27. Traidores

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Samanun Every

Cerca de 15 homens da tripulação seguiam levando Kirk e o homem que, uma vez, eu chamei de pai, para o Porto de Nassau. Eles haviam chegado no local e, sem muita explicação, mandei prender os dois e levar para a prisão do Fancy.

Inicialmente eles ficaram um pouco receosos de prendê-los, até porque o Kirk era um homem importante para os Vermelhos e Henry Every, bem, ele havia sido o capitão deles por muitos e muitos anos.

Mas com o apoio da minha irmã e a promessa de que tudo estaria esclarecido para a tripulação assim que eles estivessem presos, eles concordaram em seguir minhas ordens e estávamos, agora, cavalgando em direção ao Porto.

- Sam! - Ouço a voz familiar da Mon me chamando longe de onde estávamos e viro a cabeça para me deparar com seu cavalo marrom correndo em disparada na minha direção e, ao seu lado, Tee e Lauren.

Diminuo a velocidade para deixá-las virem de encontro a mim.

- Sam, o que está acontecendo? - Ela pergunta com o semblante completamente preocupado, então olha ao redor, Henry Every e Kirk sendo levados presos pelos homens.

- Só estou fazendo que tenho que fazer, Mon. - Respondo com a voz séria. No fundo do meu cérebro eu sentia a tristeza querendo subir à superfície, mas ignoro seu chamado, pondo-a novamente para as profundezas da minha cabeça. Aquela não era a hora de sentir remorso ou tristeza, eu precisava ser firme.

Ela analisa meu rosto por alguns segundos, suas orbes escuras varrendo minhas feições. Ela estava preocupada.

- Eu preciso ir... Assim que possível, convoco uma reunião tudo bem? - Volto a falar.

- Sam... Seu pai, você--

- Eu sei, Mon. Não posso fazer vista grossa diante das atrocidade que ele fez. Seria injusto com todos os envolvidos... Seria injusto com você.

- Não, eu não quero esse tipo de vingança. Eu não... Sam, você--

- Eu sei o que tudo isto implica, Mon. E também sei que nunca me pediria para condenar meu pai dessa maneira, mas se eu não o condenar, terei que encobrir tudo que ele fez para protegê-lo e eu não estou nem um pouco disposta a isso.

Ela respira fundo e olha para o chão. Ela sabia que aquilo tudo culminaria na morte dele, porque era assim que os piratas condenavam traidores.

Mas era assim que tinha que ser.

- Eu realmente preciso ir. - Falo uma última vez. O grupo já havia tomado distância demais e eu precisava acompanhar o processo inteiro.

Ela olha fundo nos meus olhos e eu sabia que ela queria passar a mensagem de que ela me apoiava e, se pudesse, iria me acompanhar nisso, mas ela não poderia, aquela era uma coisa interna dos Vermelhos.

Faço que sim com a cabeça, respondendo à mensagem muda que ela havia me passado com seu olhar e puxo as rédeas da minha égua, voltando a cavalgar em direção ao resto do grupo.

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- Capitã, o julgamento vai começar. - Jhon põe a mão nos meus ombros. Eu estava observando o mar à minha frente. Sua coloração azul escuro, refletia a luz da lua cheia daquela noite e as águas calmas contrastavam com o caos que estava a minha cabeça.

Nós havíamos chegado ao navio com os prisioneiros há cerca de duas horas e desde que havíamos posto os pés ali, eu estava pensativa. Enquanto a Engfa monitorava a condução do Kirk e do Henry Every até as prisões do Fancy e tratava de explicar tudo à tripulação.

Velas Negras • MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora