# 23 𐀔

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Eu aceno que não com a cabeça mas mesmo assim ele pega na minha mão esquerda, e coloca a mesma um pouco acima do seu peito, pega também na minha mão direita e a entrelaça com a sua outra livre, a mesma com a tatuagem

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Eu aceno que não com a cabeça mas mesmo assim ele pega na minha mão esquerda, e coloca a mesma um pouco acima do seu peito, pega também na minha mão direita e a entrelaça com a sua outra livre, a mesma com a tatuagem. A outra continuava na cintura. Todo o peso do meu corpo estava em suas mãos, quase que já não tinha qualquer controle do mesmo. Ao som da música, ele controlava a nossa suposta dança, movendo nós dois. Não tirávamos o olhar um do outro.

Você está tão bêbada. — ele diz.

E novidades, há?

— É isso o que você me diz depois de três anos?

— Não, essa conversa é para mais tarde. Agora quero só matar essa saudade.

Sorrio um pouco mas logo escondo o mesmo afundando o meu rosto no seu peito. A junção do cansaço, bebida, sono e estar aconchegada junto com Kazuha faz com que eu simplesmente apague.

— 𐀔 —

Kazuha's POV

Sinto a [Nome] ficar sem forças em meus braços, pego no seu queixo tentando ver seu rosto, mas ela já havia desmaiado, ou mais provável: adormecido; por isso contorno um dos meus braços nas costas dela e o me agacho um pouco, contornando com o outro as dobras dos seus joelhos e a levanto do chão. Mantenho ela bem colada a mim, já que não tinha como ela me agarrar para ficar mais segura.
O vestido curto dela subia um pouco e quase mostrava a sua roupa íntima, por isso ao segura-la tento cobrir com a minha mão essa parte.

Parecia que carregava um anjo.

Ela não mudara quase nada desde a última vez que a vira, os seus traços de adolescente estão aos poucos se desvanecendo, mas não mudava o fato que ainda era linda. Sinceramente, de qualquer jeito ela consegue pôr um cara babando por ela. A saudade do seu cheiro, da sua voz, dos seus olhos, do seu jeito, de tudo.

Vou em direção á porta com ela em meus braços.

— Manda todo mundo embora e fecha o club. — ordeno para o porteiro.

— Com certeza, Sr. Kaedehara. Boa noite.

— Boa noite. — retorqui.

Vou em direção ao meu carro, abro a porta de passageiro rapidamente com a mão que segurava as costas, me dobro para pousar a garota no acento cuidadosamente, aperto o cinto dela e ela ainda dormia tranquilamente, fico uns segundos a admirando, mas logo fecho a porta e dou a volta ao veículo.

Dirijo em direção a minha casa ao som de Moon River by Frank Ocean, com o som no mínimo para não acordar ou incomodar a [Nome]. A gente ainda tem muita coisa para falar. Quando ela acordar, daqui a umas horas, seria uma boa oportunidade para isso. Ao em vez de ela talvez me evitar e só falarmos depois de umas semanas. Que provavelmente era isso que ia acontecer. Mas, porque razão viria ela para o Red Eye se não queria me encontrar? Não faço ideia, só sei que não vou perder de vista essa garota por nada, novamente.

— 𐀔 —

[Nome]'s POV

Acordo com uma extrema vontade de vomitar e uma dor de cabeça terrível.
Olho para todos os lados com a mão cobrindo a boca, procurando onde podia vomitar, vejo no chão perto da cama um balde. Esvazio um pouco o estômago.

Depois de vomitar, ainda desnorteada, limpo a boca com a parte de trás da minha mão; ainda sentada na cama, analiso o lugar onde estava.
Não era a minha casa.
Foda-se. Deve ser brincadeira.
Se eu tiver dormido com um cara qualquer eu juro faço um pacto e não bebo nunca mais. Que nojo.
Bem, a cama estava vazia e só tinha uma almofada, talvez nem fosse isso que eu pensava. Eu ainda tinha o meu vestido da noite passada.
O quarto tinha as paredes pintadas de preto, chão com madeira acizentada, cómodos escuros, na cama o lençol era vermelho escuro.
Já percebi, estou na casa do Kazuha.

Volto a deitar na cama, não sabia que horas eram, só sabia que estava arrasada, minha cabeça doía como se alguém martelasse nela vezes sem conta e aquele sabor ácido e a saliva de depois de vomitar ainda estava presente na minha boca, era uma tortura.

Sinto novamente a saliva se acumulando na minha boca e o vómito chegar á minha garganta. Pego novamente no balde.
O quarto agora cheirava muito mal. E eu também.

Tento me levantar da cama, para abrir uma janela, mas estava tão fraca que minhas pernas simplesmente não permitiram eu ficar em pé. Volto a me deitar na cama, fitando o teto.
Acho que é a primeira vez que estou na casa do Kazuha.
Tento dormir mais umas horas.

— 𐀔 —

Ouço batidas suaves na porta, o que me faz acordar novamente. A mesma se abre lentamente e Kazuha sai dela.

— ...Oi. — ele diz com um tom baixo e doce. — Como você está?

Cubro meu rosto com as palmas das minhas mãos e me viro para o outro lado. Não queria falar com ninguém de momento, estava de ressaca e exausta. Apesar de que, em uma situação normal, quisesse saltar para os seus braços e dizer o quão tinha sentido saudades dele, como nunca havia parado de pensar nele. E perguntar porque é que ele quis me trocar pelo club.

Ele abre uma janela para o ar circular e depois se senta na beira da cama, eu estava de costas para ele e com o lençol me cobrindo por completo, exceto metade do rosto, para respirar, por isso não o via, apenas fitava a parede preta.

— Não vai falar comigo?

Por mais que eu quisesse, não conseguia. Porque é que tem de ser agora? A gente tem todo o tempo do mundo. Não é como se eu fosse fugir.

 Não é como se eu fosse fugir

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𝐅Ú𝐑𝐈𝐀 𝐃𝐀 𝐍𝐎𝐈𝐓𝐄 ─ 𝗞𝗮𝗲𝗱𝗲𝗵𝗮𝗿𝗮 𝗞𝗮𝘇𝘂𝗵𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora