me ensinou tudo que sei e não só música. Quem, me consolava quando chorava pelo meu pai, durante anos. Aliás, onde estava? Você foi embora e me deixou sozinha!

-Era uma criança, meus pais se mudaram para o interior, mas tive que ir, não tinha opção.

-Mas prometeu me escrever! Mas não importava, pois eu era apenas uma plebeia e você um nobre!

-Sabe que as coisas não são assim! Nunca me importei de não ser nobre. –Raoul queria dar-lhe um beijo nos lábios, mas ela se esquivou. Ele preferiu não insistir e atribuiu ao fato que a menina devia estar traumatizada com tudo aquilo e de ter que beijar um monstro como aquele para ter que libertá-la.
Chega no palácio, lhe preparam um banho, ela pede para tomar sozinha, o que causa estranhamento na nobreza.

-Mas uma nobre, precisa de auxílio para se banhar, as moças podem ajudá-la.

-Er, me banho sozinha desde os 10 anos, não creio que seja necessário!

-Minha filha, logo, será uma nobre e deve se habituar ao comportamento do Palácio!

-Sim, pequena Lotte, ouça o que diz mamãe. -disse, Raoul.

-Raoul, ainda não sou nobre é tudo novo para mim. Não estou acostumada a que me olhem no banho.

-Está bem, hoje pode banhar-se sozinha.

-Mas as moças lhe ajudarão a preparar-se.

Chris olha inconformada.

No banho relaxa, está deitada na banheira com a água que havia aquecedido, relaxando. Ouve a voz dele cantar em seu ouvido.

-Anjo da música!

-Christine!

Abre os olhos, olha para o espelho embaçado, ele não está ali. Mas ouvia a voz em sua cabeça, seu corpo estava arrepiado. Sentia uma quentura. Algo que não sentia pelo que propunha ser seu noivo.

-Será que devo me casar com Raoul?

Olha para a mão e percebe que ainda tem o anel que Erik a deu e sorri.

-Preciso falar com ele e devolver-lhe isso antes de me casar.

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Depois daquele beijo -O Fantasma da Òpera Chris y EricOnde histórias criam vida. Descubra agora