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Coriane Narrando...

O dia passou num passe de mágica e logo já era noite, com o inverno tão rigoroso a luz do dia não durava muito nessa época.

Me recosto na mesa olhando os diversos livros nas estantes da biblioteca, a casa da montanha dos pais do Damon era um verdadeiro palácio.

Me desencosto da mesa e dedilho meus dedos pelos vários livros, ando até os limites da biblioteca analisando cada livro ali, meus olhos recaem sobre um livro de capa vermelha.

Puxo o mesmo da estante segurando-o em minhas mãos, o livro em si não tinha nenhum título ou muito menos algum relevo. Abro o livro encontrando alguns rabiscos.

Passo as páginas apressadamente até começar a surgir fotos dos pais dos meninos e dos meus pais quando eram mais novos, as fotos eram comuns deles poses e sorrindo.

Passei para a próxima página e encontrei uma foto peculiar de todos eles juntos, mas tinha um garoto, um garoto que eu não reconhecia. O mesmo estava com o rosto machucado e escorria sangue de seus lábios, sua camiseta branca estava manchada de sangue por toda a parte.

Meu corpo estremeceu e me senti enojada com a situação, ao passar as páginas as fotos pioravam. Tinha fotos e mais fotos do mesmo garoto em pessimas condições.

Fechei o livro com força e sai da biblioteca às pressas, passei pelo longo corredor como um furacão vendo tudo turvo. Desci as escadas levianamente e segui até a sala onde os meninos estavam reunidos.

Joguei o livro com tanta fúria sob a mesa de centro que o vidro estremeceu e os meninos se assustaram.

– O que você está fazendo Coriane? – Ambrose pergunta assombrado e os meninos seguem seu olhar até mim.

– Eu encontrei essa merda na biblioteca, eu estou horrorizada! – Aponto para o livro e Sawyer pega o mesmo abrindo e passando as páginas.

– É só um álbum de fotos antigas de nossos pais, e algumas anotações idiotas. – O ruivo fala despreocupado.

Retiro o livro de suas mãos e abro na página em que as fotos começam, jogo o livro novamente sob a mesa de centro e todos ficam em um silêncio mortal.

– Será que alguém vai conseguir me explicar isso? Porque eu tenho certeza que isso não é uma brincadeirinha entre amigos. – Digo sentindo minhas mãos tremerem.

Damon passa as páginas e eu vejo o sangue deixando seu rosto e ele ficando pálido.

– Que merda é essa? – Lewis murmura horrorizado demais para conseguir ter outra reação.

– Da pra ver que eles não são inocentes. – Ambrose fala passando as mãos pelos cabelos.

– Esse garoto parece familiar... – Lewis resmunga olhando bem para a foto. – Esse não é o Riven? O garoto que cometeu suicídio há 39 anos atrás.

Me sentei sobre o tapete felpudo que se estendia ali, sentindo todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Minhas cabeça pensa em humilhar de possibilidades me deixando maluca.

– Será.. – Ambrose engole em seco. – Será que os nossos pais tem algo a ver com isso?

Damos ri com sarcasmo demostrando como a pergunta do amigo foi idiota.

– A pergunta sairia menos idiota se você afirmasse que eles são os culpados. – Damon dispara e posso ouvir um suspiro cansado vindo de Ambrose.

– Só essas fotos já seriam motivo suficiente para querer se matar em todas as vidas que renascer, imagina o que esse garoto não sofreu? Nada nesse mundo dá o direto para as pessoas fazer isso. – Digo sentindo meus olhos arderem.

Sawyer fecha o livro com força e volta a se recostar no sofá, todos parecem estar em seu mundo de possibilidades infinitas.

O que motivou nossos pais a fazerem tais atrocidades? O que o garoto não deve ter passado a ponto de ter tirado sua própria vida. Eles deveriam pagar, eles deveriam pagar por terem feito isso.

Não sentiria remorso algum de vê-los sofrer, e em pensar que talvez estejamos pagando por todos os pecados deles.

– Essa merda vai acabar me matando, malditos sejam esses filhos da puta! – Sawyer fala se colocando de pé e saindo da sala.

Suspiro pesadamente tentando controlar minha raiva e não colocar toda aquela casa a baixo, não fazer tudo queimar. Eu quero incendiar toda essa mentira de famílias perfeitas, nomes perfeitos e vidas perfeitas.

Essa é a mentira mais descarada que eu já vi, quero incendiar todos eles, vou fazê-los queimar. Vou tirar tudo deles os deixarei sem nada.

Meu pai irá conhecer o inferno na terra, ele vai desejar nunca ter nascido.

– Eu quero matar meus pai. – Lewis sussurra lentamente, sua voz está perigosa.

Tenho quase certeza que cada um de nós está pensando em seus próprios demônios, e como eles são parecidos com aqueles que eles tendem a chamar de pai.

Tudo o que eu passei por conta do monstro que meu pai é, por todos os tapas na cara e palavras sujas.

– Vou descobrir tudo, irei desenterrar todo o passado podre deles. – Digo me pondo de pé.

E de repente não estava mais com medo do assassinato que estava lá fora a nossa espera.

– Vamos tirar tudo o que eles tem e mais almejam em suas vidas. – Damon fala, sua voz cortando todos os laços que me prendessem a qualquer receio e respeito.

A vida é injusta com aqueles que não tem como se defender. Os valentões até podem achar que saíram ilesos, mas se esqueceram que criaram cópias suas, cópias essas que em algum dia se tornariam seus maiores pesadelos.








Quem é vivo sempre aparece né?
Espero que gostem❤️

The DelinquentsOnde histórias criam vida. Descubra agora