31. Negros e Vermelhos (ou A Refeição da Mon)

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Kornkamon Teach

Ela me solta do abraço apertado, aquele momento significava muito para mim, estar nos seus braços depois de tudo que foi dito, era como se as coisas voltassem a se acertar.

Minha mãe se afasta um pouco de mim e põe a mão na lateral do meu rosto, em um gesto que ela costumava fazer quando eu era criança. Ela sempre punha a palma da mão na minha bochecha e observava meu rosto. Com o tempo eu comecei a não gostar muito daquilo, porque me sentia uma criança, mas não dessa vez. Dessa vez seu gesto aquece meu coração.

Sorrio sem mostrar os dentes, enquanto ela apresentava uma expressão hiper materna no rosto, sorrindo enquanto me observava.

- Tem mais uma coisa que eu queria te dizer. - Corto o momento ela franze as sobrancelhas de leve, por pura curiosidade.

- O que é? - Minha mãe me pergunta, removendo sua mão do meu rosto e aguardando com expectativa. - Você está vermelha?!

Olho para o chão em uma tentativa de esconder meu rosto com vergonha.

- Você quer focar no que eu tenho a dizer? - Pergunto com uma falsa irritação e ela cruza os braços esperando.

- Estou focando, mas você só anuncia que tem algo a dizer, mas não desembucha. Acho que a última vez que te vi com vergonha assim, foi quando você veio me dizer que estava namorando. - Minha mãe estava se divertindo do meu estado infantil.

Abro os dois olhos em espanto e ela demora alguns segundos observando minha expressão e então junta os pontos.

- Você está...? Não, não é possível! - Ela fala, levando a mão à boca.

- Sim, é possível. Estou namorando com a Samanun Every.

Ela fica sem reação, mas ao mesmo tempo ela queria rir.

- Finalmente! - Ela diz que é minha vez de franzir o cenho.

- Você está dizendo isso porque finalmente não estou mais solteira?

- Também, porque devo admitir que engolir sua vida solteira todo os dias dormindo naquele maldito Bordel, é algo que não me desce muito bem, mas não estou falando sobre isso, Mon. Estou dizendo que finalmente vocês assumiram que se gostam!

- Ei, calma aí! - Faço um gesto com a mão espalmada à minha frente e ela me olha com estranhamento. - A gente já tinha assumido que nos gostávamos, a questão--

- Vocês já tinham?

- Sim, mãe. - Faço uma cara de tédio, mas ela estava se divertindo muito com toda aquela situação. - A questão é, não podíamos assumir nada e, aparentemente, agora a barra está limpa para que a gente namore. Os Vermelhos e os Negros parecem ter se entendido e a divisão de território está cada vez mais confusa.

Ela me olhava com um sorriso convencido no rosto e os braços cruzados. Como se estivesse completamente satisfeita com algo.

- O que foi, por que está me olhando assim?

- É só que eu nunca achei que fosse ver algo assim acontecendo e eu acho que seu pai realmente ficaria muito orgulhoso por vocês finalmente terem acabado com essa rivalidade.

- Você acha?

- Eu tenho certeza, Mon. Seu pai sempre odiou isso, ele era um homem de paz, não queria ficar brigando por espaço com outro pirata, mas o Henry Every nunca nos deu descanso.

- Não sabia que isso partia muito mais dos Vermelhos.

- Ah sim, eu diria que partia inteiramente dos Vermelhos, nomeadamente do Henry Every. Se ele não fosse capitão, duvido muito que a sua tripulação alimentasse esse tipo de coisa, ninguém da ilha ligava, Mon. A verdade é que ainda não ligam, as pessoas querem viver suas vidas em paz e com comida na mesa, a população comum não está se importando se os Vermelhos ou os Negros tem mais ou menos riquezas ou invadem mais ou menos navios. Isso tudo sempre partiu inteiramente do Every, porém quando ele começou a nos atacar, é óbvio que nossa tripulação não ficou satisfeita e retaliações vieram. Foi assim que tudo surgiu.

Velas Negras • MonSamDonde viven las historias. Descúbrelo ahora