17. Brincando com Fogo

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Kornkamon Teach

Os corpos do salão se opunham ao movimento que eu fazia, ao tentar sair do recinto o mais depressa que eu conseguia.

- Mon! - Ouço a voz familiar da Samanun me chamando, sob a música alta que a banda tocava. - Espera um momento!

Ignoro.

Assim que chego na porta de entrada, abro de uma vez, esbarrando meu corpo na Tee, que entrava com calma.

- Meu Deus! - É o que ela fala, quando dá alguns passos para trás pelo impacto. Sua expressão fica confusa assim que ela alinha seu olhar com o meu. - O que aconteceu, para onde está indo com tanta pressa?

Olho para trás, assim que ouço a voz da Samanun chegando mais perto e vejo que ela estava a apenas alguns metros de me alcançar. Eu não queria lidar com aquilo agora.

- Depois eu te explico, Tee. - É o que eu falo, antes de continuar meu percurso às pressas, até meu cavalo que estava próximo dali.

Tee permanece parada na entrada, me observando ir embora com uma expressão curiosa. Ela me conhecia suficientemente bem para saber que alguma coisa ruim tinha acontecido.

- Mon! - A voz da Samanun é muito mais clara agora no silêncio da noite, na parte externa do Bordel.

Tee continua onde estava, revezando seu olhar entre mim e a capitã do Fancy, à minha frente. Que por sua vez, se aproxima enquanto eu desatava o nó do cabresto que prendia o Joe.

- Mon. - Ela fala baixo, próxima a mim, tocando meu braço, que trabalhava rápido no nó que eu havia feito mais cedo. Assim que sinto seu toque, paro o que estava fazendo e olho para ela, com raiva e decepção ao mesmo tempo.

A raiva se dava por ter me colocado naquela situação. Estar apaixonada por alguém nos deixa vulnerável a esse tipo de sentimento e eu me odiava por perceber que meu olho estava cheio de lágrimas. Eu não queria que ela me afetasse tanto.

- O que você quer? - Pergunto ríspida.

Tee se aproxima mais da gente e por cima do seu ombro, eu vejo a loira saindo de dentro do Bordel. Reviro os olhos, sentindo mais raiva ainda.

Vendo que eu olhava algo que desaprovava, Samanun vira procurando a fonte do meu descontentamento e logo vê a mulher saindo do Bordel e vindo às pressas até a gente.

- Aconteceu alguma coisa, Sammie?

Que porra de apelido é esse?

Seu olhar finalmente cruza com o meu e eu só sinto ódio, mas o ódio não era apenas por ela, era principalmente pelo fato de eu ter visto de forma tão nítida o quanto ela ainda mexia com a Samanun.

- Me desculpe a falta de educação. Meu nome é Margot. - Ela abre um sorriso largo e estende a mão para que eu aperte. Olho por alguns segundos para sua mão no ar e volto a olhar seu rosto.

Enquanto eu decidia se apertava sua mão por educação ou não, ela franze o cenho e então recolhe o braço estendido, com uma expressão confusa.

- Ainda não fomos apresentadas, mas você se chama Kornkamon, não é? - Ela pergunta simpática e a Samanun se vira para ela.

- Acho que não é uma boa hora, Margot. - Ela fala e eu abro um sorriso irônico.

Se a Samanun queria jogar comigo, ela iria aprender que quem inventou esse jogo fui eu.

- Não, de forma alguma Margot. Desculpe a falta de educação e o timing é perfeito. - Olho com ironia para a Samanun, que me observava intrigada. - Muito prazer.

Velas Negras • MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora