4 | Eu já disse que tentei te matar?

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O guarda me acompanhou até a porta do quarto, em completo êxtase, como se estivesse repassando as minhas falas, e quisesse ficar quieto com o incômodo que a minha explicação deixou

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O guarda me acompanhou até a porta do quarto, em completo êxtase, como se estivesse repassando as minhas falas, e quisesse ficar quieto com o incômodo que a minha explicação deixou. Não o retruquei, e nem fiz mais perguntas ou acrescentei dúvidas, por entender o que tinha acontecido ali.

Natan mentiu para que eu não me desse mal.

O por que ele fez isso? Não sei, creio que seja um episódio de burrice extrema.

Não entendo o porque, já que estava muito fácil falar a verdade e dizer que tinha sido uma atitude impulsiva minha, e que tentei matá-lo.

Essa é a mais pura verdade.

Talvez ele tenha entendido que a atitude foi impulsiva, e por esse motivo não quis me culpar por nada.

Mas, mesmo assim...

É de se estranhar.

Eu continuei acompanhando o guarda, e como eu imaginava, ele não me deixou entrar no quarto na primeira vez que pedi para ele, colocando os braços longos, que poderiam ter facilmente a minha altura, na minha frente, impedindo que as minhas mãos alcançassem a maçaneta da porta.

— Ainda não... — ele me disse, jogando meu corpo, disfarçadamente, para trás. — O médico está lá dentro.

— Qual é... já devem ter fechado o machucado dele! — insisto. — Ou ele morreu mesmo?

— Vamos aguardar o médico — é a última coisa que ele fala antes de fechar a cara e voltar para a posição em que estava assim que chegamos no corredor.

Eu estou parada do lado de fora, com um segurança armado, que poderia me matar a qualquer segundo se recebesse uma ordem de algum superior, aguardando notícias de alguma melhora partindo do Natan. Eu não consigo me entender... por algum motivo, não gostaria que ele morresse assim, mesmo não o conhecendo o suficiente para saber se seria certo pensar dessa maneira. Eu tenho exatamente zero motivos para gostar da pessoa dele; não o conheço, ele me deixou trancada aqui, sem nenhuma explicação, estou a beira de enlouquecer e nem ao menos completei um dia aqui, ele deixou para vir me visitar no horário da noite, escolhendo o pior dos cenários e mais um milhão de outras coisas que poderia citar, e que por algum motivo me fogem da memória.

Só que, sinto que gostaria de conhecê-lo, por maiss que não tenhamos trocado muitas palavras.

Ele continua sendo um desconhecido, porém, conhecer um pouco mais da sua pessoa, não seria tão mal. Gostaria de estar sendo um pouco mais cruel, em relação a ele, do que estou conseguindo ser.

Ajeito a alça da minha camisola, reparando que em todo esse tempo, fiquei com essa roupa horrível e transparente. Tal descoberta não me deixa apreensiva, pelo fato de que ele me encontrou no escuro. Mas o guarda me viu.

Nem deve ter prestado atenção... parecia tão perdido.

Escuto a porta ranger, e endireito minha postura para ver, antes da hora, quem irá sair do quarto.

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