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Bem ,pra começar quero dizer que essa história é bem fofa ,sem muito dramas ! Bem pra a adaptação ficar um pouco mais fácil,optei por usar as palavras Uber e UPA .

Espero que gostem e uma ótima leitura...

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        Capítulo 01

— Por que é que nós paramos aqui? — questionei assim que me desliguei dos meus pensamentos.
— O carro... Ele não passa pelo restante do trajeto... Se eu tentar avançar, é perigoso ele atolar na lama — o motorista de aplicativo me respondeu, observando-me pelo espelho retrovisor. — Você vai ter que continuar a pé.

O meu primeiro instinto foi rir daquela frase, como se ele estivesse fazendo uma piada. Definitivamente, não tinha como nós já termos chegado ao local em que me hospedaria pelo próximo ano.
Era simplesmente impossível.
Fora de questão!
Voltei a minha atenção para o vidro do carro, observando o monte de mato e lama, questionando quem em sã consciência escolheria viver num lugar horripilante daqueles.

— Isso... Não! Eu... eu estou indo para um apartamento. — Ri e balancei a minha cabeça, antes de continuar:
— Um apartamento maravilhoso! Então, não, não tem como ser aqui.
Não existiam nem prédios naquela região.

Sendo assim, o condomínio claramente não tinha como ficar localizado naquele fim de mundo.

— Senhor, de acordo com o GPS do aplicativo, o seu destino é logo ali na frente — ele insistiu, apontando para uma espécie de casa escondida no meio do mato a uns cem metros de distância de onde o carro estava estacionado. — Condomínio Carménère, não é?

Confirmei com um aceno de cabeça, chocado demais para pronunciar alguma coisa.

— Então é isso, nós chegamos! — ele tornou a falar, aumentando o tom de voz. — A menos que o senhor queira ir para um outro local, você já pode sair do meu carro. Muito obrigado.

Sem nenhuma outra opção, desci do carro e peguei as minhas malas. E então o motorista mal-humorado simplesmente me abandonou naquele fim de mundo, sem ao menos dar um tempo para que me certificasse de que estava mesmo no local correto.
Desgraçado!

Mais tarde, certamente me vingaria com a minha terrível avaliação de uma estrela, acompanhada de um comentário raivoso, ocupando o máximo de caracteres possíveis.
Coloquei minhas malas de rodinha no chão e tentei não pensar em como elas ficariam sujas — e nem que agora seria eu a pessoa encarregada de limpá-las. Segui por uma pequena trilha no meio do mato lamacento, aproximando-me de duas casinhas vermelhas que dividiam o mesmo quintal.
Não havia portão ou nada que as separassem, estavam praticamente coladas com exceção de meio metro distanciando-as. Instantaneamente, dei-me conta de que deviam ser o apartamento número um e número dois.
Era algum tipo de piada.
Uma brincadeira de muito mau gosto.

Recusava-me a acreditar que havia mesmo caído no golpe mais antigo e estúpido da internet: alugado um local completamente diferente do anúncio.
Passei em frente ao apartamento um e tinha um grupo de três homens sentados no que parecia ser uma varanda improvisada. Dois deles usavam uma espécie de farda azul, que não consegui identificar. Sentavam-se em cadeiras de plástico, típicas de barzinho fundo de quintal e bebiam cerveja barata enquanto riam de uma coisa que parecia ser muito engraçada.
Assim que passei por eles, os olhares — nada discretos, devo destacar — voltaram-se na minha direção.
Rapidamente tornei-me o centro das atenções.

Isso me deixou desconcertado, fez com que eu voltasse para a minha adolescência, quando um grupo de garotos do outro lado da rua era o suficiente para me intimidar. E isso era um tanto irônico, já que, como um homem gay que cresceu com trejeitos mais femininos, eu já deveria estar acostumado com esses mesmos olhares.
Puxei as malas, cujos pezinhos estavam atolados de barro e parei diante da porta de madeira descascada.
Respirei fundo, preparando-me psicologicamente para o que encontraria assim que a abrisse. Sabia bem que a regra número um do universo era “nada está tão ruim que não possa piorar”, então manteria as minhas expectativas bem baixas, coladas no chão.

Tirei a chave do meu bolso e tentei abri-la, mas não ia de forma alguma, estava totalmente emperrada. Passei uns dois minutos girando a chave de um lado para o outro sem nenhum sucesso. E isso me deixou com medo de forçar demais e acabar entortando-a, criando um problema ainda maior.
Os homens no apartamento ao lado — se é que podia me referir as duas casas dessa forma — continuavam rindo, de forma ainda mais intensa, e algo me dizia que não era da mesma coisa que riam antes de eu chegar ali.
Aparentemente, havia me tornado motivo de piada.
Estava tão envergonhado e frustrado que simplesmente chutei a porcaria da porta.
Obviamente, isso não adiantou de nada.
Ela continuou empacada.
Consegui apenas arranhar o meu sapato.
As risadas na casa ao lado aumentaram. E tive a impressão de ter ouvido aqueles quatro homens apostando se eu conseguiria ou não abrir a porta. Era rude e infantil ter um bando de marmanjo desocupado tirando sarro de mim. 

Tive que me segurar para não gritar: “Estão rindo do quê, seus babacas?”.

Porém, estava no meio do nada e não conhecia ninguém ali, então não era muito inteligente da minha parte brigar com aqueles desconhecidos.
Um homem alto — um muito, muito atraente — se levantou de uma das cadeiras. Ele voltou o olhar para os amigos e os repreendeu pelas risadas, antes de caminhar lentamente na minha direção.
O desconhecido usava uma regata branca que deixava os seus braços musculosos à mostra. Seu cabelo tinha um corte com degradê dos lados e um pequeno topete jogado para o lado direito. Assim que ele parou na minha frente, notei o quanto era alto e grande.
Foi impossível não me sentir intimidado.
Aquele homem exalava poder, tornando muito difícil não me sentir impotente diante dele.
— Eu posso? — ele questionou e esperou pela minha confirmação.

Queria lhe dizer “não!”, mas o meu orgulho não abriria aquela droga de porta. E era inteligente demais para saber quando admitir uma derrota.
Adorava passar uma imagem de forte e independente, que não precisava de mais ninguém para nada, mas, dessa vez, seria obrigado a ceder ou passaria a tarde inteira do lado de fora, sendo o alvo de piada do homem que rejeitei ajuda.

Balancei a minha cabeça e me afastei, deixando com que ele tomasse a frente. O cara bonitão simplesmente girou a chave sem esforço algum e a porta magicamente se abriu, deixando-me com cara de idiota.

Ele olhou bem para o meu rosto e pude notar um certo deboche em sua expressão.
— Prontinho, amor.

Amor?

Havia criado muitas barreiras com toda a homofobia que sofri durante a minha adolescência. Então, foi impossível não achar que aquele homem estava debochando da minha sexualidade.
Devo ter feito uma careta ao ouvir essa palavra, mas ele não pareceu se importar, pois sorriu e me engoliu com os seus olhos diurados.
Como continuava irritado, coloquei as malas para dentro da casa e fechei a porta na cara dele.

— De nada! — ele gritou do outro lado.

Cliquei no interruptor e, só então — ao observar aquela casa horrível e suja —, eu me dei conta da loucura que havia feito, de que havia abandonado a minha vida perfeita em Pequim para me enfiar num fim de mundo, aonde nem mesmo Judas voltaria para buscar as suas botas perdidas.

(.....)

"UM AMOR DE VIZINHO Onde histórias criam vida. Descubra agora