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Capítulo 06

Se ele não tivesse saído do meu apartamento por conta própria, eu o teria tirado à força. Não apenas porque o desgraçado era extremamente irritante e superconfiante — com aquele “eu vou foder você”, pronunciado de forma pausadamente sexy —, mas porque Lan Zhan secretamente me excitava.
E, infelizmente, ele também sabia disso.
Então, nas duas semanas seguintes, o cretino começou a me provocar descaradamente.
As janelas dos nossos quartos eram de frente uma para a outra e praticamente coladas, com menos de meio metro separando-as. E só descobri o problema disso ao sair do banho e flagrá-lo olhando na direção do meu quarto. Consegui observar até o sorriso sacana em seus lábios.
Depois desse dia, passei a me policiar, entretanto, isso não me impedia de vê-lo desfilando pelo quarto, vestindo apenas uma cueca boxer, que parecia marcar cada centímetro do pau grosso dele.
Não sabia quem detestava mais; ele por estar fazendo isso de propósito ou a mim mesmo, que não conseguia tirar os meus olhos de seu corpo.

— Você sabe que isso é ridículo, não é? — indaguei, quando o encontrei sentado em frente à casa dele. Ele franziu a testa, como se não soubesse do que eu estava falando.

— Ah, não se faça de bobo, Lan Zhan .
— Não tenho ideia do que você está falando, Wei Ying  — ele comentou antes de tomar um longo gole de sua xícara de café. — Mas se está te incomodando...

Ótimo!

Fiz uma careta, segui na direção da estrada e entrei no Uber.
Nos dias seguintes, evitei até de conversar com aquele safado, pois ele usava as nossas conversas para ficar flertando descaradamente. E sabia que se permitisse com que ele quebrasse apenas uma das minhas barreiras, tudo desmoronaria e o cretino venceria.

— Como é que anda a história com o seu vizinho gostosão? — Yanli questionou, assim que pedi um croissant para viagem.
— Talvez seja um tanto errado da minha parte, mas imaginar dois homens se pegando me excita um pouco.

Revirei os meus olhos, antes de lhe responder: — Nós não vamos nos pegar, Yanli... Mas agora estamos na fase da provocação. Eu meio que disse um “não”, então ele está tentando me fazer ceder.
— Não preciso nem dizer que nessa história, eu sou hashtag “Time Gostosão” — ela respondeu rindo.

Jiang Yanli, a atendente do Pier de Lótus, era a pessoa mais próxima de uma amiga que tinha na cidade. Nas semanas anteriores, passei a contar mais sobre a minha vida para ela e isso também incluía o cretino do meu vizinho.

— Se você o conhecesse, seria “Time Wei Ying ” — afirmei, esforçando-me para transparecer verdade.
— O cara é insuportável, Yanli.

— E essa é a parte mais estranha pra mim. — Ela riu e gesticulou com o dedo, referindo-se à cidade. — Esse lugar é um ovo... E fofoca aqui corre mais rápido do que tudo, eu deveria saber sobre esse seu vizinho gay e bonitão.

Lan Zhan fugia um pouquinho desse estereotipo de homens gays que as pessoas tinham em mente. Tanto que, num primeiro momento, nem mesmo eu soube que ele gostava de homens e interpretei aquela sua cantada como uma piada homofóbica.

— Ou você é só uma mulher com muita, muita sorte — brinquei.
Ela riu e me entregou a sacola com o meu café da manhã.

— Ah, estava quase me esquecendo... Consegui os seus adesivos. Minha prima os trouxe ontem à noite — Ela caminhou na direção do balcão. Yanli pegou as cartelas de adesivos e me entregou. — Desculpa a pergunta, mas vai fazer o que com isso?

— Eu colo nas receitas médicas — disse enquanto observava totalmente encantado os adesivos que havia encomendado da prima dela, que trabalhava numa gráfica na cidade vizinha.

"UM AMOR DE VIZINHO Onde histórias criam vida. Descubra agora