𓂃
Não sou uma pessoa qualquer?
— Você não deveria confiar assim tão rápido nas pessoas, a gente se conhece faz nem um dia... — aviso e rio no fim tentando fazer com que não fosse constrangedor.
A música troca para Woops by Bountyhunter.
— É... — ele diz baixinho e olha para outro lado, mais especificamente o centro do club onde todo mundo dançava, sem saber o que dizer.
— É assim tão chocante para ser um segredo para todos? — pergunto depois de uns segundos, fazendo com que a sua atenção volte para mim.
— Depende do ponto de vista.
Espero que não seja nada de grave, nem ilegal. Estou ansiosa, mas sinceramente, não faço ideia do que pode ser.
— Vamos, então.
Ele se levanta da cadeira e eu também, estende a sua mão para me guiar e passamos por entre as pessoas.
Com ele na minha frente — até parecia outro cenário, como muitos casais fazem durante uma festa, saírem do nada para fazer "alguma coisa" e voltarem como se nada tivesse acontecido — vamos até a uma parte do club mais "vazia", onde uma porta preta se destacava, me pergunto se aquele era a entrada para o piso de baixo. Paramos em frente á mesma, Kazuha tira um cartão do seu bolso e passa na fechadura eletrônica, a mesma abre e faz um gesto com a mão para eu ir na sua frente. "Senhoras primeiro".
Faço isso, e ele logo de seguida também entra, trancando a porta e verificando se estava bem fechada tentando abrir a maçaneta.
Ambos descemos umas escadas, com luz led vermelhas nas bordas das mesmas. Meus olhos já estavam cansados de ver essa cor. Ele vai na frente, ainda com a mão na minha. Á medida que iámos descendo a música se desvanecia.
As escadas acabam e não conseguia acreditar nos meus olhos.
Era muito mais escuro do que lá em cima, apenas haviam lâmpadas antigas decoradas com renda com cores vermelhas e pretas espalhadas por toda a parte; era muito mais silencioso e fresco e também muito mais pequeno do que o piso de cima.
Parecia ser inspirado naqueles cafés/restaurantes de jazz. Cortinas transparentes também pretas e vermelhas escuras por todo lado, com intuito de separar/fazer divisórias e "esconder" um pouco o que acontecia por de trás das mesmas.— É um bordel... — digo baixinho, espantada.
Quem diria, um bordel debaixo de um club.
— Não só. — responde ao meu comentário, que não era suposto ter ouvido.
Olho para ele com curiosidade.
— Fazemos sessões fotográficas também. Tipo "Playboy."
Glory Box by Portishead soava muito mas muito baixinho numa pequena caixa de som colocada a um canto do teto.
— Para que é que você está me mostrando isso?
Ele hesita, como se tivesse medo da minha reação, Kazuha se vira totalmente para mim, com uma mão no bolso da calça e outra mexendo no cabelo.
— Bom... Nesse momento, a gente tem pouco pessoal, por isso eu estava pensando se...
Eu não conseguia acreditar no que ele me estava perguntando.
— Se eu poderia virar prostituta? — interrompo e completo a sua frase.
É sério isso? Só pode ser brincadeira. Ele só me vê como um saco de carne? Pensei que até agora a gente tinha construído uma certa ligação, mas no final das contas, ele só me vê como uma ferramenta para o seu negócio aumentar. Me sentia enganada.
Será que até agora ele só esteve comigo para me convencer a trabalhar para ele? Ele pensa que eu sou uma vadia? Puta que pariu.Quem cala consente.
— Pelo amor de Deus. — digo com um suspiro e viro costas para subir as escadas e ir embora. — Me enganei em relação a você. — acrescento quando já estava mais longe.
— [Nome]! Espere! — ele corre atrás e quando me alcança diz: — Não foi isso que eu quis dizer.
Continuo subindo sem olhar para ele.
— Vai se foder. Você pensa que sou uma vadia, está muito enganado!
— Não disse isso. Só pensei que você seria boa para isso e que se você quisesse trabalhar comigo...
Boa para isso? Trabalhar com ele?
— Kazuha, quanto mais você fala, mais você se afunda. — aviso.
— Me perdoe, eu não queria ofender você, ofereci trabalho como se fosse qualquer outro, não tem nada a ver com o trabalho em si.
Chegamos ao fim das escadas e agora eu tinha de olhar para ele, já que o Kazuha era o único que tinha o cartão para abrir a porta.
— Abre.
— Não até você realmente me ouvir.
— Já ouvi, posso ir? — digo friamente.
Kazuha depois de uns segundos em silêncio diz:
— Eu devia ter pensando duas vezes em trazer você aqui e perguntar se você queria um trabalho, me perdoe. A ultima coisa que eu quero é afastar você.
Continuo calada.
— Fale comigo. — quando ele diz isso com a sua voz reconfortante e triste, quase cedi.
Como não respondo, mais uma vez, ele suspira e ao mesmo tempo tira do seu bolso o cartão para abrir a porta.
Quando a mesma faz um tinido transmitindo que a mesma estava aberta, hesito em sair, por um lado sentia pena e queria perdoar o "mal-entendido", mas por outro, não conseguia tolerar um desrespeito assim.
Vou para casa ou continuo aqui?𓂃
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐅Ú𝐑𝐈𝐀 𝐃𝐀 𝐍𝐎𝐈𝐓𝐄 ─ 𝗞𝗮𝗲𝗱𝗲𝗵𝗮𝗿𝗮 𝗞𝗮𝘇𝘂𝗵𝗮
Fanfiction━ ❝𝐘𝐨𝐮 𝐭𝐚𝐬𝐭𝐞 𝐥𝐢𝐤𝐞 𝐭𝐡𝐞 𝐅𝐨𝐮𝐫𝐭𝐡 𝐨𝐟 𝐉𝐮𝐥𝐲, 𝐌𝐚𝐥𝐭 𝐥𝐢𝐪𝐮𝐨𝐫 𝐨𝐧 𝐲𝐨𝐮𝐫 𝐛𝐫𝐞𝐚𝐭𝐡, 𝐦𝐲, 𝐦𝐲... 𝐈 𝐥𝐨𝐯𝐞 𝐲𝐨𝐮, 𝐛𝐮𝐭 𝐈 𝐝𝐨𝐧'𝐭 𝐤𝐧𝐨𝐰 𝐰𝐡𝐲...❞ ♫ ✧ ════⊱• 𐀔 •⊰════ ✧ ...