Coriane Narrando...
E então o dia amanheceu, saímos da casa da montanha e descemos em direção a cidade, ao verdadeiro caos onde se encontravam nossas vidas.
O silêncio pairava entre nós, a única certeza era que não estávamos descendo do mesmo jeito que subimos, algo em nós mudou, alguma coisa se apagou para algo diferente se acender.
Todos temos algum motivo para fazer o que vamos fazer, se você está se perguntando se somos narradores tão confiáveis para contar essa história, estão certos em se perguntar isso.
– Coriane, se cuide, qualquer coisa é só ligar. – Damon diz olhando em meus olhos quando o carro para em frente a minha casa.
Concordo levemente com a cabeça e saio do carro vendo todos eles me olhando, aceno e dou as costas sentindo meus olhos marejarem.
Ando com passos pesados pela estrada de cascalho da estrada até a fachada imponente da residência. Subo os degraus até chegar à porta. Abro a mesma e ando pelo corredor até chegar à sala de onde vinha as vozes tão conhecidas por mim.
Ao adentrar o ambiente os olhos abatidos e pesados de minha mãe me alcançaram, e pude perceber o olhar pesado e nojento de meu pai sobre mim. Volto a olhar minha mãe que está com seu olho direito roxo, novamente, ele bateu nela de novo.
E a sensação de impotência pegou, e logo eu voltava a ser uma menina de oito anos vendo seu pai bater em sua mãe, ao contrário do que falam, o dinheiro não lhe dá tudo, até porque meu pai possuía muito dinheiro, e não tinha nada.
Meu pai sempre bateu em minha mãe, sempre que achava "necessário", seja lá o que isso queira dizer para ele. Fazia isso feito um maniaco, psicopata, louco e alucinado.
Gostaria de fingir que isso era mentira, apenas alucinação da minha cabeça, mão não posso enganar a mim mesma quando meu próprio pai me jogou contra o espelho do banheiro.
E então eu tenho oito anos e estou dormindo quando sou acordada com barulhos de vidro se quebrando. Me levanto rapidamente e saio do quarto andando pelo corredor mal iluminado, até ver pedaços do jarro de flores que enfeitavam o local.
Ando mais rápido até o quarto de meus pais que estava com a porta aberta e as luzes acessas, entro no quarto não encontrando nenhum dos dois, ouço barulho de água agitada e vou até o banheiro em passadas lentas e receosas.
Ao chegar na porta fui capaz de ouvir meu coração paupitar e minha respiração pesar. Meu pai estava afogando minha mãe na banheira, ele empurrava a cabeça dela com toda a força para baixo e ela lutava inutilmente agitando seus braços.
– MÃE! – Gritei sentindo as lágrimas molhar meu rosto.
Corri em sua direção e tentei empurrar meu pai, que a soltou se virou em minha direção enfurecido, me pegou pelos cabelos e logo me levantou me jogando contra o grande espelho que tomava boa parte do banheiro.
O barulho do vidro se quebrando e os cacos caindo no chão foram ensurdecedor, não tão ruim quanto a dor que logo senti e logo depois ver minha vista se escurecer e minha cabeça latejar, mas o som dos cacos de vidro se quebrando e caindo ao chão junto a mim, eram insuportáveis.
– CORIANE! – O grito tão familiar e aterrorizante me tirou do transe até ver que minha mãe me abraçava e meu pai gritava.
Retribui o abraço de minha mãe sem dizer uma palavra.
– Eu pensei que você tinha morrido, como você somo assim! – Ele esbraveja.
– Mas se eu morresse não seria de grande importância para você, né? – Respondo em tom rude.
– E pelo visto voltou com a língua afiada. – Ele sibila entre dentes.
– Por favor, vamos deixar essa discussão pra outro momento.
Ela pede e me puxa para o andar de cima.
[...]
Os dias se passavam como um peso nas costas, desde então não tinha encontrado os meninos. Fiquei trancada esse tempo todo dentro do meu quarto evitando qualquer contato com meu pai.
Me viro para olhar o dia cinza e escuro, o vento forte faz com que as árvores se contorçam e suas folhas voem para longe.
Abro a porta de correr da sacada e deixo o vento forte invadir meu quarto balançando as cortinas e jogando os papéis que estavam na escrivaninha no chão.
Ponho o moletom branco que estava na cama e ajeito minha calça de moletom preto, meu celular toca avisando que tinha chega uma notificação.
Pego meu celular lendo o conteúdo da mensagem "Nos encontre na casa do D". Logo coloco meu celular no bolso da calça e saio sorrateiramente de casa, mesmo sabendo que não havia ninguém em casa.
Passo pela sala e pego a chave da caminhonete Ram, saio de casa rapidamente e entro no carro dando partida.
A paisagem passa em borrões pela alta velocidade, a cidade está quieta hoje o que não é comum em um domingo. Não demora muito para eu chegar a casa de Damon e atravessar o grande portão.
Estaciono o carro e saio do carro e ando até a porta da casa que se abre revelando um Lewis sorridente.
– Pensei que tinha morrido. – Ele brinca e logo me abraça.
– Não dessa vez. – Digo retribuindo seu abraço apertado.
Nos separamos e eu entro no ambiente aquecido, Lewis vem logo atrás, me guiando até a sala. Avisto os meninos jogados pelos cantos.
– Que carinhas de enterro são essas hein? – Pergunto sorrindo.
Os três olham para mim e sorriem de forma doce.
– Estou de luto. – Sawyer diz fazendo bico.
Franzo o cenho.
– Luto? – Pergunto confusa.
– Sim, acabou de morrer o meu tesão. – Ele diz rindo.
Faço careta.
– Na verdade ele está de luto com esse pau mole que não sobe mais. – Damon diz rindo.
– Fica de quatro aí mano. – Sawyer diz e todos ficam em silêncio.
– Cara... que papo é esse? – Lewis pergunta desacreditado.
A sala fica em silêncio por um tempo até Ambrose começar a falar.
– E essa skin de garota depressiva? – Ambrose diz com deboche.
– Tão engraçadinho.– Falo e me jogo ao lado do Damon.
Lewis e Sawyer começam a jogar vídeo game enquanto Ambrose ficava palpitando, já Damon tava me olhando incessantemente sem desviar os olhos.
– Olha, eu ainda não me tornei a Monalisa ou Sidney Sweeney, então não precisa ficar me olhando assim. – Digo olhando pro mesmo.
– Isso aqui é muito melhor que a Sidney Sweeney. – Ele diz sorrindo.
– Você mente muito mal. – Digo rindo. – Claramente escolheria a Sidney. – Digo.
Ele balança a cabeça rindo.
– Faria um ménage com a Sidney e você. – Damon fala com um sorriso descarado nos lábios.
– Que pena, só faria um à dois com ela. – Falo e o sorriso dele se desmancha. – Maior gostosa.
Digo e Damon já está sério com cara de quem comeu e não gostou.
Perdoem a demora.❤️
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The Delinquents
Novela JuvenilVocê já se perguntou quantos segredos escondidos á em uma cidade pequena? Eu também não ligava muito pra essas coisas, mas depois daquele dia eu tive certeza, tive certeza de que minha vida não era perfeita e que tudo era apenas uma ilusão. Mais po...