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Coriane narrando...

Todos os mecanismos do meu cérebro se moviam rápido, buscando um jeito de sairmos dali e fazer a coisa certa, mas coisas certas não existem, quando você já não sabe mais o que é certo ou o que é errado.

Pensar que chegar até meus pais é mais difícil para o assassino, então ele nos ataca, já que somos um alvo fácil. Não andamos cercados por seguranças ou algo do tipo, mas com os nossos pais a história é diferente.

Tirar, tirar todo o império do meu pai, é o que eu vou fazer. Irei pegar pra mim o que é mais precioso para ele, irei ursupar todo o império dele... e depois? Irei jogá-lo a sarjeta, deixá-lo para a morte, deixá-lo para o desconhecido.

Deixá-lo para o assassino.

E pelo andar da carruagem, não acho que os meninos tenham ideias contrárias as minhas. Seus rostos estão sombrios, não há mais o brilho de bondade. E olhando para os olhos escuros de Damon tenho certeza que ele mataria o próprio pai.

Damon Narrando...

Me levanto do sofá e ando até o segundo andar entrando em meu quarto. Pego minha jaqueta preta de couro e calço meu coturno preto. Desço até a cozinha onde as armas estavam e Coriane me segue.

– Onde você vai, Damon? – A garota diz adentrando a cozinha junto à mim.

Pego uma pistola magnum e coloco a mesma na cintura, logo pegando um fuzil M16 e algumas munições.

– Damon... – Sawyer entra na cozinha, mas suas palavras somem.

– Vou matar meu pai. – São as únicas palavras que digo.

O silêncio toma a cozinha e não vejo nenhuma surpresa em suas feições.

– Bom... acho que isso não é uma surpresa, e muito menos uma novidade entre nós. – Coriane fala e se aproxima. – Mas agir com a cabeça quente não vai te levar a um bom lugar, vamos sentar e bolar um bom plano.

Ela diz e pega o fuzil de minhas mãos, seus olhos estão nos meus, e posso ver que ela não está com receio do meu desejo de assassinar meu próprio pai. Coriane sempre foi assim, e eu sempre gostei dela, porque ela nunca teve medo de quem eu sou.

– Você vai se vingar, do jeito que quiser, vai estripa-lo se puder. – Ela diz com a voz pesada. – Mas agora, precisamos de um plano incrível, ou vamos todos para a cadeia.

Suas mãos seguram as minhas e nem percebo que estou tremendo de raiva até a garota me tocar, ela sorri levemente e se vira vendo todos os meninos ali.

– Qual é o plano? – Lewis pergunta e se senta em uma cadeira.

Coriane solta minhas mãos e logo eu e todos os meninos estamos sentados, Coriane está em pé e parece já ter algo em mente.

– Não vamos matar nossos pais assim de mão beijada, iremos tirar tudo o que eles mais almejam. – Ela fala e apoia as mãos sob a mesa. – Poder, riqueza e todo o resto. E por fim, vamos mata-los.

– Vamos roubar nossos pais? – Ambrose pergunta incrédulo.

– Não tem como roubar algo que você já nasce herdeiro por direito, vamos apenas... pegar nossa herança um pouco mais cedo. – Coriane diz e um sorriso maldoso corta seus lábios.

– Mas e o assassino? – Sawyer pergunta.

– Creio que ele estava atrás da gente porque não tinha como chegar até nossos pais. – Lewis responde e Coriane assente.

– E nós vamos ajudá-lo, vamos facilitar o caminho dele. – Ela diz tamborilando os dedo na mesa.

A fúria ainda queimava em meu interior, tudo o que eu passei por causa do meu pai. Todos os traumas que ele me causou. Cada um de nós foi traumatizado de alguma forma, trauma esse que não tem como ser reparado.

– E o meu pai vai ser o primeiro. – Digo e todos ficam em silêncio mostrando que estavam de acordo. – Vamos começar a colocar o plano em plástica amanhã.

Falo por fim.

Sawyer Narrando...

A casa logo estava quieta, todos estavam em seus quartos pensando se essa seria a melhor solução de todos esses problemas. Eu não tinha um plano melhor, e nem fazia questão de bolar um.

Cansado demais para pensar, e esgotado demais para fugir disso. Não tenho contato com as drogas desde que subimos para a casa da montanha, estou sem opções para distrair as vozes da minha cabeça, é muito barulhento aqui dentro.

Pego a garrafa de vinho e levo até meus lábios, bebendo em grandes quantidades. Meu pai sempre foi um merda, e eu nunca tive dúvida sobre isso, e talvez seja por isso que meu irmão gêmeo esteja morto.

Não é um talvez, e sim uma certeza. Connor estaria vivo hoje, se meu pai não fizesse tantas cobranças a ele ou se ele espancasse meu irmão com menos frequência. Connor sempre foi o meu oposto, sempre quis agradar o meu pai, mas chegou um tempo em que ele não se esforçava mais para tentar ser o "orgulho", então ele começou a viver a própria vida, assim como eu.

Meu pai não ficou feliz quando viu que Connor não o obedecia fielmente, batia nele todos os dias, e o chamava de desgosto, passou a chama-lo de cópia do diabo, e eu era o diabo. Nunca fui o que ele queria que eu fosse, sempre fui chamado de diabo.

E em uma sexta-feira qualquer ele espancou Connor até meu irmão não conseguir se segurar em pé, tomei a frente e ele me bateu como se fosse a última coisa que ele faria na vida.

Conversei com Connor e ele disse que sairia para esfriar a cabeça, falei que iria com ele mas o mesmo negou. Ele estava muito ferido mas teimou que estava bem, entrou em sua caminhonete e saiu, foi a última vez que vi Connor vivo, uma hora após ele sair de casa recebemos uma ligação informando que ele tinha se envolvido num acidente de carro grave e que infelizmente não tinha resistido aos ferimentos.

Naquela noite eu senti que uma parte de mim morreu, se apagou como o fogo diante de um temporal, o que é engraçado... porque naquela noite chovia como nunca.















Mais um um cap, espero que gostem! E desculpe pela demora❤️

The DelinquentsOnde histórias criam vida. Descubra agora