34 | Adultério

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PASSADO.

NARRADOR OBSERVADOR.

▪︎▪︎

ALGUNS DIAS ANTES DO ATAQUE...

  Nyvi não sabia como reagir ao se olhar no espelho e ver seu corpo mudando — por mais que essa mudança fosse quase imperceptível, sentia seu corpo de uma forma diferente, por se conhecer muito bem.

Nada estava como antes; a comida já não descia da mesma forma; O mal estar crescia a cada dia; A menstruação daquele mês e do mês anterior não haviam dado nem sinal de vida em sua calcinha; As crises de vômito também estavam sendo bem recorrentes.

E algo que não podia faltar nessa lista: o seu nervosismo.

Era para ela estar feliz e radiante se não fosse por um detalhe: seu marido não aceitava ter relações já fazia meses — tantos meses que não sabia dar um número correto.

Podiam ser 3 meses, 4 meses, ou até mesmo 10.

Fazia tanto tempo...

Então, não havia desculpa no mundo que pudesse ser dada a Natan.

Infelizmente, seu nome não era Maria, e ela estava longe de ser um personagem bíblico.

Ela ficou grávida da forma mais comum que conhecemos: transando. E para os mais intimos: traindo.

E agora, se encarava novamente no espelho, com uma leve vontade de se matar, ao mesmo tempo que queria continuar vivendo, na esperança de que houvesse alguma solução para o seu problema.

O rei de Aron estava passando por tempos difíceis em seu reinado, se preparando para guerras e tomada de territórios, não era conveniente procura-lo por enquanto, porém, se tardasse essa conversa, a barriga continuaria crescendo, e seu maior medo era que seu marido notasse suas mudanças.

Não que ele fosse a ver pelada, já que isso não ocorria há meses, o que deixava evidente que seu casamento beirava cada vez mai o fim do que um possível recomeço. Porém, pelo que já havia visto, chegava um momento em que a barriga das mulheres grávidas começava a marcar em suas roupas, e todos em volta comentavam o quanto a curvatura estava linda e o bebê "saudável" por conta disso.

E se Natan não chegasse a notar, mas mulheres mais experientes e velhas soltasse algum comentário, enquanto estivesse perto do Natan? Como ela reagiria ao ver o rosto do marido confuso, se perguntando como aquela criança havia surgindo em seu ventre? Como explicaria que na verdade havia se deitado com o seu maior inimigo, e feito um filho com ele?

Sua imaginação de possíveis cenários só pioravam.

E em todos eles, nada feliz acontecia.

Queria ter ao menos uma amiga ou amigo para quem contar a aflição que passava naquele instante. Confidenciar  um segredo podia tirar a tensão em volta dos seus ombros, e se essa pessoa fosse um tanto mais esperta do que ela, várias ideias poderiam ser dadas.

Pois Nyvi chegou a conclusão, se olhando no espelho, de que a única coisa que ela soube dar, foi a sua vagina.

Nem ideias para si mesma conseguiria, pois já havia dado tudo de si na noite em que fez aquela criança parar em seu ventre.

Que inteligência...

Pensava que conseguiria errar com perfeição, e acabou acertando na perdição.

Se voltasse para o quarto naquele instante, talvez nem conseguisse encarar Natan nos olhos depois de todos os pensamentos que teve trancada no banheiro. Pensava que ele repararia na sua cara assustada e logo perguntaria o por quê. Ela gaguejaria,  não encontrando algo bom para falar, o que tornaria tudo suspeito.

Meu reinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora